RETRÔ 2018 – Publicado dia 14 de fevereiro
“O principal objetivo do parque é pedagógico-cultural. A proposta dos empresários é incentivar as pessoas a descobrirem os enigmas do universo”, esclarece o astrônomo
Por Paulo Atzingen*
Existe vida entre as estrelas? O que é um Buraco Negro? O sol pode explodir? Essas são algumas das indagações mais comuns feitas por estudantes, por jovens e também por adultos a Emerson Roberto Perez, astrônomo residente do Museu Aberto de Astronomia (MAAS) que funciona em Joaquim Egídio, interior de São Paulo, desde agosto de 2016. “São astronômicas as dúvidas que as pessoas têm sobre o espaço”, brinca Perez usando termos de seu arsenal galáctico.
Com uma área de 700 mil metros quadrados adquirida por quatro empresários paulistas, o MAAS integra o Parque Pico das Cabras, a cerca de 1.100 metros de altitude e com uma vista privilegiada de toda região de Campinas. Esse parque tem como atrações telescópios para observar estrelas de noite e de dia, rádio-telescópio para captar sons do espaço, passarelas bem sinalizadas e seguras e uma área salpicada de monolitos gigantes previamente instalados ali há milhares de anos para ajudar no cenário. O museu astronômico começou a funcionar a menos de dois anos e se integrou à geografia e ao “astral” do lugar. Mas o MAAS tem mais.
Veja também as mais lidas do DT
Objetivo Pedagógico Cultural
Sem revelar o investimento – Emerson na verdade é o homem responsável por números astronômicos e não econômicos – Perez nos leva a uma visita guiada. Ele labuta na área há 25 anos, já trabalhou e dirigiu observatórios astronômicos em várias partes do país e, após um acirrado processo seletivo, conquistou o posto de astrônomo residente do MAAS.
“O principal objetivo do parque é pedagógico-cultural. A proposta dos empresários é incentivar as pessoas a descobrirem os enigmas do universo”, esclarece o astrônomo. Inúmeras escolas da região já agendam visitas durante a semana, informa o astrônomo.
Abertura e Luminosidade
“A este telescópio com 10 polegadas se juntará um outro de 16 que já foi instalado no MAAS e será aberto ao público no primeiro semestre”, adianta Perez enquanto a cúpula da sala é aberta para o céu da tarde aparecer sobre as cabeças. “As boas condições meteorológicas são vitais para a observação dos astros. Na astronomia, o que vale é o grau de abertura do telescópio e a capacidade de absorver luz do céu”, ensina Perez em seu dialeto científico.
Sala da galáxia
Perez nos leva ao espaço Gaya, um conjunto de salas onde estão distribuídas pelas paredes fotos de planetas e satélites naturais. O local é apropriado para outras perguntas: “Qual a matéria-prima das estrelas? O que é um quasar? Marte já foi uma Terra? Em meio a respostas precisas de quem cursou Física na Universidade do Oeste Paulista, em Presidente Prudente, e mestrado em ensino de Astronomia no IAG (Instituto de Astronomia e Geofísica da USP), Emerson nos leva a outra sala, iluminada apenas pelo reflexo das luzes do outro ambiente. Uma grande imagem, com seis metros de comprimento se esconde na penumbra. Ele nos alerta: “Peço que não fotografem esta imagem para o jornal, apenas para uso pessoal, se quiserem. Não queremos divulgá-la, já que ela é uma das grandes surpresas para os nossos visitantes”, pede o astrônomo. Promessa é dívida. Ele acende a luz:
Um conjunto indefinido de constelações, nuvens cósmicas e poeiras estelares se abre aos olhos… “Esta imagem foi produzida com a técnica fotográfica de longa exposição por Rafael Defavari e representa a nossa Galáxia vista de nossa Terra”, explica o astrônomo.
Diante da estupefação, o físico vai destilando números astronômicos: “Nossa Galáxia é tratada como Via Láctea por leigos, mas o correto é o próprio termo Galáxia usado pelos astrônomos. Ela tem hoje 400 bilhões de estrelas. E, de acordo com estudos da NASA atualizados em 2016, existem 2 trilhões de galáxias no universo”.
Esses números incompreensíveis, confirmados pelo astrônomo, tentavam ser processados enquanto os pontos brilhantes das constelações da grande foto tomavam a órbita do olhar…
Outras aberturas
Se a visita ao espaço Gaya já vale o ingresso (R$ 10 para o parque e R$ 20 para os atrativos do museu astronômico), Perez nos adianta que ainda serão inauguradas vários setores, entre eles o Museu Biológico, o Planetário, o Espaço Mitológico e o Restaurante. “Teremos mais espaços para uso pedagógico e educacional. Além de salas temáticas e outros espaços para a realização de eventos”, reforça.
Vedete
A mesma capacidade que o espaço Gaya tem em provocar nas pessoas uma série de perguntas, o Rádio-telescópio tem em criar ainda mais enigmas. “Ouvimos o som do universo por meio de radio-frequência. O rádio-telescópio caiu no gosto popular, temos recebido ótimo feedback”, conclui Perez.
Ao final, questionado se ele, como cientista, acreditava em vidas intergalácticas, num inflexível tom de imparcialidade, tivemos como resposta: “Especulações, hipóteses, teses e imaginações existem. Como astrônomo, acredito em 50% das probabilidades, de que sim, existe vida entre as estrelas e os outros 50% aguardo a Ciência comprovar”. Diante dessas certezas incertas, resta-nos olhar e admirar o Cosmo a partir do Pico das Cabras.
Serviço:
Estrada do Capricórnio, Campinas – SP
informacoes@picodascabras.com.br – maas@picodascabras.com.br
Horário de Funcionamento
Segunda a Quinta – Fechado Público / Aberto para Grupos Fechados
Sábado e Domingo – Abertura 08h00 Entrada Público até às 19h30 – Atividades até 22h00
Visitamos esse museu e realmente o lugar é incrível. Parabéns por divulgar!