Após entrevista com o presidente da CLIA Abremar (Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos), Marco Ferraz, publicada no DIÁRIO DO TURISMO na quarta-feira (23), na qual o entrevistado aponta os altos custos de praticagem como um dos fatores que “atrapalham a competitividade” dos cruzeiros marítimos brasileiros, a empresa Praticagem de São Paulo, responsável pelas manobras nos portos de Santos e São Sebastião, considera alguns fatores para o esclarecimento do leitor. Confira a carta na íntegra:
“A Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (ABREMAR) e a Praticagem de Santos passaram cerca de seis meses ao longo de 2015 negociando uma nova tabela de preços exclusiva para os navios de passageiros. Ao final, com a quase totalidade dos pleitos da ABREMAR atendidos e com reduções de valores que chegavam a até 15%, esses mesmos armadores desistiram de firmar o acordo. Em entrevista ao jornal Tribuna de Santos, a associação alegou falta de tempo para consultar todos os seus associados para firmar o acordo. Para nossa perplexidade, os armadores não quiseram reduzir seus preços, mantendo a tabela anterior.
Antes de embarcar, o passageiro paga cerca de R$2.500 pela viagem, mais R$500 de taxa de embarque e mais R$300 pelo estacionamento de seu carro durante os dias do cruzeiro; quando já a bordo, paga US$6 em cada lata de refrigerante, US$3 por uma garrafa de água, US$12 por uma fotografia, US$50 a US$80 para cada excursão em terra e, se por acaso ficar enjoado, US$60 a US$100 para uma consulta com o médico do próprio navio; isso tudo sem falar nas gorjetas compulsórias, na aquisição de souvenirs ou nos gastos no cassino do navio. Por outro lado, conforme declarações das próprias empresas de cruzeiros, o custo da praticagem não supera a média de R$10 ou US$3 por passageiro. Diante disso, teria algum fundamento e seria possível acreditar que um determinado turista potencial desistirá da viagem devido aos R$10 ou US$3 da praticagem? Não seria mais razoável supor que a atual crise econômica brasileira aliada à desvalorização do real tornou o turista brasileiro desinteressante para as empresas de cruzeiros, que optaram por levar seus navios a populações onde existe maior poder aquisitivo?
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Sobre a comparação entre os preços da praticagem no Brasil e no mundo, a praticagem brasileira contratou uma das mais respeitadas e idôneas entidades de pesquisa do Brasil, a Fundação Getúlio Vargas. No relatório final do estudo Análise da Competitividade Internacional dos Valores Cobrados pelos Serviços de Praticagem no Porto de Santos, divulgado em outubro de 2009, a Fundação Getúlio Vargas comprovou que os preços de Praticagem no Porto de Santos encontram-se próximos à média internacional e são inferiores à maioria dos portos de referência.Isso, com o dólar subvalorizado na época. Como as praticagens brasileiras recebem em reais, a alta vertiginosa do dólar certamente tornou os preços no Brasil ainda menores”.