A demanda internacional de passageiros caiu 10,1% em fevereiro em relação ao mesmo período de 2019, o pior resultado desde o surto de SARS em 2003 e uma mudança radical em relação ao aumento de 2,6% no tráfego registrado em janeiro. A Europa e o Oriente Médio foram as únicas regiões que apresentaram aumento de tráfego na comparação com fevereiro do ano passado. A capacidade caiu 5,0% e a taxa de ocupação caiu 4,2 pontos percentuais, atingindo 75,3%.
As companhias aéreas da Europa tiveram demanda praticamente inalterada em fevereiro de 2020 em relação ao mesmo período de 2019 (+0,2%), o desempenho mais fraco da região em uma década. A desaceleração teve influência das rotas de/para a Ásia, onde a taxa de crescimento caiu 25 pontos percentuais em fevereiro em relação a janeiro. A demanda nos mercados da Europa teve um desempenho sólido, apesar de algumas suspensões de voo iniciais nas rotas de/para a Itália. No entanto, os dados de março refletirão o impacto da propagação do vírus na Europa e das interrupções dos voos. A capacidade subiu 0,7% e a taxa de ocupação caiu 0,4 ponto percentual, atingindo 82,0%, o maior entre as regiões.
As companhias aéreas do Oriente Médio registraram aumento de 1,6% no tráfego em fevereiro, uma desaceleração em relação ao crescimento de 5,3% registrado em janeiro, principalmente devido à redução dos voos nas rotas entre o Oriente Médio e a Ásia-Pacífico. A capacidade aumentou 1,3% e a taxa de ocupação aumentou 0,2 ponto percentual, atingindo 72,6%.
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As companhias aéreas da América do Norte tiveram declínio de 2,8% no tráfego em fevereiro, revertendo o ganho de 2,9% obtido em janeiro, quando foram adotadas as restrições internacionais de entrada na região e os voos nas rotas entre a Ásia e a América do Norte caíram 30%. A capacidade encolheu 1,5% e a taxa de ocupação diminuiu 1,0 ponto percentual, atingindo 77,7%.
As companhias aéreas da América Latina sofreram queda de 0,4% na demanda em fevereiro em relação ao mesmo mês do ano passado, que foi uma boa reação ao declínio de 3,5% registrado em janeiro. Porém, o impacto das restrições de viagens relacionadas à COVID-19 será visto nos resultados de março. A capacidade caiu 0,4% e a taxa de ocupação não mudou em relação a fevereiro de 2019, permanecendo em 81,3%.
As companhias aéreas da África apresentaram queda de 1,1% em fevereiro, o resultado mais fraco desde 2015 e uma grande inversão frente ao aumento de 5,6% registrado em janeiro. O declínio foi causado principalmente pela queda de 35% no tráfego na comparação anual no mercado entre a África e a Ásia. No entanto, a capacidade aumentou 4,8% e a taxa de ocupação caiu 3,9 pontos percentuais, atingindo 65,7%, a menor entre as regiões.
A demanda de viagens domésticas caiu 20,9% em fevereiro em relação a fevereiro de 2019, com o colapso do mercado doméstico da China diante das restrições impostas pelo governo chinês. A capacidade doméstica caiu 15,1% e a taxa de ocupação caiu 5,6 pontos percentuais, atingindo 77,0%.
As companhias aéreas dos Estados Unidos tiveram um dos meses mais fortes em fevereiro, com alta de 10,1% no tráfego doméstico. Porém, a demanda caiu no final do mês. O impacto real da COVID-19 será visto nos resultados de março.
“Este é o pior momento da aviação e é difícil ver uma luz, a menos que os governos façam mais para apoiar o setor nessa crise global sem precedentes. Somos gratos aos governos que já anunciaram medidas de alívio, mas muitos outros ainda precisam adotar essas medidas. Nossa análise mais recente mostra que as companhias aéreas podem queimar US$ 61 bilhões de suas reservas de caixa durante o segundo trimestre que se encerra em 30 de junho de 2020. Isso inclui US$ 35 bilhões em passagens vendidas, mas não utilizadas, devido ao grande número de cancelamentos de voos relacionados às restrições de viagens impostas pelos governos. Agradecemos também às agências reguladoras que adotaram regras flexíveis, permitindo que as companhias aéreas emitam vouchers de viagem em vez de reembolsos de passagens não utilizadas; e pedimos que outras façam o mesmo. O transporte aéreo desempenhará um papel fundamental no apoio à recuperação. Mas sem outras ações dos governos hoje, o setor não terá condições de ajudar amanhã”, disse Alexandre de Juniac.