por Bayard Do Coutto Boiteux* (com edição)
Há vários dias, Mariana continua presente em nossas vidas, de forma triste e mostrando o descaso que as autoridades têm pelos produtos culturais e naturais do país. Podemos afirmar que de alguma forma a Samarco cometeu um crime contra a humanidade. A lama que chegou ao Espirito Santo acabou com um Rio, várias espécies deverão ser exterminadas e até hoje não sabemos o número exato de vítimas. Triste ver a venda de água com preços superfaturados ou a população brigando, na verdadeira aceitação da palavra, para obter água mineral.
Sim, há algo que não consigo entender: tantas leis, tantos discursos sobre sustentabilidade e na hora de um acidente, as sirenes não tocam pois a população não havia solicitado. E as multas, que não são pagas e que podem ainda ser rejeitadas. É muito triste viver num país sem punição efetiva mas sobretudo sem fiscalização.
Novamente, autoridades mineiras e federais discutem as responsabilidades, acusando as demais para que não seja imputado a nenhum órgão a verdadeira culpa, no sentido maior pela ineficácia dos procedimentos de fiscalização.
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Mais atemorizado, fico ainda quando vejo que as autoridades do executivo e do legislativo tiveram campanhas arcadas por mineradoras e que assim ficam quase que impedidas de gritar, gritar e fazer algo mais concreto.
O mundo passa por grandes crises de violência, identidade mas também de falta de planejamento, fiscalização e apreço pela vida humana, pelo esforço de populações que tiveram suas histórias apagadas e que parecem viver “de favor” em hotéis, sem saber algumas dos seus e do pouco que restou de suas vidas.
Eu sofro muto com tanto descaso e clamo por uma atitude mais verdadeira dos que nos governam e legislam por um país melhor.
Je suis Mariana.
* Bayard Do Coutto Boiteux é gerente de turismo do Preservale, coordenador do curso de Turismo da Unisuam e presidente do Site Consultoria em Turismo.(www.bayardboiteux.