Publicado originalmente dia 7 de Março
Com o recente anúncio de investimentos de 50 milhões de dólares em um novo hotel 4 estrelas na cidade de Nova York o DIÁRIO foi ouvir José Roquette, Chief Development Officer do grupo Pestana. Ele adiantou algumas peculiaridades do novo negócio, que tem o início das obras previsto para setembro deste ano. “Optamos, em primeiro lugar pela localização e escolhemos o triângulo dourado entre Times Square, o Javis Convention Center e o futuro e gigantesco núcleo corporativo do Hudson Yards, no West side, onde haverá a maior procura hoteleira na próxima década”, adiantou ao DT.
Esta entrevista, concedida ao editor do DIÁRIO, jornalista Paulo Atzingen, José Roquette também adiantou que o modelo de negócio do grupo no Brasil, que é de propriedade e administração, pode mudar: “Temos sido abordados por vários investidores com interesse no setor”, disse. Acompanhe a entrevista exclusiva, abaixo:
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DIÁRIO – O DIÁRIO DO TURISMO participou da abertura do Pestana Buenos Aires, em 2004. O senhor poderia fazer uma síntese dos 10 anos deste hotel?
JOSÉ ROQUETTE: Temos um balanço muito positivo do ponto de vista operacional e de valorização, mas a conjuntura político-econômica é hoje mais restritiva, condiciona repatriação de lucros e por isso limita novos investimentos na unidade.
DIÁRIO – Como foi o processo de análise de um novo investimento, como o de Nova York. Temos informações que foram estudadas 86 oportunidades em NY e foi preciso quase três anos para decidir… Quais foram os fatores que pesaram nesta decisão?
JOSÉ ROQUETTE: Foram estudados 86 projetos em 3 anos e houve negociação avançada em cerca de dez desses casos concretos. Os fatores mais relevantes levados em conta foram:
Em primeiro lugar a localização. Para que possamos servir os mercados e segmentos mais importantes e relevantes optamos pelo triângulo dourado entre Times Square (que conta com mais de 40 milhões de turistas por ano), o Javis Convention Center (que recebe mais de 6 milhões de congressistas por ano) e o futuro e gigantesco núcleo corporativo do Hudson Yards, no West side, onde haverá maior procura hoteleira na próxima década.
Em segundo lugar houve um estudo cuidadoso da concorrência atual, já muito forte em todos os segmentos, e futura, que promete ser ainda mais feroz uma vez que existe um pipeline de 20 mil novos quartos nos próximos 3 a 5 anos.
E em terceiro lugar, obviamente, o custo de desenvolvimento por quarto que sempre condiciona a viabilidade econômica e pode facilitar ou limitar as condições de financiamento.
O empreendimento terá 176 apartamentos, e suas obras começam em setembro de 2015. É uma forte aposta do Grupo.
DIÁRIO – Qual o principal modelo de negócio hoteleiro da rede Pestana no Brasil? Conversão, franquia, administração direta etc. Qual é a que prevalece?
JOSÉ ROQUETTE: O atual modelo no Brasil é ainda de propriedade e administração mas isso pode mudar uma vez que temos sido abordados por vários investidores com interesse no setor, reconhecendo o valor dos nossos ativos no Brasil e também confiando na nossa administração.
DIÁRIO – Com a Copa do Mundo realizada no Brasil, grandes investimentos hoteleiros foram feitos por meio de fundos públicos como BNDES. Entre 2015 e 2016 a oferta de unidades habitacionais de hotéis associados ao FOHB vai crescer 23% com acréscimo de mais de 30 mil UH’s. Qual análise que o senhor faz da hotelaria brasileira em um contexto de economia fragilizada?
JOSÉ ROQUETTE: É preciso ser prudente. Depois da Copa e das Olimpíadas o mundo não vai acabar e o Brasil tem uma economia forte, ainda que enfrente alguns gargalos sérios ao crescimento, alguns desafios importantes, e uma situação política instável. Contudo, nos principais mercados, exceto naqueles em que possa ter havido claros excessos de construção, acreditamos que a demanda acabará por absorver a oferta. Os grandes pólos corporativos terão menos dificuldades, os hotéis /destinos de lazer talvez mais.
DIÁRIO – Vocês recuperaram um edifício em Montevideu e lançaram no final do ano passado um novo hotel no mercado uruguaio. Existem outros planos de abertura na AL para os próximos anos? Se sim, quais e onde?
JOSÉ ROQUETTE: Por enquanto não há nada confirmado, mas há planos sim para a América Latina que adiantaremos assim que os contratos estiverem assinados.