Entrevista com Sérgio Lopes, ex-Trend e co-autor do livro “Os loucos geram mais resultados”

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Em mais de 35 anos à frente da área de Recursos Humanos de importantes companhias nacionais e multinacionais, e com passagem pelo Grupo Trend Operadora, o Coach e Consultor de Gestão, Sergio Lopes, se lança em um novo desafio e apresenta, em parceria com o empresário Luis Paulo Luppa, que atualmente é diretor da Trend Operadora, grupo pertencente à CVC, um livro que destrincha por completo um dos perfis mais controversos do universo corporativo: “o louco”. Diferentemente do significado apresentado nos dicionários, o louco visto da perspectiva dos autores é um profissional inconformado, curioso, que está sempre um passo adiante de seus concorrentes, realiza entrega além do esperado e, ao final, gera mais resultados.
Sergio Lopes, fundador da empresa Performance Total, que atua em três frentes: Coaching para profissionais, Consultoria de Gestão e Palestras e Treinamentos

DT: Como surgiu o convite para escrever o livro ao lado do empresário Luis Paulo Luppa?

Sergio Lopes: O convite surgiu durante um café, em setembro do ano passado, e de uma forma completamente inesperada. Na ocasião, o encontro marcado na sede do Grupo Trend, empresa liderada por Luppa, era para que ele, que além de ser um executivo de reconhecimento internacional, é um ícone das palestras, e passasse algumas dicas de como eu poderia me tornar um palestrante de sucesso. “Para isso, você deve ter três coisas que podem ser exploradas em conjunto, ou, pelo menos, uma delas:

1) uma história impactante, de preferência, em que haja uma tragédia que possa ser transformada em superação. E tem que ser boa, claro.

2) Ser uma pessoa muito conhecida em sua área de atuação, como um ator da Globo ou um esportista renomado.

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3) Escrever um livro. Como você não tem uma história trágica, é um profissional de sucesso, mas não conhecido do grande público, o que resta é escrever um livro. Se isso acontecer, você será um palestrante de sucesso”, disse-me.

Não apenas concordei, como comentei que escrever um livro era um dos meus planos para 2019. E, neste momento, o Luppa lançou que estava com a ideia de escrevermos uma obra juntos, que segundo ele, tem tudo a ver comigo, e que seria direcionada para pessoas de Recursos Humanos. Ele complementou também que eu era a melhor pessoa de RH que ele conhecia. Luppa já tinha um título na cabeça, e que eu achei muito legal, até por conhecê-lo bem e saber que ele é um louco.

DT: Qual a linha de pensamento teórico que o livro se baseia?

SL: Ainda que o livro descreva situações onde apresentamos conceitos e ferramentas de gestão de pessoas, não é um livro teórico e sim essencialmente prático. A proposta inicial foi para que a obra servisse de um guia para os profissionais de RH, sobretudo ligados a seleção e treinamento, para identificar e desenvolver um “louco”. No decorrer da construção do conteúdo, todo ele baseado nas nossas experiências práticas de liderança e gestão, percebemos que o livro, enquanto um guia, poderia ser utilizado por todos os profissionais, independente da posição ou área de atuação.

DT: Quais as principais características de um louco?

SL: Ser inconformado. Tem gente que é conformada. Se você não mudar esse comportamento, você não será um louco, você será uma pessoa normal. Que é o que mais tem por aí! Gente que se vitimiza e se conforma com prazos não cumpridos e tudo mais. Todo louco é questionador, e protagonista de sua própria história. O louco tem mentalidade de crescimento e enxerga nos obstáculos novas oportunidades.

DT: Como você identifica um louco em uma organização?

SL: Olhe na empresa aquele cara chato que questiona tudo no sentido de melhorar a performance da equipe. Aí tem a pista de um louco. Procure por aquele cara que não entrega o resultado normal. Entrega mais do que o resultado estipulado, e antes do prazo. Ou entrega a meta de vendas além do esperado. E tudo isso de maneira consistente. Procure o cara que pensa diferente, que surge com uma ideia aparentemente sem nexo. Observe mais atente o profissional em que a palavra “não”, não existe em seu dia a dia.

DT: Tem espaço para um louco no Turismo?

SL: Sim. Prova disso é o próprio Luppa, com quem tive o privilégio de trabalhar e compreender que não fosse por sua loucura, certamente não teria se tornado o empresário, autor e palestrante de sucesso que se tornou. E ainda há espaço para que novos loucos surjam e contribuam para o desenvolvimento deste importante setor econômico do País.

DT: Além de você e o Luppa, qual personalidade do segmento turístico pode ser considerado um louco?

SL: Quando penso no setor, lembro sempre do Guilherme Paulus, fundador da CVC e que soube se reinventar e perseguir novos desafios em outros segmentos da cadeia de valor do negócio.

DT: No seu livro você cita o conceito de CHA (conhecimento, habilidade e atitude), pilares para um profissional de sucesso. Como esse pensamento pode auxiliar na gestão de pessoas?

SL: O conceito de competência, formado pelo trinômio conhecimento, habilidade e atitude, originado dos estudos dos psicólogo americano Dadiv McClelland, é na minha visão o mais completo modelo de gestão de pessoas desenvolvido nos últimos anos, pois permite, a partir de uma mesma base – as competências – a aplicação em todos os subsistemas de gestão de pessoas, envolvendo recrutamento, seleção, treinamento, desempenho, carreira e remuneração.

DT: Oito características que o louco possui são listadas na obra, com quais delas você se identifica?

SL: Acho que possuo um pouco de todas, mas particularmente tenho muita atenção com opinião própria, liderança e protagonismo.

DT: Qual a importância do feedback no desenvolvimento do profissional?

SL:  O aprendizado é um processo contínuo e não um evento único, por isso, um feedback bem aplicado, é capaz de alavancar carreiras. Para mim, o feedback é a principal ferramenta de gestão de pessoas.

DT: É possível uma pessoa mudar seus comportamentos e se tornar um “louco”?

SL: Sim, é perfeitamente possível. Uma mudança de hábito requer autoconhecimento: quem eu sou e quais são as minhas características e os meus comportamentos? Quais contribuem para que eu seja um louco, e quais não contribuem? E a partir daí você tem que provocar uma mudança. Este processo requer disciplina, perseverança e tempo.

DT: Você acredita que o posicionamento das empresas com seus funcionários está em um momento de transformação?

SL: Com certeza. O mundo atual pede por pessoas que saibam conviver com a dualidade, com as diferentes gerações, e que saibam fazer mais com menos. No atual cenário, quem souber lidar com a pressão e a mudança constante, com velocidade e agilidade e sem ficar reclamando pelos cantos, provavelmente será uma pessoa com mais êxitos. Atualmente, o nosso mundo é volátil, incerto, complexo e ambíguo. Só louco para viver nesse novo mundo.

DT: Como você observa a influência das mídias digitais em relação às organizações e ao novo perfil profissional – o louco?

SL: Tudo é digital. E parece que só estamos no começo dessa revolução. Não há, nem haverá, produtos, serviços, processos e qualquer área do conhecimento humano que não será impactada pela revolução digital. É uma nova era que exige velocidade e agilidade para não ser obsoleto em pouco tempo. E a única estratégia possível é o aprendizado. Constante, contínuo, eterno. Prepare-se!

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