Esse animal estranho chamado viajante corporativo

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No passado, o viajante corporativo era facilmente reconhecido pelo terno discreto e a maleta executiva. Hoje, mimetizado em traje casual e mochila nas costas, pode ser confundido com um viajante comum

Fábio Steinberg*

Avistado em hotéis, aeroportos e restaurantes, sozinho ou em manada, o viajante corporativo não é um animal qualquer. Apresenta comportamento diferenciado quando exposto a grandes ambientes, mesmo os mais hostis. Além disso, demonstra enorme intimidade com rituais e procedimentos que exigiriam imenso esforço e atenção dos demais seres.

Ele sabe como ninguém fazer check-in, despachar malas, ler cardápios em qualquer idioma, entrar e sair de avião com desenvoltura, pegar taxi, dar gorjetas, mesmo em lugares onde jamais colocou os pés. Faz isto de forma automática, com um jeitão que oscila entre o blasé e o entediado.

No passado, o viajante corporativo era facilmente reconhecido pelo terno discreto e a maleta executiva. Hoje, mimetizado em traje casual e mochila nas costas, pode ser confundido com um viajante comum. O que o separa dos demais é a grife em tudo o que usa. Por isto, é considerado animal de um outro zoológico.

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Protegido pelo sobrenome e cofre da empresa onde trabalha, ele é paparicado por qualquer prestador de serviço da cadeia econômica de viagens. Afinal, o viajante corporativo faz parte de um grupo de consumo que responde por 80% dos usuários mais frequentes de aviões, hotéis e restaurantes caros.

PESQUISAS

Como cliente prioritário, é um dos públicos mais pesquisados sobre seus hábitos e costumes. Ninguém quer correr o risco de perder negócios por tratá-lo de forma indevida, ou deixar de captar suas vontades e interesses.

Uma destas pesquisas foi feita recentemente pela Carlson Wagonlit Travel (CWT) com viajantes corporativos de 16 países. O trabalho conclui que o foco de atenção do viajante se altera em função de sua região geográfica. Por exemplo, a maior preocupação dos norte-americanos e dos brasileiros é manter contato com a família.

Este problema não é prioridade para os europeus, que estão mais interessados em questões de segurança. Já os asiáticos não ligam tanto para estas duas questões, mas sim em como melhor utilizar o tempo livre para exercitar nas viagens.

A pesquisa descobriu que, não importa de que parte do planeta, todos adoram viajar a trabalho (Foto: divulgação)
A pesquisa descobriu que, não importa de que parte do planeta, todos adoram viajar a trabalho (Foto: divulgação)

TECNOLOGIA

Ao avaliar como a tecnologia afeta o viajante corporativo, a pesquisa descobriu que, não importa de que parte do planeta, todos adoram viajar a trabalho. E que costumam estar sempre conectados, pois acreditam que esta é a melhor forma de serem mais produtivos.

Para trabalhar durante o percurso, carregam em média quatro dispositivos diferentes ao mesmo tempo, e que podem ser smartphones, celulares, tablets e laptops. Na prática, o mais utilizado é o laptop (52%), seguido pelo celular (32%) e tablets (11%). Uma minoria (5%) prefere ser comunicar à moda antiga, ou seja, priorizando contatos pessoais.

Os viajantes corporativos utilizam diferentes canais para falar. Com familiares ou amigos, preferem chamadas telefônicas (44%), Skype (24%) e aplicativos de mensagens tipo WhatsApp (17%). Ao se conectar com colegas de trabalho usam e-mail (44%), ligação telefônica (24%) e mensagens de texto (14%).

Diferente do viajante comum, que cada vez mais faz reservas para voos e hotéis direto nos sites, o corporativo costuma contar com a intermediação da agência. Mas alto lá! Não se trata de agência comum, destas que há aos milhares pelo país.

DOBERMAN

Turbinadas, ela se apresenta com o nome de TMC (travel management company). Entre os serviços diferenciados, serve como uma espécie de babá para o passageiro, antes, durante e depois de cada trajeto. Além disso, permite às empresas que as contratam terceirizar diversas rotinas que envolvem processos, controles e pagamentos associados a viagens.

Pelo imenso potencial de uso frequente e receita gerada, dá para imaginar como companhias aéreas, hotéis e outros provedores disputam a tapa este precioso cliente. Da mesma forma, as cerca de três dúzias de TMCs que atuam no Brasil, felizes da vida com os resultados, protegem seus territórios com ferocidade equivalente a um cão doberman.

*Fábio Steinberg é jornalista e fundador do site Viagens e Negócios

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