Estenda a mão e dilate seu coração ao Bem Querer

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por Mário Beni*
 Para alcançarmos as pessoas, para conquistarmos o seu afeto ou a sua dedicação, precisamos arriscar-nos à rejeição e à mágoa que daí resulte. Precisamos dispor-nos a abandonar a couraça de indiferença que tantas vezes usamos. Mas, quando se aceita o risco, quando uma pessoa vasa a muralha do silêncio e alcança seu semelhante, as recompensas – para ambas – podem ser muito grandes.
Quantos de nós, ainda no Jardim da Infância e já sabíamos quais os nossos colegas com quem podíamos conversar – os que compreendiam como a gente se sente quando chega uma nova criança na nossa família ou na de amigos, ou ainda quando o nossos avós morreram, ou quando nossa mãe precisava ir para o hospital. Eram as mesmas que nos davam limonada no verão e chocolate quente no inverno, e nos escutavam a falar de nossos problemas e nos contavam histórias alegres e maravilhosas que faziam com que nos sentíssemos aconchegados bem lá no íntimo. Nós, ainda crianças, sabíamos também quais eram as melhores professoras da escola. Não compreendíamos a palavra “dedicadas”, mas sabíamos distinguir as que sorriam quando nos ajudavam a vestir os casacos, arrumar a roupa e nos deixavam escrever cartinhas de aniversário na classe. Eram essas as professoras que realmente gostavam da escola e que realmente se dedicaram inteiramente à nós. Não tínhamos ainda idade para compreender o outro tipo – as que estavam lá só para contar tempo na escola, e procuravam um melhor ordenado, ou o caminho do altar, ou ainda aquelas que haviam deixado que as circunstâncias lhes azedassem a natureza. Só sabíamos que algumas professoras faziam a gente se sentir bem e podiam fazer o sol brilhar, mesmo em dia de chuva!

Dom

Não creio que tivéssemos compreendido, ainda que nos tivessem dito, que algumas pessoas nascem com o dom de querer bem, assim como certas pessoas tem talento inato para a pintura, literatura ou música, enquanto outras tem de aprender essas artes.
As pessoas que nascem com o dom abençoado de saber querer bem, têm de início uma grande virtude; e as que o adquirem através de esfôrço consciente são também privilegiadas com a própria aprendizagem, Alguns aprendem essa arte depois de uma tragédia, depois de um período de profunda auto-análise, que provoca uma erupção quase vulcânica. Essa erupção pode despertar o talento adormecido para saber querer bem aos outros, a aptidão para querer compreender os outros e desejar dedicar um interesse profundo as suas vidas e a seu futuro.
*Mario Beni, doutor em ciências da comunicação, livre docente em turismo pela ECA-USP
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