O 3º Festival Gastronômico do Pinhão, que acontece em Campos do Jordão de 19 de abril a 28 de maio, tem a semente da pinha, o pinhão, extraído das araucárias, como seu principal ingrediente
Se a cana-de-açúcar tem ou teve o seu reinado, com seus inúmeros subprodutos, o pinhão, extraído das araucárias, é coroado agora de abril a junho com o 3º Festival Gastronômico do Pinhão, em Campos do Jordão (SP).
Por Paulo Atzingen (Com fotos de Juneo Videira)*
Fiquei surpreso à variedade de receitas que se faz com essa semente: ravioli de pinhão, truta ao molho de pinhão, nhoque de pinhão, pinhão tropeiro, arroz com pinhão, vinagrete com pinhão, farofa com pinhão, risoto de pinhão e uma infinidade de doces de pinhão.
Por essa variedade de pratos, e pela força simbólica da araucária, a Associação Cozinha da Mantiqueira reuniu os principais bares, restaurantes, chocolataria, vinícola e cervejarias artesanais das cidades de Campos do Jordão, Santo Antonio do Pinhal e São Bento de Sapucaí e realiza este ano a 3º versão de seu festival gastronômico. O DIÁRIO foi uma das mídias convidadas para a abertura.
Este festival é muito autêntico, pois extrai da natureza sua essência sem agredi-la, respeitando seu tempo e acrescenta a isso a engenhosidade humana gerando negócios, emprego e renda.
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Período do defeso
O município, inclusive, segue as determinações da Portaria Normativa do Ibama, (Normativa DC-20), que estipula o dia 15 de abril como início do período para colheita e venda em lojas, feiras ou propriedades rurais. “É o período de defeso, por isso nosso festival começa depois de 15 de abril”, afirma Ricardo Elcheino, o Ike, presidente da Associação Cozinha da Mantiqueira.
“O Festival Gastronômico do Pinhão e a própria associação fazem parte de um grande trabalho social. Hoje temos 31 restaurantes com aproximadamente 2.800 funcionários, que multiplicado pelo número médio (de pessoas) nas famílias, nós temos cerca de 8 mil pessoas alcançadas”, calcula Elcheino, em entrevista ao DIARIO.
Matéria-prima aos restaurantes
Ike foi eleito em março como novo presidente da associação. “Nossa associação fomenta a geração de empregos, gera fluxo turístico e acaba gerando uma demanda muito boa junto aos pequenos e médios produtores da região da Mantiqueira”, diz ao DT. Esses pequenos e médios produtores da região entenda-se agricultores, apicultores, criadores de animais de corte e ordenha, comerciantes e distribuidores de produtos hortifrutigranjeiros e uma infinidade de gente que fornece matéria-prima aos restaurantes.
Polo gastronômico
Segundo ele, Campos do Jordão, Santo Antonio do Pinhal e São Bento de Sapucaí já podem ser considerados um polo gastronômico estadual. “Além dos 31 associados, Campos do Jordão tem mais de uma centena de restaurantes e uma escola Senac (Grande Hotel Escola Senac), que forma profissionais na área da gastronomia, hotelaria e de serviços, setores esses inerentes a bares e restaurantes. É um grande polo, e um passeio excepcional de se fazer pois está localizado bem próximo de São Paulo e Rio de Janeiro”, completou.
Cardápio autêntico
Na noite de abertura do 3º Festival do Pinhão, o jantar foi no restaurante Elio Cucina Speciale. Fomos recebidos pela chef Maria Catão e seu pai Marcelo Richtmann, que nos apresentou seu autêntico cardápio: na entrada, caldo verde de pinhão com linguiça defumada e couve manteiga; o prato principal conhecemos o filé de truta grelhada com crosta de ervas e pinhão, acompanhado de purê de banana. Na sobremesa fomos premiados com paçoca de pinhão, que é feita com pinhão triturado e assado com crumble, açúcar e canela.
“Nosso pinhão é todo do nosso próprio terreno. Temos 12 araucárias aqui. Não tem comparação, um produto fresco e saboroso. Essa época (abril e maio fim do outono início do inverno) é a certa para comprar pinhão, com bastante óleo o sabor fica inigualável”, ensina a chef Maria. Ela acrescenta que é muito comum encontrar o pinhão o ano todo na região, mas quando chega agosto o sabor das sementes não é mais o mesmo.
Pinhão avisa a chegada do inverno
Para Anderson César Oliveira, chef do restaurante Dona Chica, o pinhão é o grande símbolo e ingrediente icônico da serra da Mantiqueira. “A Mantiqueira fica com um pedacinho da Mata Atlântica, e possui uma floresta de araucárias, e o pinhão é a grande representatividade que temos aqui na região. Ele coroa a gente com uma semente única, e nos avisa que o inverno está chegando, pois as sementes começam a cair no início do outono. É um símbolo de toda a nossa gastronomia, da nossa cultura e dos nossos hábitos”, disse ao DIÁRIO.
SERVIÇO:
Há apenas 170 km de São Paulo, o Festival em Campos do Jordão é uma ótima opção para curtir os feriados de abril e todo o mês de maio ou mesmo dar uma chegadinha para passar o dia e curtir o melhor da gastronomia da montanha.
Acesse @cozinha.mantiqueira e conheça todos os participantes do Festival para a sua escolha.
Caso você goste de cozinhar e queira fazer as delícias dos chefs, a dica é o livro Sabor da Montanha que também foi lançado pela Associação Cozinha da Mantiqueira (veja matéria aqui) e traz receitas incríveis dos chefs.
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Associação Cozinha da Mantiqueira – www.cozinhadamantiqueira.com.br
*O jornalista Paulo Atzingen e o fotógrafo Juneo Videira viajaram a convite da Associação Cozinha da Mantiqueira
* Agradecimentos especiais a Anice Aun, da Anice Aun Informação
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