Mamífero marinho quase chegou à extinção em meados do século XX, mas sua população volta a crescer
Quando o turista avista uma baleia Jubarte (Megaptera novaeangliae) dando seu salto para fora do mar vários sentimentos saltam dele também neste segundo eterno: uns gritam de alegria, outros tremem de emoção e se paralisam, em alguns, o coração dispara e choram, muitos fotografam, atônitos.
por Paulo Atzingen (colaborou Patrícia de Campos)
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Esse contato carregado de espanto e deslumbramento entre o homem e as baleias Jubarte tem aumentado a cada ano nessas nossas águas nacionais e a edição de 2021 – que começou antes do previsto – promete ser umas das mais espetaculares das que se tem notícia.
É o que se constata ao ouvirmos Júlio Cardoso, conselheiro do Instituto Baleia Jubarte – (IBJ) e pesquisador de cetáceos do Projeto Baleia à Vista. Segundo ele, em nosso litoral, do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, o espetáculo de avistamento de baleias Jubarte vem acontecendo mais cedo a cada ano porque o número de indivíduos cresceu.
“O primeiro avistamento este ano aconteceu dia 8 de abril, aqui mesmo em São Sebastião. Elas estão vindo em grande quantidade, já que este ano o início da migração aconteceu antes do previsto”, afirma Cardoso. Ele lembra de relatos de amigos e biólogos na Argentina que falam de avistamento da baleia no início de abril. Cardoso trabalha há 17 anos com monitoramento de cetáceos junto à bióloga e fotógrafa Arlaine Francisco.
Júlio explica que a Jubarte é uma espécie migratória, que passa os verões nas águas frias em áreas temperadas ou polares e que se reproduz em climas tropicais ou subtropicais. “Elas percorrem distâncias de mais de 25.000 km ao ano, geralmente em grupos de duas a três”, detalha.
Números
Cardoso está contente com o número de baleias que tem observado em seu trabalho de monitoramento – e de fotógrafo – à frente do Projeto Baleia à Vista. Contente sim, mas não surpreso. E ele explica o motivo:
“Estima–se que a população de Baleias Jubarte no Atlântico Sul, antes da caça e da pesca industrial girava em torno de 30 a 40 mil indivíduos. Nunca existiu ou foi possível uma contagem precisa. Com a ameaça de extinção, foi proibida a caça em 1986. De lá para cá o número cresceu, estima-se que temos hoje 20 mil baleias jubartes só no Atlântico Sul”, deduz.
“Elas estão ficando”
Nessa experiência de avistar e estudar baleias tudo gira em torno de fenômenos ainda não muito claros e cientificamente pouco exatos, explica Júlio. “Elas estão passando e ficando um pouco mais, dois a três dias”, celebra o pesquisador, que tem base em Ilhabela, litoral de São Paulo. “Tudo é muito novo; é um comportamento que exige estudos de várias décadas”, apura o técnico.
Júlio detalha que a grande quantidade de Jubartes que vêm para a costa são, em geral, indivíduos jovens. “Tem sido mais fácil observar as jovens – de dois a três anos – que chegam a ter seus nove a dez metros. Uma adulta chega a ter 16 metros de comprimento e a pesar de 30 a 40 toneladas”, quantifica.
Costeando Santa Catarina
O guia de turismo, Julio Vicente, de Imbituba (SC) também comemora a chegada das baleias jubarte. “O número de baleias jubarte está crescendo muito por todos os mares. A quantidade é tanta que elas estão costeando por Santa Catarina. Ontem entrou uma baleia no rio Itajaí-Açu”, descreve ao DIÁRIO.
Segundo ele, na última semana passaram mais de 15 baleias na Costa Sul Catarinense. “Nesse momento as baleias que passam são juvenis. Jovens adolescentes em busca de aventura. As que estão prenhes, ainda estão para chegar. “Elas vem de lá (sul da América do Sul e Antártica) e viajam cinco mil quilômetros. Elas demoram cerca de três meses para chegar a uma área reprodutiva”, afirma Julio Vicente ao DT.
Vicente é guia credenciado pelo Cadastur e tem capacitação em manejo de trilhas e observação orientada de cetáceos.
Veja a sequência (Crédito: Catavento Tour)
Mãe e filhote
“A cidade de Prado, tem a honra, segundo a secretária de turismo da cidade, Iracema Ribeirto, de ser um dos pontos de partida das embarcações que saem para essa “viagem de emoções”.
“Quem busca novas experiências e um contato direto com a natureza, não pode deixar de vivenciar um avistamento, é um momento único onde é possível ver um dos maiores animais do planeta, em seu habitat natural, em total liberdade. Quando se observa mãe e filhote nadarem lado a lado, somos tocados por uma energia de tanto amor que nos sentimos realmente uma pequena parte de um todo”. afirma Iracema.
Segundo ela, as embarcações que saem para os passeios são catamarãs, bastante seguros e com todo conforto. Os tours são diários para “avistamento”, com passeios variando de três horas a um dia inteiro, com opção de ir até o arquipélago de Abrolhos, tendo ticket de R$ 180 a R$ 380 por pessoa (embarcações saem para navegação apenas com grupos mínimos de quinze pessoas).
Serviço:
Sao Sebastiao
Capitao Ximango
https://barcocapitaoximango.com.br/Ilhabela
https://www.maremar.tur.br/
Maremar Turismohttps://marevidaecotrip.com.br/
Mar e Vida EcoTrip
Imbituba (SC)
Júlio Vicente – (48) 9.9948 2224 (whats)
Guia Especializado – CADASTUR
Prado (BA)
Catavento Tour
WhatsApp (73) 99941-5042
https://cataventotour.com.br/Sereia de Guaratiba
WhatsApp (73) 98846-2002Cigano Aquamar
WhatsApp (73) 98843-0875
Desde 1986 caça é proibida
Baleias jubarte começaram a ser caçadas no início do século XVIII. No século XIX, muitas nações estavam caçando-as intensamente no Oceano Atlântico e, em menor quantidade, nos Oceanos Índico e Pacífico. No final deste século, foram introduzidos o uso de arpões explosivos para aumentar ainda mais a caça.
No século XX, ao menos duzentas mil baleias foram capturadas. A caça comercial de baleias expandiu-se pelo mundo, devastando grandes populações e reduzindo muitas espécies a menos que 10% de sua abundância original. A superexploração de muitas espécies resultou na criação da Comissão Internacional Baleeira em 1946 como um meio de regular a indústria baleeira, mas grandes números de baleias continuaram a ser mortas. Alguns países (Espanha, França, Holanda, Inglaterra) renunciaram a esta atividade de forma voluntária. Para impedir a extinção das baleias, uma moratória internacional foi instituída, em 1986, proibindo a caça comercial que continua sendo aplicada atualmente. Quando esta moratória foi decidida, as baleias eram já tão raras que sua caça não era rentável. Oficialmente tinham-se caçado 250 mil exemplares, mas provavelmente o número era muito maior. Após a moratória, o crescimento populacional foi verificado para a maioria das subpopulações.
As espécies de baleias foram muito exploradas no Hemisfério Sul, tanto em locais costeiros como em águas pelágicas na maioria dos oceanos. Desde 1987, estão protegidas em águas brasileiras pelo Decreto Lei n° 7643 de 18 de dezembro de 1987, que proíbe a caça e molestamento intencional de cetáceos em nossas águas. (Wikipédia com Edição do DT)
As baleias ainda sofrem ameaças, como colisão com embarcações, emalhamento em redes de pesca, poluição sonora e do mar.