Histórias no ar de Petrópolis – 150 anos de Alberto Santos Dumont

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Artigo assinado por Mônica Cristina Corrêa, presidente da Associação Memória da Aéropostale aborda as Histórias no ar de Petrópolis – 150 anos de Alberto Santos Dumont


Entre Petrópolis, vila imperial, e Itaipava, seu distrito, há também histórias no ar. Literalmente. Petrópolis já fora sobrevoada por pioneiros memoráveis, como Roland Garros, em 1912, por exemplo. E, pode-se dizer, era só o começo…

No lugar privilegiado de Petrópolis, ninguém menos do que Alberto Santos Dumont, nascido há 150 anos, em 20 de julho de 1873, construiu uma casa para lá de diferente e repleta de uma tecnologia de vanguarda criada por ele. Era a sua “Encantada”.

Museu Casa de Santos Dumont, em Petrópolis
Museu Casa de Santos Dumont, em Petrópolis (Foto: Reprodução Site Tribuna de Petrópolis)

Na formosa região serrana do Rio, as marcas da aeronáutica se perpetuaram, aparentemente por obra de acasos, mas que acasos! Em 1896 nasceu em Petrópolis aquele que viria a ser o patrono da Força Aérea Brasileira, o Brigadeiro Eduardo Gomes, cuja carreira dispensa comentários.

E como se fossem poucas coincidências “aéreas”, na década de 1920-1930, implantou-se e prosperou no Brasil a chamada “Aéropostale”, companhia francesa de correio aéreo que deu muito o que falar porque é a empresa que fixou as primeiras infraestruturas aeroportuárias na costa brasileira. No Rio de Janeiro, capital do país à época, foi instalada uma das principais escalas da Linha, no Campo dos Afonsos e, posteriormente, com alternativa em Jacarepaguá, onde eles também montaram a estrutura local.

Não é preciso imaginar o deslumbre dos jovens pilotos e mecânicos da Aéropostale pela cidade maravilhosa, todos a mencionam em seus relatos e cartas e, infalivelmente, eles passavam dias de folga no ambiente carioca. Entre esses intrépidos pilotos que cruzavam o Brasil de norte a sul em aparelhos precários, muitos de cabine aberta, havia nomes que se tornaram célebres, como Paul Vachet, Jean Mermoz, Marcel Reine, Henri Guillaumet e Antoine de Saint-Exupéry que, além de pilotar, era escritor e viria a lançar, em 1943, O Pequeno Príncipe, livro conhecido universalmente.

Acontece que, malgrado o esplendor das paisagens do Rio de Janeiro, o calor podia ser às vezes excessivo para aqueles europeus – como foi para o próprio D. Pedro II, que fez de Petrópolis um refúgio num clima mais ameno. Assim, o piloto Marcel Reine descobriu as florestas de Itaipava e ali comprou uma fazenda. Para diversão e alívio de seus camaradas, ele os trazia consigo à bela região, onde todos podiam cavalgar, estar com as moças (proibidas nas escalas) e relaxar. Entre os que marcaram presença, estava Saint-Exupéry, que ainda não era famoso. Mas quem se esqueceria dele depois de suas obras literárias?

Já em 1933, a Aéropostale era adquirida por outras companhias francesas e se tornava a Air France, que completa em outubro próximo os seus 90 anos. Depois disso e principalmente na época da Segunda Guerra, muitos pilotos foram mobilizados e voltaram à Europa. Um lote do que foi fazenda de Marcel Reine foi comprado por Lourival Cavalcanti Wanderley, que conservou a antiga casa e o nome que Reine havia dado ao local: La Grande Vallée. Herdada por José Augusto Wanderley, essa propriedade se tornou um reduto da memória da Aéropostale e do pequeno príncipe, personagem que completou 80 anos em abril.

150 anos de Santos Dumont, 90 anos da Air France e 80 anos do Pequeno Príncipe. São certamente lembranças encantadoras num lugar cheio de arroubos da natureza e de ares repletos de História!

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Por Mônica Cristina Corrêa, presidente da Associação Memória da Aéropostale no Brasil, especial para a coluna Planeta do Príncipezinho, de José Augusto Wanderley

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