Ética, um negócio totalmente furado, por Jorge Salim*

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Estive pensando com os meus botões. O que é ética? Ética é um conjunto de conhecimentos extraídos da investigação do comportamento humano ao tentar explicar as regras morais de forma racional, fundamentada, científica e teórica. É uma reflexão sobre a moral. Independente de definições contemporâneas, racionalista, abstrata, filosóficas, hermenêutica ou social, ética é algo totalmente furado. 

É coisa da antiguidade, coisa para filósofo. A população não tem tempo para exercer, os políticos ignoram, as entidades não usam mais como mantra e nem nos valores que pregam existe a palavra, caso por algum engano, alguém diz, flui de um ouvido para o outro como se fosse uma névoa. Não tem cor, sabor, som, nada. Quando uma pessoa humilde, sem rosto acha documentos ou pacotes de dinheiro na rua, num táxi e devolve ao proprietários, vira notícia nacional, um caso extraordinário de mídia e permanece por dias nos noticiários. Quanta hipocrisia, como se isso fosse prêmio raro, sendo que deveria ser o contrário. Ou seja, algo corriqueiro, comum, usual, nada de extraordinário, como é em outros países. 

GURUS, ÉTICA OU SHOW?

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Se ética fosse aprendida ou absorvida, o senhor Mário Sérgio Cortella e outros poucos que podemos contar nas mãos, não seriam repetida e reiteradamente convidados para se falar ou abordar sobre ética. Desde que me conheço como um profissional da comunicação, somente essas pessoas são convidadas para palestrarem sobre ética. Cadê o milagre da multiplicação? São nos eventos, programas de televisão Canal Livre, Roda Viva, entrevistas nas TVs pagas, que o senhor Sérgio Cortella, Eduardo Gianetti da Fonseca, e uns outros gatos pingados estão presentes. Gente! A ética não vinga. E não muda quem nela fala, quem nela prega. Pregam e pregam, e nada, nada. É igual algumas leis que não pegam. Tem na prateleira, mas não é comprada. Entra em todas as discussões e programações. Vejo lá, tem isso, aquilo e a tal ética. Ai a gente vai assiste, vê as palestras, ouve, passa-se um sentimento de alívio, "uhhhhhh" (expressão de regozijo), que lindo é a ética. 
Ética e moral, que dupla. Talvez a falta de educação, literalmente falando, faz com que o ignóbil entenda a ética como algo abstrato, intangível, não necessário para a vida dos tempos e hoje, e é isso pelo menos, que os nossos políticos fazem com absoluto louvor. 

Berço é o que falta para que a ética seja entendida e sentida. E convenhamos, nos dias de hoje, pegando uma sociedade que há 100 anos não fez nada em educação, salvos algumas gerações que ainda tiveram o latim como disciplina, onde os professores eram preparados para lecionar no sentido lato da palavra, há uns 60 ou 70 anos atrás, creio que até os anos 60. Mas de lá pra cá, nada mais imundo e imbecil. Ninguém foi preparado, pois os que ensinavam não haviam sido treinados para passarem adiante e os que depois vieram já apresentavam o defeito de fabricação. E hoje temos este reflexo. Tudo perdido, tempo, estudo ainda que tenha sido oferecido. A ética sucumbe a manipulação dos que detém o poder. Desmando dos que legislam, já pensaram num projeto em que o deputado-analfabeto Tiririca tenha proposto? 

E por vai. Ética não é importante. Ética, é pra quem sabe e já passa dos 60 anos. Daí o pequeno contingente que ainda fala sobre e discorre de tempos em tempos. Uma palestra ali, outra acolá, enquanto isso vamos lendo as notícias de corrupção dezenas aqui, centenas acolá, são eles, esses abutres que mandam e desmandam neste país. 

ÉTICA, MORAL E CORRUPÇÃO

Quem venceu? Provavelmente sei quem perdeu. Nós, o povo. Nós as pessoas de bem, as pobres pessoas de índole boa. Dos que acreditam nos outros. Esses perderam. Eu perdi. Até fico pensando. Para quê a ética de Sócrates, Platão, Aristóteles, Santo Agostinho, Tomás de Aquino, Spinoza, Descartes, Heidegger, Hobbes, Kant, Hegel, Marx, Nietzche, Sartre? Estão escritas nos livros. São conhecidas por poucos e exercidas por quase ninguém neste país. Os que discorrem sobre ela, fazem o quê? Falam dela, a conhecem profundamente. Mas ninguém os ouve, ou pelo menos, ignoram. Então é o que eu pergunto? Para que ter a ética? Para nada, que se dane a Grécia e os tratados, viva os nossos políticos, viva essa merda chamada de classe política e dirigentes políticos brasileiros. Vejam o que está acontecendo neste momento lá em Brasília, depois de ter acabado as eleições'2014, uma das mais nojentas da história contemporânea, o presidente do Senado, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), e o relator do projeto, senador Romero Jucá (PMDB-RR), burlam, maquiam, manipulam, desrespeitam a Constituição, fazem o cassete com o projeto que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), tirando do governo a obrigação de cumprir qualquer objetivo fiscal neste ano. Pobre Brasil. Enfiaram a moral, a vergonha, o escrúpulo, a ética, tudo junto e misturado no ralo, literalmente na privada.

* Jorge Salim é publicitário, jornalista, escritor, santista e fundador do Instituto Vital

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