O DIÁRIO recebeu um comunicado na tarde desta quinta-feira (4) do Instituto da Cultura Árabe. No documento, o instituto repudia a decisão dos cantores Gilberto Gil e Caetano Veloso de realizar uma apresentação musical em Tel Aviv, Israel, em 28 de julho. “O ICArabe apoia o Comitê Nacional Palestino da BDS (campanha global de Boicote, Desinvestimento e Sanções) na ação “Tropicália não combina com apartheid”, diz o comunicado.
Os cantores brasileiros têm recebido manifestações públicas para cancelarem a sua agenda em Israel, entre elas a do compositor inglês Roger Waters, que pediu em carta que Gil e Caetano não imprimissem legitimidade a um regime ilegal de ocupação com o show.
Em sua mensagem, Waters recorda dezenas de artistas internacionais que, “preocupados com direitos humanos na África do Sul do apartheid”, se recusaram a tocar por lá na época. “Aqueles artistas ajudaram a ganhar aquela batalha e nós (…) vamos ganhar esta contra as políticas similarmente racistas e colonialistas do governo de ocupação de Israel. Vamos continuar a pressionar adiante, a favor de direitos iguais para todos os povos da Terra Santa”, afirmou.
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Perfil
Ainda, no comunicado, o Instituto descreve seu perfil como uma entidade civil, autônoma, laica, de caráter científico e cultural, que visa integrar, estudar e promover as várias formas de expressão da cultura árabe, antigas e contemporâneas, e encorajar o reconhecimento de sua presença na sociedade brasileira e em todo o mundo. “Entendemos que a cultura tem um papel relevante na promoção da justiça social e que artistas devem enxergar sua arte como formas de combater o desrespeito aos direitos humanos, prática de Israel há mais de 67 anos contra o povo palestino”, diz a nota.
“Gil e Caetano foram os criadores da Tropicália, um movimento que surgiu à época da ditadura no Brasil e que carregava em suas letras e harmonias preocupações críticas da década de 60, construindo pela arte uma elaboração estética da política, desafiando a violência do governo militar.
É inaceitável que tais artistas, que levantaram sua arte por ideais de justiça e liberdade, prestem-se a legitimar um dos Estados mais violentos do planeta, que, diariamente, rouba do povo palestino seu direito à autonomia, à terra, à dignidade e à vida”.
O documento é assinado pela diretoria do Instituto da Cultura Árabe