Nascido e criado no Amazonas, engenheiro florestal formado pela Universidade Federal do Amazonas, Wenceslau Nascimento de Melo é o vice-diretor operacional do Grand Amazon Expedition. Com experiência de trabalho anterior sendo guia por muitos anos, transborda uma simpatia que é marca registrada da Amazônia. Wenceslau conta ao DIÁRIO sobre a operação deste gigante dos rios amazônicos:
Por Paulo Atzingen, de Manaus e São Paulo*
Distribuindo encantamento
Os desafios de cada expedição pelos rios Negro e Solimões são gigantescos a cada dia e se comparam ao tamanho dos rios daqui da Amazônia. Este filho de pai paraense e mãe amazonense tem o rio como testemunha de sua vida profissional e pessoal. O período de estiagem experimentado este ano é destacado pelo vice-diretor:
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“É um desafio diário, mas temos uma equipe tão motivada, tão bem formada e tão bem escolhida, que faz parecer fácil. Nós temos desafios logísticos e estruturais. Mesmo o navio não sendo tão grande como um transatlântico, é o maior da região. Temos as distâncias, as intempéries do tempo e as condições do rio. Aquilo que o rio dita é o que a gente pode ou não fazer. Períodos de seca e cheia influenciam diretamente na manutenção do navio. Mesmo passando por uma estiagem histórica, vocês podem confirmar que estamos conseguindo entregar um produto com toda a qualidade e continuar distribuindo encantamento”, afirma.
Ambiente e pessoas
Wenceslau se comunica claramente com os hóspedes, seja em inglês, em espanhol ou em português. E tem um tom moderado de comando com sua equipe, uma forma carinhosa, alegre mas profissional de tratar seus subordinados.
“Eu costumo dizer que a amabilidade, o carinho e essa atenção são os nossos superpoderes. O sorriso no rosto, a vontade de querer entregar o melhor para o hóspede, resolver o que ele precisa, e vencer as barreiras, principalmente da língua, porque a gente tem uma grande quantidade de passageiros estrangeiros e não é nenhum desafio intransponível para a minha equipe.”
Internet a bordo
A conexão com a internet foi implantada há um ano e meio no Grand Amazon Expedition. Este serviço tem tornado as avaliações dos hóspedes mais reais e verdadeiras, feitas no “calor” do momento, conta Wenceslau:
“Estamos tendo avaliações online na velocidade de um clique. A gente fica muito satisfeito de ver que as avaliações continuam positivas, a gente sabe que às vezes a pessoa não quer se dar ao trabalho de avaliar algo que não gostou, muito menos se gostou. Com a internet a bordo, esperamos que essas avaliações continuem sendo cada vez melhores. Esse é o grande desafio, fazer com que tudo isso funcione e que o hóspede consiga sair encantado com o que viveu”.
Chamado pelo nome
Ser chamado pelo nome por um funcionário e receber ainda um sorriso como complemento é uma experiência que tive aqui no Grand Amazon Expedition. O navio possui 72 cabines e pode receber até 144 passageiros, além de duas amplas suítes Royal com varandas privativas e vista para o rio e para a floresta. São cerca de 70 tripulantes que fazem as coisas acontecerem distribuídos na parte hoteleira, gastronômica e operacional. São recepcionistas, camareiras, garçons, cozinheiros, guias e equipe de apoio.
“Podemos receber até 144 passageiros, e temos uma média de 70 tripulantes, que são os membros da equipe. Com lotação total, temos um pouquinho menos de meio tripulante para cada hóspede, ou seja, para cada dois passageiros temos um funcionário. Isso acaba refletindo na personalização do nosso serviço. Então você tem uma atenção maior, as pessoas aprendem o seu nome”.
Os índices de ocupação do navio vêm crescendo ao longo do ano, revela Wenceslau. “Nesses três últimos semestres, tivemos uma ocupação média de 70%, mas com a maioria dos cruzeiros com lotação quase esgotada.
