quinta-feira, novembro 27, 2025
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Kempinski Laje de Pedra: renasce em Canela o novo conceito de viver de verdade

O renascimento do Laje de Pedra, em Canela, agora denominado Kempinski Laje de Pedra, começou muito antes das obras que hoje vão dando forma ao novo conceito de viver bem. Em 2018, o consultor e investidor José Ernesto Marino Neto chegou ao local como hóspede e encontrou um empreendimento em ruínas, sem estrutura mínima de operação. A partir desse diagnóstico, nasceu a proposta de transformar o antigo hotel abandonado em um projeto de hospitalidade de alto padrão, com foco em economia compartilhada.

por Paulo Atzingen, de São Paulo – (Transcrição de texto Clara Silva)*

Sete anos depois, o empreendimento avança de maneira robusta — impulsionado por mais de R$ 600 milhões em vendas, capital inicial de R$ 100 milhões e a chancela da Kempinski, a mais antiga rede de luxo da Europa. Em entrevista exclusiva ao jornalista Paulo Atzingen, editor do DIÁRIO DO TURISMO, José Ernesto Marino Neto detalha a linha do tempo, revela bastidores inéditos da negociação com a marca e explica como o Vale do Quilombo e as licenças ambientais moldaram o conceito do novo projeto.

A chegada ao Laje de Pedra e o diagnóstico do antigo hotel

José Ernesto conta que sua relação com o Laje de Pedra começou em 2018, quando foi contratado pela Habitasul como consultor. A primeira visita evidenciou a gravidade da situação.

“Cheguei como hóspede e o hotel estava em péssimo estado. Faltavam equipamentos adequados até no café da manhã e, ao abrir a torneira do banheiro, era possível ouvir toda a tubulação rangendo,” recorda.

Diante do quadro, ele e sua equipe sugeriram uma ruptura completa no modelo de gestão. “Propusemos transformar o ativo em um empreendimento de alto padrão com economia compartilhada. A Habitasul gostou da ideia, mas reconheceu que não tinha recursos financeiros nem talentos humanos para conduzir o projeto.”

Foi então que a empresa pediu que José Ernesto Marino Neto assumisse a venda da propriedade. Não só a venda, mas a busca dos primeiros investidores e a criação da nova sociedade.

Com o mandato, ele iniciou um processo estruturado de M&A (Fusões e Aquisições) e buscou investidores interessados no plano de negócios. A virada ocorreu na conversa com José Paim, da MaxCap. “Ele viu potencial imediato, mas disse que nunca havia investido em hotelaria e só entraria se eu fosse seu sócio,” pondera Marino.

Nascia ali uma sociedade 50/50. Em seguida, o grupo adquiriu o Laje de Pedra e trouxe investidores gaúchos para compor o capital. “Começamos o projeto com R$ 100 milhões em caixa. Hoje já ultrapassamos R$ 600 milhões em vendas de apartamentos compartilhados, com apoio financeiro da Sicredi,” revela. 

O Kempinski Laje de Pedra
O Kempinski Laje de Pedra (divulgação)

O encontro com a Kempinski e a mudança de rota

Após adquirir o hotel em 1º de junho de 2020, Marino Neto iniciou contatos com marcas internacionais. A primeira abordagem foi justamente à Kempinski, com quem já mantinha relacionamento há três décadas — mas a resposta inicial foi negativa.

“Eles disseram que, se a Kempinski viesse ao Brasil, seria para São Paulo. Que nem o Rio de Janeiro interessava no momento, por questões de segurança.”

A pandemia, porém, abriu espaço para uma nova tentativa. Marino Neto pediu duas semanas para apresentar o potencial do empreendimento de forma mais contundente.

“Se Maomé não vai à montanha, nós levamos a montanha até ele. Produzimos um vídeo completo, mostrando o projeto, o histórico da propriedade, o Mercosul, os festivais e a importância afetiva do lugar para as famílias gaúchas.”

Kempinski Laje de Pedra, em Canela, redefine o conceito de luxo integrado à natureza na Serra Gaúcha. - Crédito: divulgação
Kempinski Laje de Pedra, em Canela, redefine o conceito de luxo integrado à natureza na Serra Gaúcha. – Crédito: divulgação

A estratégia funcionou

“Eles reconheceram que havia um ponto forte ali. E assinamos o contrato em 2021, sem que tivessem visitado o local.”

Para ele, o episódio é exemplo de reputação profissional. “Sempre digo aos meus filhos que, se você agir com justiça e honestidade, em algum momento o universo retribui.”

O desenvolvimento arquitetônico e a importância da visão estratégica

O projeto nasceu com o escritório Perkins & Will, mas sempre guiado por um programa de espaços elaborado internamente. Para Marino Neto, o êxito de um empreendimento começa na origem. “O sucesso de um projeto não está apenas na ideia do arquiteto, mas no conceito original e na visão do investidor.”

Com a entrada da Kempinski, o foco passou ao refinamento das áreas técnicas. “Eles nos ajudaram a desenvolver os espaços mais complexos — o back of the house, o fluxo das mercadorias, as cozinhas e toda a operação interna.” A obra avança, e a previsão de entrega é 17 de fevereiro de 2017.

José Ernesto apresenta a maquete do Laje de Pedra Kempinski (Crédito: Paulo Atzingen – DT)

O Vale dos Quilombos como protagonista do novo posicionamento

A reconstrução do Laje de Pedra também redefiniu a relação do empreendimento com o entorno. O Vale do Quilombo tornou-se o elemento central.

“Criamos um projeto em que a natureza é a protagonista. Em praticamente todos os espaços, o hóspede terá vista para o Vale do Quilombo. Isso foi prioridade.”

Mesmo com a demolição quase total da estrutura antiga, as questões ambientais não geraram entraves técnicos. “Respeitamos integralmente a legislação. O único desafio foi a lentidão do serviço público: esperávamos as licenças em até dez meses, mas o processo levou dois anos.”

O conceito da marca sintetiza essa visão: “Nosso slogan é: o luxo é a nossa natureza.”

Entrando mais no Laje de Pedra:

O design de interiores é de Anastassiadis Arquitetos, que também assina a decoração de outros hotéis relevantes no Brasil, como o Palácio Tangará e o Fairmont Copacabana. A arquiteta responsável, Patricia Anastassiadis, é referência em hotelaria de alto padrão. Já o paisagismo, que integra a natureza à área interna do hotel e residências, é de Sergio Santana, um dos maiores nomes da arquitetura e desenho de paisagem do país.

O hotel abrigará 4 piscinas, sendo uma com borda infinita para o Vale do Quilombo e outra no rooftop, com vista privilegiada, além de piscina interna aquecida e kids. Em termos de bem-estar, haverá um Spa com mais de mil metros quadrados, com vista para o Vale do Quilombo. Como adiantou José Ernesto, a previsão de abertura é fevereiro de 2027. 

*O jornalista visitou o Kempinski Laje de Pedra a convite dos empreendedores

 

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