por Bayard Boiteux*
Hoje,quero conversar com você sobre o papel da formação da diversidade nos diversos segmentos da sociedade.
Educar para o turismo é fortalecer o conceito de diversidade. Quando preparamos recursos humanos para o turismo, devemos ter em mente que sua capacitação passa por um programa de entendimento da diversidade e de sua aceitação. Muitas vezes, recebemos em nossas empresas e instituições de ensino, pessoas carregadas de preconceitos sobre sexualidade, religiões, opções politicas, hábitos culturais que temos a obrigação de desmistificar.
Nossa tarefa deve começar, devo confessar nas escolas fundamentais e trazendo às famílias para nossa caminhada de esclarecimento. A violência nasce justamente da não aceitação do “outro” com suas peculiaridades, que a própria família tem quase sempre dificuldade de entender. Crianças violentas são geradas dentro de ambientes sem conversa, sem diálogo e sem a visão ´plural da sociedade. O mundo globalizado esquece de deixar claro que as pessoas são diferentes, pensam de forma diferente e tem o direito de externar suas diferenças como forma de serem felizes.
A cada dia que passa vejo a intolerância presente mundo a fora contra o que se julga diferente ou fora do padrão. O recente atentado a uma discoteca em Orlando traz à tona o sentimento dominante de falta de respeito com a diversidade. Não é possível que a família não tivesse identificado (e ela o confessa) que seu filho precisava ser acompanhado ou que fosse tratado por seu comportamento agressivo. Tragédias pelo descontrole da venda de armas nos EUA são comuns nos últimos anos. Qualquer um naquele país consegue comprar um revólver e usá-lo nas situações mais esdrúxulas. É um exemplo para brasileiros que pregam a liberalização das armas.
A violência está presente não só aqui no Brasil, e especificamente no Rio, onde inocentes continuam morrendo, num Estado falido, que reduz recursos financeiros para a segurança e corre o risco de um colapso
Também me preocupa deveras a visão de amor padrão, apregoado por certas religiões e pessoas que desconhecem o valor do afeto. Ninguém é obrigado a defender, por exemplo, o homossexualismo mas se aproveitar das redes sociais ou interação diária para semear o ódio não pode continuar. O Código de Ética Mundial do Turismo deixa bem claro que o mundo só vai sobreviver se aceitar a diversidade. Tenho muito medo de pessoas e políticos que sob a bandeira da “Família” se insurgem contra políticas de esclarecimento nas escolas, por exemplo.
A violência está presente não só aqui no Brasil, e especificamente no Rio, onde inocentes continuam morrendo, num Estado falido, que reduz recursos financeiros para a segurança e corre o risco de um colapso, já que em algumas delegacias não se consegue fazer um boletim de ocorrência por falta de papel.
Acredito que o grande caminho da sociedade é fazer uma análise de discursos de ódio e de ofensa, hoje presentes nas redes sociais e buscar a ponte da amizade.Vamos trabalhar neste sentido? Somos educadores e nossa primeira tarefa empreendedora é mudar o pensamento de nosso entorno e fazer da diversidade e da luta contra a homofobia e a intolerância religiosa, bandeiras de paz. Não só no discurso mas em nossas atitudes diárias.
* Bayard Boiteux é Coordenador do curso de Turismo da Unisuam, vice-presidente executivo da Associação dos Embaixadores de Turismo do RJ, gerente de turismo do Preservale e presidente do site Consultoria em Turismo.www.bayardboiteux.com.br