Na atualidade vivemos o pensamento ecossistêmico e, neste, a “ ecologia das mídias” Portanto, numa sociedade mediatizada e midiatizada. As duas palavras se distinguem. Mediatizada vem de mediação, um conceito que se traduz por signos de todas as naturezas – verbais, visuais, sonoros e todas as suas misturas – que se encarnam, circulam e são difundidos pela midiatização. Ser cidadão nessa sociedade hipercomplexa, que potencializa a hipersociabilidade, significa tornar-se capaz de perceber e distinguir entre diferentes linguagens e mídias, suas naturezas comunicativas específicas, suas injunções político–sociais e, a partir disso, ter condições para desenvolver a capacidade de questionar de tudo que lemos, vemos e escutamos. Isso porque se trata de uma sociedade de cognição distribuída, parte integrante da inteligência coletiva que, dadas a pluralidade e a diversidade de fontes de informação na ecologia das mídias em que ela se desenvolve, implica mais do que nunca conceber a inteligência como incluindo, no todo complexo, o corpo, a mente e o contexto.
Vivemos num tempo de caos, rico em potencial para novas possibilidades. Um novo mundo está nascendo diante de nossos olhos. Precisamos de novas ideias, novos modos de enxergar e novos relacionamentos para ajudar-nos mutuamente nessa instantaneidade em que as coisas estão acontecendo. A nova ciência – as novas descobertas da biologia a teoria da complexidade, e a física quântica, que estão mudando nossa compreensão de como o mundo funciona. Ela descreve um contexto global no qual o caos é natural e onde a ordem existe “para nos libertar”. Exibe as teias intrincadas e redes imbricadas da cooperação que nos conecta, e nos assegura de que a vida busca a ordem, mas usa a desordem para chegar lá.
Inspirados em Edgar Morin, é possível reconhecer e admitir que necessitamos com celeridade de um conhecimento prudente e previdente que nos possibilite a repensar a condição humana, a melhor compreender a multidimensionalidade de nossa identidade, uma identidade humana que é, ao mesmo tempo, individual e coletiva, biológica, social, cultural e espiritual.
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Na realidade, necessitamos de um conhecimento comedido, atilado e inteligente que permita o desenvolvimento da decantada consciência planetária de nossa cidadania terrestre, como também, para construção de uma ética antropológica que nos assista e estimule a repensar incontáveis procedimentos e condutas levianas, imprudentes, desatinadas e até mesmo, em grande escala: flagiciosas em relação ao mundo e à dinâmica da vida.
Esta consciência universal e planetária apoiada em uma nova ética antropológica é que nos permitirá, como cidadãos do mundo, a termos uma vida mais previdente e mais decente. Estes diferentes cenários de aprendizagem da complexidade é que nos levariam à preparação de uma nova civilização, a civilização da religação, tão urgente e necessária.
Neste Natal, convido-os a refletir sobre o texto acima e complementá-lo em suas mentes para compartilhar dessa recriação civilizatória em 2015!
Ainda é tempo!
*Mário Carlos Beni
Doutor em Ciências da Comunicação e Livre Docente em Turismo pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP); Mestre em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política da Universidade de São Paulo (USP); Professor titular aposentado da ECA/USP; professor do curso de Pós Graduação da UnB – Universidade de Brasília; Professor convidado de diversos programas de pós graduação stricto sensu em Turismo e Hospitalidade no país e no exterior. É colaborador de importantes periódicos científicos de Turismo. Foi editor associado de Annals of Tourism Research.