France Excellence: poder transformador da inovação e tradição

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France Excellence revê conceito do luxo em produtos e serviços e destaca o poder transformador da inovação no segmento

Por: Cecília Fazzini – (COM EDIÇÃO Paulo Atzingen e IMAGENS 360º Eric Afonso)


A “La Tradition de I’innovation” foi o tema que repercutiu em todas as conferências realizadas, na tarde da terça-feira (19), durante a abertura da 3ª. edição do France Excellence 2023 América Latina, que acontece na capital paulista, no hotel Rosewood São Paulo, pela Atout France Brasil. O evento – que se estende até a próxima 5ª. feira (21), com rodada de negócios – teve como foco os setores de moda, cultura, arquitetura, hospitalidade entre outros, inspirados no histórico e peculiar jeito francês de pensar e repensar o luxo através dos tempos.

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Caroline Putnoki, diretora para a América do Sul do Atout France
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O Cônsul Geral da França em São Paulo, Yves Teyssier D`Orfeuil salientou a tradicional veia francesa para renovar conceitos e abraçar tendências

Destaques

Entre os destaques, Caroline Putnoki, diretora para a América do Sul do Atout France, considerou aos presentes a relevância da forma inovadora como a questão é trabalhada, além da sustentabilidade como motor propulsor das atividades em torno da concorrida pauta. Outro ponto observado por ela é o interesse do brasileiro pelo destino, que volta à sua força como mercado emissor de passageiros, hoje em torno dos 800 mil viajantes/ano. Em ressonância, o Cônsul Geral da França em São Paulo, Yves Teyssier D`Orfeuil salientou a tradicional veia francesa para renovar conceitos e abraçar tendências, a proximidade das Olimpíadas e a excelência presente naquele país europeu.

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Abordagem contundente: filósofo e escritor Gilles Lipovetsky, especialista em transformação de valores, estilos de vida e comportamento social

Profunda Transformação

A etimologia do luxo – Numa abordagem contundente o filósofo e escritor Gilles Lipovetsky, especialista em transformação de valores, estilos de vida e comportamento social, frisou que o ethos do luxo, presente desde a ancestralidade nas maravilhas dos palácios, passou por profunda modificação. De acordo com sua interpretação, no pós-século 19, o modo de vida da sociedade fez um mergulho na globalização das megastores e do papel crescente da comunicação e até mesmo da inteligência artificial. A inovação se tornou um imperativo planetário e o segmento deu a resposta.

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Na trajetória do luxo, o filósofo apontou que de reservado às classes superiores se reformatou, tornando, segundo ele, “o inacessível acessível”, tornando a ultrapassada a hierarquia em torno do que pode ser mais sofisticado. “Hoje o que se vê é o luxo intermediário, mais homogêneo”, frisou. Mas, se os produtos precisam refletir a alma da marca, o cuidado com a qualidade tomou a dianteira na visão de Lipovetsky.

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“Hoje o que se vê é o luxo intermediário, mais homogêneo”, frisou o filósofo

Teor artístico não manchado pela tecnologia

Entre as vertentes assinaladas pelo pensador está a diversificação de linhas nas grifes de luxo, com ingresso em segmentos como a hotelaria, mas com redobrada atenção aos riscos impostos pela ampliação do leque de produtos. Também faz parte da nova etapa a escala de novidades, com a proliferação de lançamentos, antes inimaginável, no entender do filósofo, na alta costura por exemplo. Mas certo de que os critérios da não massificação são mantidos, o destaque fica com artigos de excelência produzidos pelas mãos de artesãos, como luvas, sapatos e até vinhos, diferenciados pelo saber ancestral e transmitido de geração em geração. “Assim fica perpetuado o teor artístico, não manchado sequer pela evolução da tecnologia”, relaciona ele.

A comunicação também ganhou relevância na nova era do luxo. Lipovetsky aponta que entre 15% a 20% dos gastos dos grandes fabricantes do luxo hoje são destinados à necessidade das marcas falarem com seus consumidores e prospects, numa hiper visibilidade midiática. Uma proximidade que se reflete em anúncios em aeroportos, pontos de ônibus, metrô e nas logomarcas estampadas em camisetas. Esse movimento é acompanhado pela internacionalização das marcas e profusão de pontos-de-venda. “De grandes metrópoles mundias até à Mongólia há uma profusão de lojas físicas”, ressalta, apontando a importância crescente da combinação das lojas virtuais.

“É preciso promover um luxo não mais dominado pelo desperdício, que integre a ética e a responsabilidade ambiental”, Gilles Lipovetsky, filósofo e escritor

Também a ligação umbilical do luxo com a arte foi exposta pelo filósofo, segundo um vínculo capaz de eternizar as marcas, porque, sintetiza “arte não sai da moda”. Na sua análise, o luxo passou da ostentação para a sensação. E o viés da sustentabilidade ganhou força na argumentação de Lipovetsky. Se a moda é classificada como uma atividade altamente poluente, como o luxo, que busca a qualidade suprema convive neste contexto? Ele convoca que é preciso promover um luxo não mais dominado pelo desperdício, que integre a ética e a responsabilidade ambiental.

