O ano de 2024 marcou um período de crescimento expressivo para o emblemático Hotel Nacional, no Rio de Janeiro, afirma Francisco Guarisa, diretor de Marketing da propriedade. Em entrevista ao DIÁRIO DO TURISMO, ele revelou que a ocupação superou 70% no segundo semestre, impulsionada por eventos internacionais de destaque, como o G20. O executivo também destacou a implementação de melhorias operacionais e investimentos em treinamento, reforçando o compromisso do hotel em resgatar seu status como uma referência da hotelaria brasileira.
O olhar para o futuro é igualmente promissor. Com projetos envolvendo inteligência artificial e realidade aumentada, previstos para março de 2025, o Hotel Nacional busca elevar a experiência do hóspede e fortalecer seu posicionamento. Além disso, a conexão com a história e a cultura do Rio de Janeiro segue como prioridade estratégica. “Quem se hospeda aqui, se hospeda em uma obra de arte”, define Guarisa, ressaltando a singularidade arquitetônica e o acervo artístico do hotel, que é patrimônio cultural da UNESCO. Confira a entrevista concedida ao jornalista Paulo Atzingen, editor do DT:
DIÁRIO – Guarisa, pode fazer um balanço geral de 2024, o ano que está indo embora?
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FRANCISCO GUARISA – De ocupação tivemos um crescimento significativo, especialmente no segundo semestre com uma média acima de 70% com alguns picos ocasionados por grandes eventos, um deles foi o G20 que foi um evento importante para o hotel, não só por ter hospedado toda a delegação da Índia e parte da delegação da Nigéria, o que gerou um resultado bem expressivo. Iniciamos uma série de melhorias de processos, o alinhamento de comunicação trabalhando potencialmente todo esse foco nessa releitura, nesse resgate do hotel, nessa memória do hotel, nessa importância do Hotel Nacional para hotelaria brasileira. Então isso foi uma grande preocupação que nós tivemos aqui de trabalhar e de resgatar e com esse resultado nós conseguimos ter essa melhoria de ocupação e resgatar essa presença do hotel na mídia, e isso para nós foi muito importante, rever alguns processos internos e investir em treinamento. A nossa gerência geral fez um trabalho incrível, também internamente, além das várias contratações de profissionais de peso que foram feitas.
DIÁRIO – A respeito de inovações tecnológicas que impactam no marketing. O que o Nacional tem feito nesse sentido?
FRANCISCO GUARISA – Alguns projetos eu não posso ainda falar e detalhar porque eles estão ainda sob sigilo, mas nós estamos agora fechando uma série de inovações que envolvem Inteligência Artificial e realidade aumentada para melhorar a experiência do hóspede aqui no hotel. Isso tudo está sendo trabalhado, a nossa expectativa é que a partir de março (de 2025) já tenha algumas novas ferramentas e novas formas de relacionamento com o nosso cliente, seja ele um hóspede ou um multi-proprietário. Para quem não sabe o hotel é uma multipropriedade que vende frações, então tudo para melhorar essa experiência é válido e para trazer parcerias também para dentro do hotel. Mas especificamente em tecnologia, estamos investindo em muita coisa, não só nos quartos, mas também em versões mobile para melhorar essa experiência e o relacionamento principalmente com o hóspede.
DIÁRIO – A plataforma de vendas de vocês é própria? Vocês trabalham com as OTAs (Online Travel Agencies)?
FRANCISCO GUARISA – Sim, e trabalhamos com todas as plataformas. Hoje as OTAs têm uma importância para todos e para nós também. Esse foi um dos pontos que trabalhamos esse ano, ou seja, rever todo o nosso portal. Lançamos no meio do ano um portal totalmente novo, fizemos a visão 360º de todos os quartos, 360º dos espaços corporativos e vamos atualizar o nosso site e estamos finalizando melhorias no próprio site com o canal de informações e não só de venda, mas também de conteúdo porque para nós é importante pela própria história do Hotel. (Confira o site do Hotel Nacional)
CONFIRA IMAGENS DO HOTEL:
DIÁRIO – Fale um pouco dessa história do Hotel Nacional..
FRANCISCO GUARISA – Temos um hotel que é patrimônio histórico e cultural da humanidade concedido pela UNESCO, precisamos mostrar isso para as pessoas e resgatar a importância de todas as obras de artes e seus artistas (Carybé, Pedro Correa de Araújo, Burle Marx, Oscar Niemeyer), tudo isso faz desse hotel único, toda a arquitetura e um lobby como esse que não tem um pilar sequer. Tudo isso procuramos valorizar, eu brinco sempre que quem se hospeda aqui, se hospeda em uma obra de arte e de quebra leva um quarto incrível.
DIÁRIO – Guarisa, detalhe o conceito e o posicionamento do Hotel Nacional Rio de Janeiro?
