Feira Ilé Ifè, uma exposição de produtos criados por empreendedores migrantes e/ou refugiados aconteceu nesta terça-feira (10), em São Paulo.
O jovem casal de afegãos, Frozan Sedegi e Nematullah Valy, está há 1 ano e meio no Brasil e se mantém com a venda de jóias artesanais. Renée Londja e Shesa Otepa Londja, da Guiana Inglesa, confeccionam bonecas de pano e ensinam como fazer. Rosalva Cardona e Lester Silva produzem deliciosas empanadas, moram na Pompéia e já estão no Brasil há 9 anos.
Por Paulo Atzingen, de São Paulo*
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As histórias trágicas e tristes desses casais talvez já tenham sido contadas superficialmente pela grande mídia, e embora sejam fundamentais para entender a trajetória de cada um deles, o mais importante é o que está acontecendo agora. O mais importante é que foram abraçados pelo coração cordial brasileiro. O mais importante é que em nosso país existem oportunidades e empresas com sensibilidade para apoiá-los, empregá-los e ouvi-los.
A feira Ilé Ifè integra o programa Solidarity Week, da rede hoteleira Accor e aconteceu nesta terça-feira (9), na sede da Accor em São Paulo. A iniciativa é em parceria com a plataforma de Empreendedores Refugiados da ACNUR e é uma continuidade das ações da Accor já realizadas ao longo do ano em prol da inclusão de pessoas migrantes e/ou refugiadas.
Revestido de um caráter institucional, a feira Ilé Ifè é composta por pessoas que trocaram a vida incerta, insegura e sem perspectiva em seus países de origem pelo Brasil, terra de oportunidades, mesmo com todos os nossos problemas.
Time Global
A gerente de Diversidade, Equidade e Inclusão da Accor, Laís Fernanda Souza, explica que o seu time global de diversidade Accor incentiva que todas as regiões (do Brasil) abram esse espaço. “Nossa estratégia de diversidade é dividida em quatro pilares: olhar para a igualdade de gênero, inclusão de pessoas com deficiência, inclusão LGBT+ e o pilar que chamamos de diversidade social, étnica, racial e cultural”, enumerou.
No caso específico da feira Ilé Ifè, ela explica, que a Accor se aproxima de iniciativas voltadas para a inclusão laboral de pessoas migrantes e refugiadas. “Nós temos parcerias e compromissos com a ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), iniciativa no Mulheres voltada para o recorte interseccional de mulheres refugiadas.
“Temos um trabalho voltado para apresentar o setor da hospitalidade, fornecer capacitações para que as pessoas possam entender este segmento como possível para se restabelecerem e recomeçar no Brasil”, acentuou.
Conectar culturas
Após citar o papel fundamental da ACNUR, Laís lembrou do propósito da Accor que é uma empresa multicultural. “Temos como missão conectar culturas com esse cuidado sincero, não tem um mote que esteja mais alinhado, estamos recebendo no escritório um número de representantes de vários países, como: Síria, Palestina, Afeganistão, Venezuela, Colômbia, Senegal, República do Congo, estamos com uma diversidade entre esses expositores com distintos produtos, uma representatividade expressiva de mulheres, 50% dos expositores são mulheres, tudo isso reforça os valores que buscamos”, mencionou.
População
“A feira Ilé Ifé nasce com o intuito de incentivar a economia ativa para a população negra e imigrantes refugiados. “Embora nosso trabalho foque no antirracismo e em nossa atividade produtiva, a Accor me deu este ano um desafio, que era trabalhar com imigrantes e refugiados, não só africanos, e eu topei”, afirmou ao DIÁRIO Vanderleia Ricardo, a idealizadora e coordenadora da feira.
Nesta edição participaram 15 expositores, oriundos, segundo os organizadores, de 13 países. “Uma coisa que eu quero deixar assim em evidência o fato deste evento acontecer é que a luta da Accor por essa igualdade é uma luta muito engajada, então o mercado reconhece a Accor como uma empresa que está aberta à inclusão”, disse Vanderleia ao DT.
Pluralidade
A feira foi pensada em contemplar vários setores da economia produtiva, além do artesanato. A gastronomia foi representada por venezuelanos e árabes e a música pelo grupo musical da República do Congo, os Escolhidos.
Critérios
Ainda, segundo Laís, a seleção dos expositores foi feito sob os critérios da diversidade de produtos, como alimentos, vestuário e artesanato. “Buscamos também o equilíbrio de mulheres expositoras, nós queríamos a diversidade de países. Na plataforma do ACNUR eles fazem um cadastro desses empreendedores, já tem um perfil, e conhecemos (antecipadamente) alguns deles”, completou.
Segundo ela, para 2025 pensam em ampliar a feira e criar outras oportunidades. “Eu acho que um evento dedicado e com um número grande, tem que se pensar na logística que é muito importante e tem que se pensar na garantia das condições para que se exponha o trabalho com tranquilidade, é um evento que demanda mais, mas trazer essa abertura para expositores pontualmente é uma ideia que queremos fortalecer para 2025”, concluiu.
Confira o vídeo com a apresentação do grupo musical da República do Congo, os Escolhidos:
*Paulo Atzingen é jornalista e fundador do DIÁRIO DO TURISMO
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