Para o diretor geral dos Hotéis-Escola Senac SP, Marcelo Picka Van Roey, o ano de 2021 não será de todo ruim.
Os anos de 2020 e 2021 já integram o calendário da história econômica e que sempre vão estar relacionados a uma catástrofe no setor de hotelaria. Foram perdas, danos, queda na receita e desempregos. Porém esse cenário deverá ter um fim e isso já é anunciado por hoteleiros. Embora com diária média ainda negativa (-25,36% em relação a agosto/19), a taxa de ocupação de todo o Estado de SP em agosto foi de 41,08%. Os dados são da ABIH-SP*.
por Paulo Atzingen**
“Os prognósticos para 2021 indicam que será um ano bom, não espetacular, mas somente 2023 a vida e os números da hotelaria voltarão as índices de 2019. As viagens corporativas retornarão, os médios e grandes eventos voltam e o turismo de lazer destrava totalmente”, afirmou o diretor geral dos Hotéis-Escola Senac SP (Grande Hotel São Pedro e Grande Hotel Campos do Jordão), Marcelo Marcelo Picka Van Roey, em entrevista ao DIÁRIO. ‘2023 é o ano que a gente zera”, emenda.
Segundo Marcelo, 2022 ainda não será um ano bom economicamente falando porque o país vive uma instabilidade política muito grande: “Se não fosse esse ambiente conturbado, dividido e com extremos se rivalizando, 2022 seria um ano de colocar as contas em dia. No entanto é um ano de eleições”, sintetiza o executivo.
Mas o ano de 2021, segundo Van Roey, não será de todo ruim. Se os seus dois hotéis não recebem eventos corporativos como recebia a mais de 500 dias atrás, a volta do turismo de lazer tem sido muito boa. “Ocorreu um represamento. Gente querendo viajar mas impedida pelos protocolos sanitários, principalmente os internacionais. Estamos recebendo esse perfil de hóspede que trocou a viagem internacional por uma viagem de 200 quilômetros, de automóvel”, explica o diretor.
Comparativo
Esses números refletem claramente os dados apresentados na semana passada pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de São Paulo – ABIH-SP. Segundo a associação, a taxa de ocupação acumulada de todo o Estado em agosto ficou em 41,08%, com variação de 40,48%, em relação a agosto de 2019. A pesquisa adotou alguns comparativos com dados de outras entidades, para melhor ratificar as análises. As entidades de referência e comparação foram a InFOHB; Observatório do Turismo de São Paulo; Visite Campinas; ACE Ilhabela, Caraguatatuba e São Sebastião; dentre outras.
Equalização
Marcelo adianta que projeta fechar o ano com uma média de 65% de ocupação nos dois hotéis, percentuais esses comparados ao ano de 2019. “Esses 65% estão muito bons pois não é considerado aí o percentual dos eventos. É evidente que quando as fronteiras dos Estados Unidos e da Europa estiverem totalmente abertas e a pandemia não mais rondar o medo de viajar, haverá uma equalização. Mas esperamos que os eventos já tenham voltado à normalidade”, afirmou.
Ele acrescenta que os eventos sociais e corporativos não batem a casa dos 20% da receita atual, infelizmente.
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Adaptações aos novos tempos
Graduado em Tecnologia em Hotelaria pelo Centro Universitário Senac, em Administração de Empresas pela Universidade Mackenzie e com MBA em Economia do Turismo pela USP, Marcelo nos relata que há males que vieram para bem. “A gente aproveitou o período da pandemia para rever alguns procedimentos, alguns protocolos que vieram para ficar. Antes da pandemia algumas práticas engatinhavam. Agora se estabeleceram: o QRCode nos cardápios, a tecnologia do touch, o checkin digital, por exemplo. “A vida de um hotel nunca mais será a mesma”, enumera Marcelo.
Para o executivo tudo virou aqui e agora. “Tudo agora é em tempo real, quanto menos toque, melhor; o check’in por exemplo, sempre foi uma coisa super carregada com aquele preenchimento de ficha, com tempo de espera em filas. Hoje a gente antecipa os dados por whatsapp, o hóspede chega e já recebe o cartão, ou nem faz check’in pois ele já foi feito no próprio celular”, enumera. “O mesmo acontece no check’out, o hóspede recebendo sua conta por whatsapp”, lembra.
Mais espaço ao ar livre
“Com a necessidade de distanciamento, o uso de máscara e os cuidados sanitários, criamos em nossos dois hotéis mais espaços externos para atividades gastronômicas, esportivas, de lazer e de entretenimento. Oferecemos mais experiências para os hóspedes, muitas delas ao ar livre, como churrasqueira, almoço, parrilhas em espaços abertos. Os hóspedes podem fazer suas atividades de arvorismo, caminhada, bike, tudo dentro da área do hotel”, enumera o executivo.
Uso de máscara é Lei
Van Roey explica ao final da entrevista que um diferencial de seus hotéis é a firme obediência aos protocolos sanitários, e em especial à exigência ao uso de máscaras. Lembra Marcelo que dois motivos bastam para justificar o seu uso: o primeiro porque diminui a disseminação do vírus Covid-19 e o segundo porque é Lei Federal (LEI Nº 14.019, DE 2 DE JULHO DE 2020) e Estadual (Decreto Estadual 64.959). “Muitos hóspedes nos elogiam por nosso cuidado necessário em respeitar os protocolos. Intensificamos a limpeza dos corrimões, 12 vezes por dia. Os botões do elevador são higienizados de meia em meia hora; temos uma equipe de camareiras que limpa os apartamentos e uma outra equipe que monta a cama e organiza o quarto”, enumera. Para mantermos o hotel funcionando e garantir a saúde dos nossos 400 funcionários – e também de suas famílias – teremos que manter os protocolos enquanto for necessário, concordando com ele ou não”, finaliza.
Quem é Marcelo Marcelo Picka Van Roey?
Graduado em Tecnologia em Hotelaria pelo Centro Universitário Senac, em Administração de Empresas pela Universidade Mackenzie e com MBA em Economia do Turismo pela USP, Marcelo iniciou sua carreira profissional na BSH International como Consultor e Asset Manager de propriedades hoteleiras. Atuou como professor de desenvolvimento de projetos hoteleiros em diversas faculdades, incluindo o Centro Universitário Senac. Em 2005, assumiu a coordenação da área de hotelaria do Senac São Paulo. No mesmo ano, recebeu o desafio de comandar os hotéis-escola Senac, onde atua até hoje, sendo responsável pelo Grande Hotel São Pedro e Grande Hotel Campos do Jordão.
*InFOHB; Observatório do Turismo de São Paulo; Visite Campinas; ACE Ilhabela, Caraguatatuba e São Sebastião; dentre outras
**Paulo Atzingen é jornalista