Extinção do CPTM no Brasil e no mundo desconsidera valor técnico do órgão

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Por Paulo Atzingen*

A meritocracia das pessoas e os dados objetivos que elas e seus órgãos alcançam são praticamente invisíveis a governos que se opõem e principalmente em processos de transição. No Brasil, felizmente, o Ministério do Turismo, criado no governo do Partido dos Trabalhadores, foi mantido pelo novo governo de Jair Bolsonaro, garantindo inclusive a continuidade da Embratur, empresa que trata dos assuntos internacionais do turismo. Neste caso foi considerado a importância estratégica que o turismo tem para a economia de nosso país e não a bandeira ideológica e as questões partidárias.

O mesmo não ocorreu com o novo governo de Andrés Manuel López Obrador, do México, um político de esquerda que já foi comparado a Hugo Chavez, ex-presidente da Venezuela.  Algumas de suas medidas que tem causado grande impacto foi o cancelamento abrupto de um projeto aeroportuário de 13 milhões de dólares e a extinção dos escritórios de turismo dos Conselhos de Promoção e Turismo do México (CPTM) espalhados pelo mundo, inclusive no Brasil.

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Oficialmente, a diretora do CPTM no Brasil, Diana Pomar, apresentou a jornalistas e operadores nesta quinta-feira (24) essa medida tomada pelo governo de Andrés Obrador. A notícia já havia circulado não oficialmente, no entanto era preciso um comunicado mais formal e ele foi dado: “A promoção turística do México no mundo vai continuar, no entanto devido à uma nova estratégia de mercado e a partir de um processo de transição, todas as ações serão via consulado e embaixadas”, disse Diana Pomar ao DIÁRIO.

Turistas brasileiros na terra dos Maias

Quando afirmamos que a decisão é política e não técnica nos respaldamos em números efetivos. O trabalho que o escritório do CPTM vem realizando no Brasil junto às operadoras de turismo foi de fundamental importância para o crescimento do número de turistas brasileiros na terra dos Maias. Vejam: Em 2014, desembarcaram no México, 124.4 mil brasileiros. No ano de 2017, esse número dobrou para 263.6 mil brasileiros em terras mexicanas. Já em 2018, ocorreu um aumento de 4,9% de presença de brasileiros no México, chegando a 276.6 mil desembarques. Os dados são Sistema Integral de Operação Migratória do México.

Esses dados anteriores referem-se a turistas que viajaram via operadoras de turismo e OTAs (agências online). No entanto, o total de brasileiros que foram ao México em 2018 por outros meios (somados aos anteriores) chegou a 355.9 mil, com permanências médias de 9 noites.

“A relação que construímos com os operadores e a imprensa brasileira foi fundamental para este crescimento de turistas brasileiros no nosso país”, afirmou Diana ao DT. E mais do que palavras, nesta apresentação que ocorreu no Consulado do México, em São Paulo,, cerca de nove representantes das operadoras parceiras (no total de 12) marcaram presença manifestando uma espécie de solidariedade ao CPTM.

Diana Pomar e sua trajetória no Turismo e no CPTM

Trabalho dos CPTMs

O trabalho dos CPTMs no mundo, inclusive foram fundamentais para o posicionar o México em 6º no ranking de países com mais turistas internacionais. O México é o país da América Latina que mais recebe turistas. Em 2018 recebeu 44.3 milhões de turistas internacionais, um crescimento de 12% em relação ao ano de 2017.

Juntamente com os cônsules Oscar Benitez e Luiz Madrigal, Diana apresentou alguns detalhes da transição. ‘A criação de um novo organismo será formado entre a iniciativa privada e o governo, uma espécie de autarquia”, disse ao DT. Ela explicou que o Ministério do Turismo permanecerá como eixo principal e trabalhando em consonância com o Ministério da Fazenda do México, o Conselho Nacional de Empresas Turísticas (CNET) e o Conselho Nacional de Exportadores de Serviços Turísticos (Conextur). “No novo modelo os destinos turísticos mexicanos farão campanhas individuais de promoção, tornando-se mais autônomos”, adiantou.

Diana acrescentou que tem acompanhado e participado do processo de transição e que os assuntos tratados no escritório do CPTM, passam agora a serem discutidos no Consulado Geral do México, em São Paulo.

Extinção não se justifica

É delicado fazer prognósticos do panorama do turismo do México a partir de agora. O que se sabe é que, na economia de mercado atual é imprescindível que os governos tenham pessoas qualificadas em seus respectivos setores e que estes setores apresentem números estatísticos que comprovem sua razão de existir. Foi o que o CPTM do Brasil fez e sua extinção, tecnicamente, não se justifica e pode ser um retrocesso em termos de ampliação de mercados.

*Paulo Atzingen é jornalista

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