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Pauline Frachon, Diretora de Conteúdo e Imagem de Marca Global da LVMH

Sobrevivência de produtos ícones

Pauline Frachon, Diretora de Conteúdo e Imagem de Marca Global da LVMH – grupo Louis Vuitton, complementou que a perpetuação das marcas icônicas vai além da fama conquistada e da legião de fãs que conquistaram. São, segundo a executiva, emblemas culturais, traduzem a experiência do consumidor com os produtos, dependem da comunicação que extrapola as paredes do fabricante e ganham o exterior de suas dependências. O pulo do gato, conforme assinala, é “chegar ao coração das pessoas” e só bons produtos conseguem se tornar atraentes e marcantes. A inovação, para Frachon, não é das tarefas mais simples, porque precisa combinar o inesperado, a coragem de surpreender o consumidor, com a manutenção da qualidade. E a missão de se tornar contemporâneo e inclusivo faz parte da missão de construir e reconstruir o branding. Sintetiza seu raciocínio na máxima de que “uma marca de luxo é como um diamante, com várias faces, algumas brilham mais do que outras.

Confira imagens em 360º

“Temos que chegar ao coração das pessoas e os bons produtos conseguem se tornar atraentes e marcantes”, Pauline Frachon, Diretora de Conteúdo e Imagem de Marca Global da LVMH

Proximidade com o cliente

Sem medo de errar, Quentin Desurmont, presidente da Serandipians by Traveller Made, que reúne 500 agências de viagens de luxo, distribuídas por 72 diferentes países, frisou que o segredo é estar perto o cliente e interpretar suas expectativas. Sobre viagens mais exclusivas ele observa que tendência é o cliente buscar ambientes mais privativos, mas também se sobressai o desejo de viver a realidade local, estar até mesmo em meio a multidões. Ao melhor estilo slow travel o viajante, lembra ele, parte hoje em busca de destinos e produtos que proporcionem a busca de si mesmo, experiências xamânicas, entre uma variedade de ofertas mais fora do lugar comum.

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Bérangère Loiseau, CEO do Groupe Bernard Loiseau

Retorno às origens

Bérangère Loiseau, CEO do Groupe Bernard Loiseau, surgido na Borgonha, vislumbra um retorno às origens protagonizado pelos hóspedes, em especial após o recolhimento provocado pela Covid. “Vejo uma clientela que objetiva estar mais conectada com a história e ter algum grau de exclusividade.

Damien Loras, ex-cônsul da França em São Paulo e que representa no Brasil a marca de cosméticos Augustinus Bader também enveredou pelo mercado de luxo associado ao bem-estar e descreveu o sucesso dos produtos. Considerou a confiabilidade dos cosméticos, cuja marca é batizada com o nome do cientista alemão que criou a linha, numa experiência de eficácia relatada pelos consumidores dos cremes que, no seu entender, realizaram o casamento da ciência com a cosmética.

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Olivier Dupuy, da Lacost; Maria Prata, jornalista e Carlos Ferreirinha, presidente da MCF Consultoria.

Moda Esportiva

A jornalista Maria Prata intermediou o painel que contou com a presença de Olivier Dupuy, executivo da Lacoste, que armazena mais de duas décadas de vivência no mercado de luxo. A moda esportiva e a tecnologia embarcada em sua fabricação, que é hoje também utilizado no vestuário em geral, foi destaque do painel que mostrou a evolução do traje utilizado em práticas esportivas e sua capacidade de projeção.

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Laurence Picot, jornalista, escritora e artista, que falou sobre seu livro “Les secrets du Luxe

A invenção do luxo à francesa

O final da conferência culminou na entrevista com Laurence Picot, jornalista, escritora e artista, que falou sobre seu livro “Les secrets du Luxe”. Laurence trouxe à luz as qualidades ocultas do luxo, do know-how e a inovação científica contribuindo de forma grandiosa ao conteúdo do France Excellence. Especializada no setor de luxo, Laurence Picot trabalhou por 16 anos como jornalista do Le Monde e das revistas ELLE e Paris Match, fez mestrado em gestão do setor de luxo na Université de Paris-Est e criou o conceito de arte e ciência LuxInside.

O evento se estende até a Quinta-feira (21), com rodada de negócios e intenso network.

Patrocínios

O France Excellence 2023 só foi possível acontecer porque tem o alto patrocínio da Embaixada da França no Brasil, com o patrocínio da companhia aérea Air France, Galeria Lafayette, Explore Nice e Cote D’ Azur, Lacoste, Augustinus Bader, Dior e Moet Chandon.

 

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