Por Agência Brasil
A Câmara Municipal de Lisboa, em coordenação com a Polícia de Segurança Pública (PSP), tem instalado barreiras de proteção antiterrorismo em zonas turísticas da cidade como o Chiado, a Rua Augusta e o Mosteiro dos Jerônimos, em Belém.
Nos locais, onde passam milhares de turistas e portugueses diariamente, foram instalados blocos de cimento e pilares de metal para evitar que veículos possam invadir as ruas, como ocorreu nos ataques a Barcelona, Nice e Berlim.
De acordo com comunicado divulgado pela Câmara de Lisboa, as “soluções são compatíveis com o acesso rápido para eventuais operações de socorro, em particular por parte de bombeiros e ambulâncias”.
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A instalação das barreiras ocorreu após os ataques na Espanha, reivindicados pelo grupo terrorista Estado Islâmico, no último dia 17. Até o momento, já foram registradas 16 mortes – incluindo as de duas portuguesas; mais de 100 feridos; e 24 internados, cinco em estado crítico.
A preocupação do governo português com a segurança dos turistas não se restringe a Lisboa, englobando também cidades como Fátima, Coimbra e Porto. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística de Portugal (INE), em 2017, apenas até abril, Portugal já havia recebido mais de 5,3 milhões de turistas, um aumento de quase 11% em relação ao ano passado. A estimativa é de que sejam 21 milhões de turistas este ano, um recorde para o país, que tem 10,3 milhões de habitantes.
Após os ataques nas cidades espanholas, o Comando Metropolitano de Lisboa divulgou comunicado em sua página do Facebook em que afirma que, há alguns meses, já vinha reforçando a vigilância e segurança em áreas de maior concentração de pessoas.
De acordo com a nota, apesar de o grau de ameaça terrorista em Portugal se manter moderado, não sofrendo alterações, a PSP [Polícia de Segurança Pública], em coordenação com a CML [Câmara Municipal de Lisboa], implementa medidas que já vinham sendo estudadas há algum tempo, antes dos recentes atentados em Barcelona. Essa intervenção está sendo feita na região do Chiado, na Rua Augusta e no Mosteiro dos Jerónimos, além de outros locais da área de jurisdição do Comando Metropolitano de Lisboa sempre que necessário.
Para o português Felipe Pathé Duarte, professor universitário e membro do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT), a proximidade geográfica entre Portugal e Espanha tem um forte impacto psicológico, mas não torna Portugal um alvo mais específico para o Estado Islâmico.
“O contexto espanhol é completamente diferente do português. Ao contrário de Portugal, que não é citado em vídeos ou redes sociais, a Espanha tem sido alvo de ameaças diretas e concretas. Há nas redes uma procura de pessoas que falem espanhol para abrir o movimento a mais recrutas – desde 2004, cerca de 700 potenciais jihadistas foram presos. Além disso, a comunidade muçulmana é muito mais alargada do que aqui (em Portugal) e com sinais de radicalização” afirma Duarte, que defende a eficiência das barreiras antiterroristas, mas ressalta a importância do reforço presencial da polícia.
O comunicado da Câmara Municipal de Lisboa alerta para as medidas que devem ser tomadas pela população em caso de ataque: fugir, proteger-se e ligar para a polícia. O texto diz: “Fugir: esta é a melhor opção para se proteger. Não tente enfrentar, não tente negociar. Proteger: esconda-se, barrique-se num edifício ou estabelecimento até que as autoridades cheguem ao local. Ligar: use o 112 (número de emergência em Portugal). A sua descrição dos acontecimentos pode ajudar a polícia. Se estiver escondido, diga onde se encontra, isso vai facilitar o seu socorro”.
De acordo com a polícia, as fronteiras estão sob vigilância reforçada, assim como a marcação de reservas em hotéis e locadoras de veículos. Os próximos eventos de grande porte, como shows de música, espetáculos ao ar livre e jogos de futebol também serão alvo de especial atenção por parte das autoridades.