por Paulo Atzingen*
Andrea Nakane e Francisco Vieira nos incitam às perguntas: “será que somos realmente educados? Para onde foi a nossa gentileza?”
Cada vez que me aproximo de um livro e de seu autor imediatamente me interesso por seu conteúdo porque sei que aquele feixe de páginas reflete seu rosto, seu espírito, sua mente, seja o conteúdo um exercício de ficção ou uma tese da realidade. É muito instigante saber um pouco sobre a história do autor – além daquela apresentada na orelha do livro. É muito bom constatar que algumas profissões de fé, como a do professor, do pedagogo, do escritor, do cientista, dos educadores de modo geral, resistem ao achincalhamento da cultura do saber (que está aí derramada na publicidade e na auto-promoção de ídolos e celebridades) e estimulam ainda o exercício da descoberta e à prática acima, muito acima do blá-blá-blá..
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O livro Excelência em Comportamento Profissional * Etiqueta Contemporânea – Civilidade que gera Hospitalidade – lançado nesta terça-feira (11) no Club Homs em São Paulo, em um primeiro momento – para aqueles que ainda conseguem julgar livro pela capa – passa-nos a impressão que se trata de uma publicação técnica – enfadonha – e que apresentará procedimentos de como se portar à mesa, de como apresentar-se em uma cerimônia ou de como nos dirigir a uma autoridade em um email, por exemplo. Sim, o livro traz tudo isso, mas em uma linguagem gostosa (sem o bolor dos compêndios oficiais ou patrocinados por alguma corrente ideológica) e com o estilo leve de dois profissionais que encarnam em suas trajetórias profissionais o que são: educadores.
Reflexões
Andrea Miranda Nakane e Francisco de Canindé Gentil Vieira, são o que são, educadores em sua gênese e não são pagos para produzir livros (produzem porque possuem força motriz, amor, prazer no que fazem) e em seu livro, mais do que apresentarem normas e um conjunto de formalidades que ocorrem no mundo empresarial e social, oferecem aos que lêem as seguintes reflexões: “será que somos realmente educados? o orgulho de ter uma cultura própria e autóctone até quando é sustentável diante de um mundo globalizado e múltiplo? Para onde foi a nossa gentileza? (se é que ela realmente existiu para alguns).
O livro Excelência em Comportamento Profissional * Etiqueta Contemporânea – Civilidade que gera Hospitalidade – da editora Viena não é um tijolo de celulose que tomará muito tempo para a leitura. Além de democratizar as horas do leitor, na estrutura do trabalho e nos próprios títulos do livro, os autores foram democráticos e procuraram chamar a atenção para dois aspectos do mundo contemporâneo, em especial ao tupiniquim. Primeiro oferecem lembretes, dicas, toques ao mundo corporativo e que ajudarão a melhorar a postura profissional em ambientes de trabalho. Mas em segundo lugar, em um tom que beira a crítica à nossa sociedade, o livro coloca à luz elementos rudimentares da educação – que parecem ter desaparecido com o excesso de tecnologia e a extinção de professores – e reforça o cuidado que devemos ter em nosso dia-a-dia, seja com nossos amigos, chefes, subordinados e porteiros de prédio.
Este trabalho de educadores nos faz crer que, mesmo em meio a um oceano de grosserias, estupidez e violência em uma sociedade que a pouco tempo completou 500 anos de descobrimento, é importante continuarmos aprendendo e nunca achar que um computador de mão nos dará tudo. Esse trabalho de educadores nos faz crer que, mesmo em meio a essa crise avassaladora que o pais atravessa, em que a busca por dinheiro e por poder chega a ditar regras de comportamento (e temos uma indústria que cria e gera isso), mesmo assim, possuímos ainda a chance e a oportunidade, todo dia e a toda hora, de olharmos para o lado e sermos gentis.
* Paulo Atzingen é jornalista e fundador do DIÁRIO DO TURISMO