Agência Brasil –
A exposição Flávio de Carvalho – Expedicionário reúne o material produzido pelo artista modernista em cinco viagens pelo Brasil e ao exterior. São documentos, textos, fotografias e objetos que recontam parte dessas jornadas de pesquisa realizadas entre 1934 e 1956.
“Nossa abordagem é sobre as expedições que ele fez pensando-as como intervenções artísticas. O conceito de artista-etnógrafo é posterior ao Flávio, ganha relevância nos anos 1970”, explica Renato Rezende, um dos curadores da mostra que será aberta hoje (9) na Caixa Cultural, na Praça da Sé, centro da capital paulista.
Parte do material, como as fotos tiradas por Flávio no Peru, na expedição aos Andes, nunca foi exposta, de acordo com o curador. Essa coleção, em especial, foi organizada por um método semelhante ao proposto pelo filósofo alemão Aby Warburg, em que as imagens são agrupadas por semelhanças, em detrimento de critérios espaciais ou históricos.
Veja também as mais lidas do DT
Porém, apesar da semelhança no método, Rezende destaca que Flávio não conhecia o trabalho do alemão.
Da Europa à Amazônia
Os registros foram selecionados a partir do acervo deixado pelo multiartista – Flávio foi pintor, desenhista, arquiteto, cenógrafo, decorador, escritor, teatrólogo, engenheiro e performer – para a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A primeira das viagens de Flávio, realizada entre 1934 e 1935, foi a expedição à Europa, que rendeu uma série de ensaios reunidos no livro Os Ossos do Mundo.
Podem ser vistas também imagens da jornada à Amazônia (1956), amplamente noticiada pela imprensa à época devido a série de extravagâncias do projeto. Flávio pretendia fazer um longa-metragem colorido – A Deusa Branca –, misturando ficção e documentação. Na exposição será exibido um filme que retrata os diversos percalços enfrentados pelo grupo e os equipamentos cinematográficos na floresta.
Uma das ações mais conhecidas de Flávio é a Experiência nº 2, quando, em 1931 quase foi linchado por uma multidão ao caminhar contra uma procissão usando boné, em sinal de evidente desrespeito. Em 1956, na Experiência nº 3, desfilou com uma espécie de vestido pelas ruas da cidade de São Paulo, em defesa do “new look”, traje de verão masculino produzido pelo artista.