FRANCISCO GUARISA – Quando eu falo do posicionamento de um empreendimento hoteleiro como esse é preciso que se entenda qual é o seu DNA e aí sim alinhar isso com a comunicação que está sendo colocada no mercado. Um ponto que eu coloquei no próprio board (conselho administrativo) do grupo é que o hotel tem que oferecer a melhor experiência hoteleira do Rio de Janeiro. Agora, não preciso falar de luxo até porque o luxo talvez passe por eu tratar você pelo teu nome, o luxo pode passar por eu te dar um atendimento na praia, um atendimento diferenciado, por eu chegar e conseguir entregar um serviço de quarto que supere as tuas expectativas, são detalhes…
CONFIRA IMAGENS DO HOTEL
DIÁRIO – Em um mundo tão ávido por complicar as coisas, a simplicidade às vezes é luxo…
FRANCISCO GUARISA – Exatamente, essa é a nossa preocupação e temos discutido muito isso. Temos aqui uma gerente de qualidade que está fazendo um trabalho incrível exatamente para melhorar essa experiência de recepção, a experiência do hóspede quando vem, temos uma série de pacotes e opções de experiências para eles se hospedarem, o pacote de núpcias, pacote de de aniversário de casamento para poder ampliar essa experiência. É isso que faz, na minha opinião, eu ter uma experiência incrível, porque eu dar uma boa toalha, sinceramente eu não faço mais do que a minha obrigação como um hotel cinco estrelas, mas será que a forma como que eu entrego essa toalha para o cliente talvez seja muito mais importante do que a toalha em si. E é isso que a gente precisa trabalhar e é isso que eu quero trabalhar.
DIÁRIO – A gente vê muito mais turistas estrangeiros aqui no Rio do que em São Paulo ou em qualquer outra cidade do Brasil. Como é que vocês trabalham a comunicação com esses hóspedes internacionais?
FRANCISCO GUARISA – Esse ano nós tivemos um crescimento significativo de hóspedes do Mercosul, especialmente Argentina e Chile, com hóspedes europeus, americanos e alguns do Oriente Médio. Mas potencialmente o Mercosul cresceu significativamente, temos os números de visitação no site e pelo próprio resultado de bookings no hotel, percebemos esse crescimento. Hoje estamos dentro dessa redefinição do orçamento para 2025, faz parte do nosso planejamento intensificar isso e começar a fazer uma comunicação específica nos mercados internacionais. Sejam elas através de parcerias com veículos de comunicação, seja ela diretamente na internet com investimento de mídia. Mas temos um percentual sim que vai ser exclusivamente dedicado a divulgação do hotel no exterior.
DIÁRIO – Quais as prioridades estratégicas de comunicação do Nacional para 2025?
FRANCISCO GUARISA – Como nós fizemos esse ano, queremos intensificar a comunicação institucional do hotel mostrando o hotel como um ativo importante. É um hotel que é a cara do Rio, é um hotel que tem uma identificação muito grande com esse espírito carioca. Se o Rio é vanguarda nada mais vanguarda do que uma obra do Niemeyer, se o Rio é cultura a correlação é direta com o hotel que tem no seu DNA a cultura, por isso que eu digo que o Hotel Nacional é a cara do Rio.
Em 2025, primeiro vamos continuar reforçando toda essa importância histórica e a importância do hotel para o mercado da hotelaria carioca e brasileira, mas também reforçar as vantagens e as facilidades que o hotel oferece para você se hospedar, as vantagens competitivas: localização estratégica, a proximidade de várias atividades culturais e naturais. A gente quer com a comunicação reforçar isso, mas junto a isso eu quero intensificar e por isso aqui nós temos hoje um head de Eventos pra gente trabalhar e trazer para cá eventos importantes, eventos regulares, sejam eles corporativos ou sociais, isso também vai fazer parte do plano.
DIÁRIO – Como é a relação do hotel com a comunidade ao entorno?
FRANCISCO GUARISA – A relação com a comunidade da Rocinha é incrível, nós temos vários profissionais que trabalham no hotel. É uma relação super saudável aqui no bairro, temos uma relação próxima com as associações de moradores aqui também. Quer dizer, o hotel tem um engajamento muito forte aqui no bairro de São Conrado. Até porque se você analisar o Hotel Nacional ele cumpre uma função importante aqui na região, porque o Hotel foi fundado em 1972 e foi quando houve uma contribuição grande para o crescimento socioeconômico do bairro e da região e do próprio Rio. Não tinha mais nada daqui pra lá, e de repente surgiu um hotel que traz grandes eventos, que traz um público diferenciado para hospedagem. Isso tudo movimentou a economia local, trouxe um shopping, trouxe condomínios, contribuiu e contribui para o desenvolvimento socioeconômico do Rio e do Brasil.
*O jornalista Paulo Atzingen viajou ao Rio de Janeiro pela Azul Linhas Aéreas e ficou hospedado no Nobile Design Copacabana (Transcrição de texto: jornalista Clara Silva – DT)
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