Redação do DT (SP)
Ian Gillespie é cidadão do mundo. Porta-voz e Conselheiro da Star Alliance no Brasil, filho de britânicos, nasceu no Peru com passagens pela TACA Linhas aéreas e atualmente é diretor da divisão internacional da Avianca. Nesta entrevista, concedida ao editor do DIÁRIO, jornalista Paulo Atzingen, Gillespie fala sobre o ingresso da Avianca Brasil na Star Alliance no próximo dia 22 de julho, sobre os benefícios que os passageiros e as companhias aéreas têm ao participarem desta aliança global e da entrada, ou não, da Azul Linhas Aéreas Brasileiras ao seleto grupo, já que ela agora tem 61% das ações da companhia estatal portuguesa TAP, já integrante. Acompanhe:
DIÁRIO – A Avianca Brasil ingressa na Star Alliance no próximo mês. Quais são suas expectativas?
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IAN GILLESPIE – Na próxima semana, em Varsóvia, na Polônia, teremos a reunião do Conselho da Star Alliance onde será certificada a entrada da Avianca Brasil; isto feito, no próximo dia 22 de julho ela passa a integrar formalmente a aliança global.
A expectativa realmente é de grande otimismo já que a Avianca Brasil se integrará com a Avianca Internacional que já faz parte do grupo. Isto oferecerá ao mercado brasileiro o alto padrão de conectividade e serviços para todos os passageiros e clientes com todas as 13 companhias membros que operam no Brasil, tendo a oportunidade de exercer, de uma maneira mais eficiente e de alto padrão de serviços, a malha da Avianca Brasil para os clientes deles e, claro, inserir a Avianca globalmente através da aliança em todos os lugares onde existe a presença das empresas da aliança. É uma excelente oportunidade para a empresa e um maior benefício aos passageiros que usam as companhias da Star Alliance.
DIÁRIO – A entrada da Avianca Brasil supre a demanda que a TAM deixou de atender?
IAN GILLESPIE – Exatamente. A TAM era a empresa da aliança que cobria o mercado brasileiro e com a saída, a Star Alliance ficou sem aquela presença no mercado, então, sem dúvida, a entrada da Avianca Brasil vai oferecer à aliança essa conectividade que precisa para um mercado tão importante. Sim, a Avianca Brasil vai tomar o lugar para oferecer aos clientes da aliança a conectividade no país.
DIÁRIO – Além das conexões, quais são os principais benefícios oferecidos pela Star Alliance aos passageiros?
IAN GILLESPIE – Na aliança, cada empresa atua independentemente, com seus próprios produtos, seus próprios voos, sua malha, seus programas de milhagens, seus serviços. Para oferecer o alto padrão ao usuário, a empresa membro tem um nível de atendimento que é autorizado e qualificado pela Star Alliance. Oferece aos clientes uma corrente sem bloqueios para eles possam voar com todas as empresas com a mesma passagem. Em qualquer lugar do mundo onde o cliente esteja, ele terá um local autorizado ou administrado pela aliança para ter o máximo de conforto.
Além disso, as empresas têm os programas de milhagem, que são independentes, cada empresa tem o seu, mas sendo da aliança, esses programas se conectam quando há acordos entre as companhias. Por exemplo, você pode voar em uma empresa da aliança e ganhar pontos e usufruir milhas e pontos em outra empresa do grupo, com as mesmas condições.
Isso significa para o cliente ter um cartão ou um programa de fidelidade com uma das 29 empresas (no mundo) da Star Alliance, com um alto padrão de atendimento, sala vip, etc… É muito atrativo ao viajante.
DIÁRIO – O que é mais significativo, para as companhias aéreas, ser integrante da aliança?
IAN GILLESPIE – Para as empresas aéreas é muito importante porque todas passam a ter o mesmo padrão de atendimento, as mesmas condições para oferecer aos passageiros e os mesmos benefícios para viajantes frequentes; cria-se essa solidariedade com o cliente. Por exemplo, um cliente da Lufthansa que vem ao Brasil, sabendo que a Avianca Brasil faz parte da aliança, vai ter mais tranquilidade ao saber que terá um atendimento do mesmo padrão. Para a companhia aérea (Avianca Brasil) é muito importante, já que, caso o cliente não tenha um conhecimento anterior da Avianca Brasil, através da Star Alliance, vai escolher a empresa.
Para as companhias é muito importante fazer parte da Star Alliance porque a identifica como uma empresa de qualidade e com um nível de atendimento que entrega aos passageiros o que eles esperam receber.
DIÁRIO – Com a compra de uma parte da TAP pela Azul, a Star Alliance convidará a companhia brasileira para se filiar?
IAN GILLESPIE – A Star Alliance está sempre atenta aos mercados importantes para o desenvolvimento do espaço aéreo no mundo. Como tal, a aliança já tem clientes próprios, é a soma dos passageiros dos membros que fazem com que a aliança cresça e desenvolva seus produtos. Precisamos e procuramos empresas com o nível de atendimento, segurança, com toda uma variedade de pontos-chave que um candidato tem que atingir para ser considerado.
O que normalmente acontece é que uma empresa que já é membro da Star é como um padrinho, que indica que em determinada região há uma empresa com a qual trabalha e conhece, tem relacionamento, uma empresa que está se desenvolvendo muito bem, indo pelos caminhos padrão da Star Alliance e gostaria de indicar como uma possível nova candidata. Esse é o caso da Avianca Brasil, que tem como padrinho a própria Avianca Internacional.
A TAP já é um antigo membro da Star, a nova concepção majoritária da TAP irá definir no futuro, mas certamente a Star Alliance tem interesse em ter empresas de qualidade dentro da aliança.