Três Circuitos Fluviais
O Grand Amazon Expedition oferece três circuitos fluviais. O do Rio Solimões, o mesmo que o DIÁRIO participou, de três noites, que tem início na sexta-feira, com saída às 18h e retorno na segunda-feira, com ancoragem às 8h. Na segunda-feira o navio sai para o Rio Negro em um cruzeiro de quatro noites retornando a Manaus na sexta-feira. O terceiro é o cruzeiro fluvial de sete noites, unindo os dois anteriores.
Com sua peculiar simpatia, Wenceslau descreve o nosso roteiro de três dias: “Nesse momento nós estamos navegando pelo primeiro circuito, pelo cruzeiro do Rio Solimões, que começou na sexta-feira. Temos ao longo desses três dias, caminhada na selva, visita à Casa do Caboclo, pesca de piranha, passeio noturno e diurno de lancha, nascer do sol, entre outras atividades. Chegaremos em Manaus por volta das 7h45 de segunda-feira, para o checkout às 8h.”, enumera.
Desembarque e Embarque
Um grupo de hóspedes desembarca e outro embarca. É assim que funciona o Grand Amazon Expedition. Toda a segunda-feira e toda sexta-feira no Porto de Manaus. Wenceslau explica que embora naveguem em rios amazônicos, são dois ecossistemas diferentes e dois ambientes distintos. “Em um ou outro tem suas exclusividades. Por exemplo, visita à comunidade indígena é uma atividade que acontece no Rio Negro, já que esse circuito tem uma noite a mais e tem uma gama maior de atividades. Avistamento dos botos cor-de-rosa também acontece nesse segundo cruzeiro.
Dia Livre
De acordo com o vice-diretor operacional, 20% dos passageiros optam pelo cruzeiro de sete noites, ou embarcando de segunda a segunda-feira ou de sexta a sexta-feira. Com isso, possuem um dia livre em Manaus para conhecerem a capital do Amazonas. “Nós temos uma agência parceira que comercializa passeios exclusivos. Portanto, tanto em ambiente urbano quanto também no ambiente de selva fluvial, as pessoas podem ir até a cidade fazer algumas compras e almoçar, prestigiar a culinária de algum restaurante na cidade e também visitar o Teatro Amazonas, joia cultural da nossa terra”, descreve.
Procedência dos turistas
Turistas vêm de todo o canto do planeta, mas os brasileiros ainda encabeçam a lista da nacionalidade que mais viaja no Grand Amazon Expedition. “Hoje praticamente 50% de nossos hóspedes são brasileiros. Temos os americanos, ingleses e alemães que vêm em maior quantidade. Além de alguns grupos de asiáticos, temos um volume significativo também de espanhóis, além de alguns grupos indianos. Do Oriente Médio, nós temos grupos regulares do Irã”, conta.
Ele acrescenta que, prioritariamente, da América Latina, além dos brasileiros, recebem em menor número famílias de argentinos e uruguaios.
Reposicionamento de Marca e reforma
Com o sistema all-inclusive para todos os hóspedes, o Grand Amazon Expedition passou recentemente por uma mudança estrutural e de serviços. De quatro em quatro anos, o navio é retirado da água para reforma e manutenção. “Fazemos a cada quatro anos em um estaleiro daqui de Manaus uma manutenção geral, como dizem os antigos navegadores “da quilha a estopilha” que começa no casco e vai até os mastros, passando por manutenção elétrica, hidráulica, pintura, marcenaria, alvenaria, parte metálica, iluminação e sinalização”, detalha o executivo
Essa última reforma preventiva e de manutenção serviu também para algumas mudanças nos serviços: “Recategorizamos o nosso serviço de bordo, mudamos o cardápio, a nossa carta de bebidas, e implementamos alguns detalhes ao nosso padrão de serviços prestados que até então não eram full-time, agora são 24 horas.”
Esse filho da floresta tem muito ainda a ensinar sobre o Grand Amazon Expedition e sobre os rios da Amazônia. Em cada palavra percebo sua gratidão por ser útil não apenas a um grupo empresarial de grande força econômica global, mas servir as pessoas com a simplicidade, o entusiasmo e a força que só os grandes rios possuem.
*O jornalista viajou ao Amazonas convidado pela rede Iberostar Hotels & Resorts e com seguro Europ Assistance
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