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Festuris: um encontro entre amigos em uma tribo mais colaborativa

Mais uma vez, sem ser novamente, a organização do Festival de Turismo de Gramado homenageou pessoas que diretamente fazem parte da história de 30 anos do festival.

por Paulo Atzingen (De Gramado – RS)

Propositalmente os organizadores ao chamarem os homenageados não os identificavam a uma empresa, a uma entidade ou cargo. Talvez por não realçar no evento sua natureza comercial e característico de ambientes de negócios, talvez para abreviar o tempo da solenidade e não torná-la maçante e desinteressante, ou talvez, e nisso acreditamos, por ainda crerem que as pessoas, e somente nelas, repousam um significado maior que marcas, slogans e logotipos.

Queremos crer nisso. Não podemos negar que o mundo corporativo tem a cada ano se distanciado do mundo de carne e osso e real das pessoas, mesmo com todas as iniciativas de empresas que implantam em seu cotidiano de trabalho práticas de relacionamento, ações de sustentabilidade, iniciativas inclusivas.

Não vivemos em uma ilha e muito menos uma ilha da fantasia, por mais que Gramado pareça isso em relação a boa parte do país.  Quando em nossos discursos e textos (mea culpa) repetimos que ao fazer turismo geramos mais emprego e mais renda, a que emprego e a que renda nos referimos? Acreditamos que essas afirmações devam vir acompanhadas de uma reflexão maior: esses empregos  elevam as pessoas a sua condição de dignidade humana e de valorização individual que as façam ter o mesmo prazer de servir de quem é servido? Estamos falando aqui de um ambiente de serviços de turismo mas isso se estende a outras profissões.

E esse termo renda, ele é verdadeiramente aplicado para quem? Para incorporadoras e multinacionais que disputam espaços nos mercados e buscam cotação elevada na bolsa de valores ou essa renda se refere àqueles que produzem, organizam, executam e fundamentalmente, servem no turismo?

“À frente dos números e das máquinas estão as pessoas, são elas que interessam para nós. 30 anos é apenas o começo do que pretendemos fazer”, afirmou Marta Rossi, a presidente do Festuris em seu emocionado discurso de abertura.

Marta Rossi, Eduardo Zorzanello e Marcos Vinícius Rossi: qualidades específicas de cada um lhe outorgaram equilíbrio e vida longa nos negócios (Crédito: Hugo Okada – DT)

Tribalistas do Turismo

O Festuris por mais que se revista de uma aura mercadológica possui características intrínsecas que não se encontra em nenhum evento ou feira do país. Possuem criaturas de carne e osso no front e essas pessoas exercem com muita competência a mágica da vida real e corporativa: refinamento de relacionamentos, valorização da amizade. Arriscamos dizer que Marta Rossi, Eduardo Zorzanello e Marcos Vinícius Rossi são os Tribalistas do Turismo. As qualidades específicas de cada um lhe outorgaram equilíbrio e vida longa nos negócios. Que essa tribo turística, no alto da serra do Rio Grande do Sul, seja cada vez mais circular.

E que essa nova era que aparentemente se inicia venha acompanhada de uma mudança no caráter e na forma de ver o crescimento. Que não seja apenas e tão somente o crescimento econômico (essa busca incessante em querer ser o primeiro), mas o crescimento nos relacionamentos, nas conexões.  Que busquemos agora a lógica invertida e que mudemos o nosso caráter acumulativo para um mais participativo e compartilhado.  Como a amizade.

*Paulo Atzingen é jornalista e fundador do DIÁRIO DO TURISMO

*Texto originalmente publicado dia 10 de novembro de 2018

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