Bayard Do Coutto Boiteux *
O mundo celebra hoje, dia 27 de setembro, uma das datas mais importantes para o desenvolvimento da democracia, da humanidade e da sustentabilidade. Trata-se do “Dia Mundial do Turismo”, que em 2018 tem como tema, a transformação digital. A Data foi escolhida pela Organização Mundial do Turismo e a cada ano acontece num país diferente. Em 2018, a Hungria foi escolhida e se priorizou inclusive as startups, com um concurso mundial.
O Turismo prioritário é aquele que consegue inovar hoje, buscando mostrar o modus vivendi das populações e suas culturas, como forma determinante de melhorar a percepção individual do mundo e de suas características. A tecnologia é fator preponderante para se viajar com muito mais segurança e rapidez. Ela foi aos poucos permitindo que virtualmente pudéssemos conhecer os locais que vamos visitar, os meios de hospedagem onde vamos pernoitar e o transporte utilizado. Ela foi ajudando a melhorar as relações internacionais, com a concessão de visto on line e com os travel advisories, que indicam aspectos positivos e negativos de viagens internacionais, na opinião de cada país, para seus nacionais. Por outro lado, aumentou de forma decisiva a concorrência de prestadores de serviço e mudou para sempre as redes de distribuição. Podemos afirmar sem medo, que democratizou o turismo e gerou formas de deslocamento com preços super acessíveis através de um novo modelo de venda.
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O Brasil não tem sabido aproveitar muito bem o retorno do turismo, como forma de fazer uma revolução silenciosa de melhoria de qualidade de vida. Temos problemas pontuais como outros grandes destinos mas nos falta capacidade de gestão, de planejamento e sobretudo de vontade politica. Confundimos lazer da população local, com gastos enormes em shows, com eventos capazes de atrair turistas. A gestão é normalmente pouca criativa, com raras exceções e sem demonstrações reais de resultados. Nosso grande desafio é mudar a cabeça dos gestores públicos e privados e lotar a cabeça dos mesmos com vontade de inovar e de parar de reclamar o tempo inteiro. Fazem falta grandes incubadoras que possam pensar o “turismo”como um negócio diferente, inovador e carregado de interação com a comunidade, com os moradores das cidades, que acreditam só no aspecto glamoroso que costumam ver em cadernos de turismo e promoções e esquecem o papel desafiador do turismo, de melhorar a qualidade de vida das pessoas, gerar empregos e ser reconhecido como uma mola de desenvolvimento sustentável. Vamos aprender com pequenos negócios que souberam aproveitar a força das redes sociais, para trazer mensagens positivas e aumentar suas vendas.
Não precisamos de modelos engessados de secretarias, ministérios e empresas, que acabam virando um conjunto de entes sem verdadeira eficácia, que são carregados por uma iniciativa privada de turismo, que pouco sabe lutar e quer triunfar de forma individual. As associações de classe, além da defesa de seus associados tem a obrigação moral de colaborar com o desenvolvimento turístico. A transformação das estruturas publicas em grandes escritórios promocionais é a solução, junto com o fortalecimento dos conventions bureaux, que demonstram não só resultados, como vão abrindo caminhos diferentes de sobrevivência.
O turismo é nossa mola de sobrevivência e que felizmente passou a frequentar os programas políticos dos candidatos. O Brasil e seus entes federados não carecem de conselhos de turismo ou ainda legislações obsoletas mas de um modelo de planejamento flexível, que insira o turismo na discussão econômica, apoiada em dados estatísticos e com equipes técnicas que acreditem na verdade da atividade turística, que é mudar os rumos das economias locais. Menos propostas esdruxulas, discursos e mais trabalho.
Feliz dia mundial do turismo ….
Bayard Do Coutto Boiteux é vice presidente executivo da Associação dos Embaixadores de Turismo do RJ.(www.embaixadoresdorio.com.br)