Mas o objetivo principal, das tarifas Low Fare, Low Cost”, que era o de reduzir o valor dos bilhetes, não aconteceu. Muito pelo contrário, os bilhetes encareceram.
por Shirley Salazar*
Ainda me lembro o dia em que o presidente da Gol anunciou, com toda pompa e circunstância, o lançamento das tarifas “Low Fare, Low Cost”, onde por meio da não prestação do serviço de A&B aos passageiros, os bilhetes teriam tarifas muito mais justas.
Passados alguns anos, ficou notório que isso foi um grande engodo. As tarifas não baixaram, o serviço continuou precário no que se refere ao A&B e instaurou-se a política da comercialização de A&B nos vôos. Sim, algumas companhias aéreas aderiram, outras não.
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Mas o objetivo principal, que era o de reduzir o valor dos bilhetes, nada mudou. Muito pelo contrário, os bilhetes encareceram.
Com a nova política de bagagens, onde cada cidadão tem que contribuir com um valor não inferior a R$. 40,00 (pagamento antecipado para despacho de bagagem) ou de R$. 100,00 por volume despachado (sim, você paga por volume de 23kg, e não por uma carga de 23kg), as coisas chegaram ao fundo do poço.
Alguns dias atrás, viajei para os destinos de Porto Alegre e Recife. A mala de mão – até 10kg – permitida nas aeronaves, não tem um padrão. Ou melhor dizendo: cada funcionário entende padrão à sua maneira. Uns andam com aquele gabarito de mala para lá e para cá, buscando um desavisado para obrigá-lo a despachar a mala, mesmo tendo o peso e o tamanho estipulados, mas que ele cismou que tem que ir como carga pois os bagageiros internos estão lotados.
Viajando a Porto Alegre, check in feito e apenas a mala a ser identificada como bagagem de mão, me apresentei ao check in do Aeroporto Internacional André Franco Montoro e a atendente me perguntou: Fez o check in? Respondi afirmativamente e ela pediu que eu me direcionasse ao portão de embarque. Embarquei com a mala, sem qualquer questionamento.
Mas, ao voltar de Porto Alegre para São Paulo, e pela mesma cia. Aérea, um funcionário estava muito inquieto procurando malas para utilizar seu gabarito. Viajei com a mesma mala que fui de São Paulo a Porto Alegre e qual não foi a minha surpresa ao ser barrada para entrar com a mesma na aeronave, pois – segundo ele – estava fora dos padrões e eu só poderia entrar na aeronave com ela caso estivesse em conexão internacional. Aí é que eu não entendi mais nada mesmo…bagageiros vagos, espaço de sobra e tive que despachar a minha mala de bordo para atender às determinações dos padrões da cia. Aérea. Fiz uma reclamação nas redes sociais da empresa e, até o momento, não obtive qualquer resposta da AVIANCA.
Vamos para mais uma viagem…check in feito (antecipadamente pela intenet) e ao chegar no aeroporto, estavam chamando meu vôo. Me identifiquei, o funcionário pediu que eu me dirigisse ao balcão para entrega da mala e ao apresentar os QR Codes de embarque, a atendente me informou que o comprovante da bagagem iria por mensagem, assim como o código do check in. Como hoje em dia há aplicativo para tudo, fiquei tranquila e despachei a referida bagagem.
Gostaria de saber quem fez esse cálculo maravilhoso de R$. 75,00 por volume, por dia…e aproveito para perguntar onde é a loja que eles conseguem comprar roupas e lingeries por R$. 75,00
Ao chegar em Recife, na esteira, percebi que minha mala não havia sido embarcada. E o maior pesadelo: não havia uma etiqueta de identificação…Aberto o processo de busca da mala na LATAM, me pediram que aguardasse a chegada da mesma. Esse foi apenas o início de um pesadelo. No dia seguinte, voltei ao aeroporto de Recife e a resposta foi: mala não localizada. E me informaram que eu teria uma ajuda de custo para compra de roupas, afinal de contas, tudo estava na mala. Primeiramente, a informação era de que teríamos o valor em dobro, pois as roupas – minhas e de meu marido estavam na mesma mala; posteriormente, a informação foi de que apenas um de nós receberia a indenização, pois a mesma é baseada no número de volumes perdidos. Ok. Achei que seria uma indenização justa, já que a responsabilidade de quem vende o despacho de malas é muito maior. Ledo engano…descobri que pagamos muito mais para despachar a bagagem, do que o valor da dita “indenização”. Está sentado? Pois é, a indenização pelos primeiros dois dias de sumiço da bagagem é de R$. 75,00 por dia, sendo que – após o 3º. Dia, você pode gastar até R$. 500,00 reais para repor o que foi perdido, descontando – obviamente – a afortunada indenização dos dias anteriores, e desde que as notas fiscais sejam apresentadas.
Segurando a barra
Gostaria de saber quem fez esse cálculo maravilhoso de R$. 75,00 por volume, por dia…e aproveito para perguntar onde é a loja que eles conseguem comprar roupas e lingeries por R$. 75,00. Lembrando que meu marido também teve as roupas extraviadas na mesma mala…
No 2º. Dia de extravio, a funcionária da cia. Aérea me pediu para que eu ligasse no SAC, informasse o ocorrido e, quem sabe, eles poderiam agilizar o processo. Fiz isso, na maior inocência…o funcionário, mais grosso impossível, me respondeu que a cia. Aérea tinha até 7 dias para localizar a minha bagagem e que aquele canal não servia para esse tipo de reclamação. O padrão do atendimento do moço, realmente, superou as minhas expectativas de acolhimento, já que estava rindo e brincando com as situações de outras pessoas e com o fone aberto.
Se eu já estava enfurecida com o extravio da bagagem, com essa resposta do “gentil” atendente, a minha vontade era de fazer um escândalo. Mas, fui segurando a barra…
Depois de 3 dias perdidos (não podia viajar, não podia sair e ainda estava constrangida de ter que ir diariamente ao aeroporto suplicar pela indenização), a mala apareceu na madrugada de 5ª. Feira para 6ª. Feira. Para garantir que ela estaria verdadeiramente em minhas mãos, aguardei o desembarque de todas as bagagens e saí do aeroporto por volta das duas horas da manhã.
Resumo da ópera: você paga para que sua mala seja embarcada. A cia. aérea extravia a sua mala e te dá uma indenização que não paga um conjunto de lingerie. Ah, já ia me esquecendo: você também paga pelos lanches na aeronave. E o discurso era de que a tarifa para quem não transportasse a bagagem como carga seria muito mais barata, tipo a história do “low fare, low cost”. As passagens estão mais caras, hoje não lhe fornecem nem um lacre para a sua bagagem ou etiquetas de frágil, a mão-de-obra totalmente sem capacitação, o serviço a desejar e nós, pobres passageiros, caindo – mais uma vez – no engodo das cias. Aéreas.
*Shirley Salazar é leitora do DIÁRIO DO TURISMO