Mesmo com perda acumulada, serviços crescem pelo 4º mês seguido

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Em setembro, o volume de receitas do setor de serviços cresceu 1,8% na comparação com agosto, já descontados os efeitos sazonais. Segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada nesta quinta-feira (12) pelo IBGE, esse foi o quarto mês consecutivo de avanço no volume de receitas após o setor acumular retração de 18,9% entre março e maio deste ano.

REDAÇÃO DO DIÁRIO COM DADOS DA CNC (por Paulo Atzingen)


Na comparação com o mesmo mês do ano passado, houve variação negativa (-7,2%) pelo sétimo mês consecutivo. O setor de serviços ainda acumula perda 8% desde o início da pandemia.

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No lugar de retomada, sobrevivência

Em entrevista exclusiva ao DIÁRIO, o presidente da Associação Brasileira de Hospedagem e Alimentação – FBHA, Alexandre Sampaio afirma que muita gente está usando o termo retomada, mas segundo ele, o termo mais apropriado seria sobrevivência. “As empresas estão hoje muito aquém de seus números saudáveis de faturamento, apesar de algumas terem se recuperado – mas aí entra outras variáveis como localização, tipo de atividade, caixa de resguardo etc;  mas de maneira geral as empresas estão se recuperando e no melhor termo para o momento, estão sobrevivendo”, disse Alexandre ao DIÁRIO.

Para o executivo, há um desejo firme do cliente, do consumidor em sair da quarentena, principalmente os brasileiros, mas é preciso, segundo ele, a garantia de um processo seguro de hospedagem e de alimentação. Por outro lado, Sampaio afirma que os preços estão relativamente aquém dos valores praticados antes da pandemia. “Os hotéis urbanos que têm mais competição entre si estão com os preços deprimidos. Os  resorts nos fins de semana vêm tendo uma ótima ocupação, mas durante a semana o movimento é baixo. Para se ter uma ideia, os hotéis urbanos estão trabalhando com 18% a 25% de ocupação média, 35% a 40% nos finais de semana e nos feriados chegam até a 100%”, enumerou.

Pesquisa da Morgan Stanley

Para o presidente da FBHA, os restaurantes estão em um processo razoável de recuperação, embora muitos tenham ficado pelo caminho. “O delivery salvou muita gente. mas as taxas de intermediação foram muito cruéis na depreciação da margem (de lucro)”, analisa.

Alexandre chama atenção para uma pesquisa apontada pelo Morgan Stanley de que os  restaurantes no Brasil estão se recuperando em um ritmo mais rápido do que o de restaurantes da América Latina e da Europa.

“Dados deste estudo (Google Mobility Trends), citados em um relatório do banco americano, apontam que o Brasil possui a menor queda no trânsito de pessoas que estão consumindo em restaurantes entre alguns outros países da América Latina e da própria Europa”, afirma Alexandre ao DIÁRIO. 

Perda acumulada

Segundo levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), já com dados de outubro, a perda acumulada pelo Turismo desde março totaliza R$ 228,6 bilhões. Embora menos intensas desde maio, tais perdas levam o setor a operar atualmente com apenas 29% da sua capacidade mensal de geração de receitas.

Indicadores evidenciam a gravidade da crise no Turismo brasileiro nos últimos meses.

Somente no segundo trimestre deste ano, segundo pesquisa recente da CNC o setor registrou um saldo negativo de 49,9 mil de estabelecimentos com vínculos empregatícios.

Consequentemente, de março a setembro o setor eliminou 489,2 mil postos formais de trabalho (equivalentes a 13,5% da força de trabalho dessas atividades) segundo as estatísticas mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apurado mensalmente pela Secretaria do Trabalho, ligada ao Ministério da Economia.

A tendência é que as atividades terciárias sigam apresentando lenta reação até o fim de 2020 na medida em que as medidas de estímulo à economia adotadas no auge da pandemia tendem a produzir impactos menos significativos daqui para frente. Diante deste cenário, a CNC revisou de – 5,9% para -6,4% sua previsão para a variação do volume de receita dos serviços ao fim de 2020. Para o turismo, a tendência é de que o faturamento real do setor encolha 37,1% neste ano com perspectiva de volta ao nível pré-pandemia no terceiro trimestre de 2023.

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