Ação de plantio de mudas, acompanhada pelo Instituto Brasileiro de Defesa da Natureza nesta sexta-feira (2), se soma a medidas sustentáveis adotadas pelas unidades
Por Bruno Almeida (texto e fotos), especial para o DIÁRIO*
Uma ação de plantio de mudas de espécies nativas da Mata Atlântica, nesta sexta-feira (2), coroou uma série de ações sustentáveis promovidas pelos hotéis Ibis Santos Valongo e Novotel Santos Gonzaga. Com as medidas, que incluem a diminuição do consumo de energia elétrica e da queima de combustíveis fósseis, as unidades de Santos (SP) alcançam pelo terceiro ano consecutivo a certificação de Hotéis Neutros de Carbono, selo concedido pelo Instituto Brasileiro de Defesa da Natureza (IBDN). Os dois hotéis são os primeiros do Brasil com o selo e, atualmente, os únicos a conquistarem a chancela três vezes.
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Cerca de 30 mudas de espécies nativas da Mata Atlântica foram plantadas na Ecofábrica da Zona Noroeste de Santos. Neste ano, um total de 1.279 mudas ainda devem ser plantadas pelos representantes dos dois hotéis, em outros pontos de áreas consideradas degradadas. Elas se somam às cerca de 2.000 mudas plantadas no Parque Ecológico do Tietê, na capital paulista, em 2022 e 2023. Juntos, os hotéis ficam responsáveis pela recuperação de 6.400 mil metros quadrados da Mata Atlântica paulista.
Ecofábrica
A tarde começou com explicações sobre o trabalho realizado na Ecofábrica e orientações para o plantio correto das mudas. Mesmo com a forte chuva que caiu no litoral de São Paulo nesta sexta-feira, o grupo de 20 pessoas seguiu com o plantio em uma praça ao lado da unidade.
Esta ação tem ligação com o compromisso global da Atrio Hotel Management, empresa especializada no desenvolvimento, implantação e gerenciamento de hotéis de negócios e lazer e que administra o Ibis Santos Valongo e o Novotel Santos Gonzaga, em contribuir para a preservação do planeta e tentar ajudar a frear as mudanças climáticas. “A gente quer fazer isso em todas as localidades em que estamos presentes. Essa iniciativa de redução de carbono começou aqui em Santos como uma demanda vinda dos proprietários dos hotéis e de investidores. Logo vimos a importância e queremos fazer mais e mais”, explica Beto Caputo, CEO da Atrio.
Agenda ESG
Seguir tendências sustentáveis no setor de turismo já é algo obrigatório, na avaliação de Caputo. “Não existe turismo sem sustentabilidade. O turista quer ver as coisas preservadas, quer ver beleza natural. E o impacto financeiro também vai vir cada vez mais rápido. O turista está olhando quem está fazendo sua parte na agenda ESG”, concluiu o CEO da Atrio.
O plantio das mudas nesta sexta-feira se soma a outras ações promovidas pelas duas unidades de Santos ao longo do ano passado, que culminaram na renovação do certificado emitido pelo IBDN. Entre elas, está a revisão do processo de aquecimento de água do Ibis Santos Valongo que passa a contar com a instalação das bombas de calor, que diminuem o consumo de gás para este procedimento.
Lixo eletrônico
Outro ponto ligado à sustentabilidade é a doação de dezenas de aparelhos de televisão que seriam transformados em lixo eletrônico. Na Ecofábrica, eles ganham um novo ciclo de vida, evitando passar por descarte.
Ao DIÁRIO, Rogério Iório, presidente do IBDN, instituto responsável por certificar os hotéis, explicou que entre os critérios para conquistar o selo estão a diminuição da queima de combustíveis fósseis – que no caso de hotéis aparecem nos aquecedores de quartos, por exemplo – e na diminuição do consumo de energia elétrica
“Passamos por um momento em que as questões climáticas não são algo que ainda irão acontecer. Elas já estão acontecendo”, disse Iório. “O Brasil assumiu o compromisso no Acordo de Paris de reduzir em 50% as emissões de carbono até 2030. Se a gente quer ajudar o Brasil a alcançar suas metas, todos têm de fazer sua parte, como a Atrio e estes hotéis de Santos”.
Ele ainda elogia a iniciativa da operadora em ainda neutralizar carbano nos escritórios da administradora. “Mostra a preocupação da Atrio e dos investidores, que também estão envolvidos com a causa”.
Orgulho e compromisso
Flavio Dias Patrício, investidor e um dos idealizadores do projeto, entende que a ideia da neutralização da emissão de carbono exigirá plantios como o desta sexta-feira “todos os anos”.
“Você não precisa destruir o meio ambiente para ter riqueza. O engajamento de todo mundo nessa questão é muito importante. E aqui você percebe todo mundo engajado: investidores, operadora, trabalhadores e hóspedes”, conta.
João Carlos Ferreira Pinto, também investidor, sai da ação desta sexta com “orgulho” dos resultados. “Gratidão total pelo apoio dos investidores. Todos, sem exceção, desde que fizemos a primeira iniciativa três anos atrás, foram favoráveis. O sentimento é bom por ver o nosso negócio da hotelaria, que fomenta empregos e tem uma cadeia tão positiva, contribuir ainda mais, agora com o planeta. Vamos poder deixar para um legado”, reflete.
Os gestores dos hotéis também saíram satisfeitos. Gerente-geral do Ibis Santos Valongo, André Helfer explica que a produção de resíduos nos 240 quartos é volumosa, mas que o trabalho de triagem, destinação correta e reciclagem vem gerando resultados que ultrapassam os limites do hotel que administra. “A equipe envolvida também acaba levando as boas ações de sustentabilidade para dentro de casa”, diz Helfer.
Fabiano Reis, gerente do Novotel Santos Gonzaga, conta que as ações sustentáveis já fazem parte do dia a dia da equipe. “Todos querem contribuir com o meio ambiente. Tem gente que deixou o ônibus para ir trabalhar de bicicleta. Além disso, empresas que têm que escolher um hotel e também precisam fazer a neutralização de carbono, optam pelo Novotel porque já estamos alinhados no assunto”, explica Reis.
Bom prá todos
“É bom para a cidade e para a natureza. É a revitalização de uma área que era um descarte, uma área abandonada. Em parceria com os hotéis, a gente revitaliza uma área toda. É bom para crianças, para idosos. Então é um meio de contemplar a natureza. A intervenção com as empresas é algo que ocorre muito rapidamente, não gasta muito. Com poucos recursos você recupera o espaço”, afirma Anderson de Oliveira Camargo, atual coordenador da Ecofábrica de Santos, onde há aulas e oficinas de áreas como marcenaria, carpintaria e alvenaria, reaproveitando materiais que seriam jogados fora na cidade.
*Bruno Almeida é jornalista colaborador do DIÁRIO