O movimento pet friendly e a (re) adequação da sociedade

Continua depois da publicidade

A relação humano-animal animal mudou, os pets são os novos filhos e eventos pet friendly são os novos eventos sociais.

por Sharlene Irente*


A expressão pet friendly pode até ser nova, mas nossa relação com os cães não é novidade, ela data de pelo menos 14 mil anos. A história da domesticação dos cães ocorre junto com a própria história da evolução da sociedade. Em todos os continentes e em todas as culturas os cães sempre estiveram presentes.

Contudo, o papel dos cães na sociedade foi se modificando ao longos dos anos, raças que por milênios evoluíram de forma natural através da seleção natural, no último século passaram também pelo processo de seleção artificial, para se adequar às necessidades dos humanos, como se adequar aos diferentes tipos de trabalho e também para companhia. Não vou entrar na biologia nem nas questões éticas desta seleção artificial, o objetivo é apenas te mostrar como nossa relação com os cães é antiga, e como foi sofrendo alterações ao longo da nossa história.

Veja também as mais lidas do DT

A verticalização das cidades, mais presente nos grandes centros urbanos, fez com que os cães passassem a morar dentro de casa, afinal quintal é algo ada vez mais escasso. Ao passo que este convívio se torna cada vez mais próximo, a relação também começa a mudar e se torna cada vez mais afetiva. Afinal, não tem como não se apaixonar, eles foram evolutivamente programados para nos conquistar.

De volta aos tempos atuais. Embora ainda existam os “cães de quintal”, como na época dos nossos avós, que ficavam restritos aos quintais, muitas vezes presos a uma corrente, comendo restos de comida e “protegendo” a casa. Esta realidade, felizmente, é cada vez menos comum.

Novo perfil do pet

Hoje os animais de estimação estão presentes na maioria dos lares brasileiros e são considerados como membros da família, com direito a cuidados médicos, alimentação balanceada, brinquedos, mimos e até creches e serviços especiais como natação, massagens e acupuntura.

Os pets ocupam lugar na casa e na rotina dos tutores, afinal além do melhor lugar do sofá, eles recebem uma boa parte do nosso tempo livre, gastos em passeios, carinhos, cuidados e interações. Caixa de brinquedo no meio da sala, cama e cobertor de bichinho no quarto, brinquedos espalhados pela casa, até parece cena de quem tem criança, mas em muitos casos é uma casa com pet.

Família multiespécie

Nós, humanos, sempre tivemos animais de estimação, mas há poucos anos passamos a ter uma família multiespécie. Para configurar uma família multiespécie não é apenas ter um ser não humano em casa, é preciso que exista vínculo afetivo entre seus membros. Este vinculo é cada vez mais presente em nossa sociedade.

Você pode até não fazer parte do novo perfil de “pai/mãe de pet”, mas com certeza conhece alguém, ou até várias pessoas com este perfil, certo? Toda família tem um cachorreiro ou uma cachorreira. É inegável que já somos muitos, afinal dados do IBGE já mostram que existem mais cachorros do que crianças nos lares brasileiros. É só dar uma olhada a sua volta para comprovar isso.

E os cachorreiros se encontram pelo faro, se identificam pelos pelos nas roupas, e basta um sorrido pra já estarem conversando. Muitas amizades surgem nos parques de cães, e até mesmo romances. Afinal, evento pet, é um novo tipo de evento social.

Há alguns dias eu estava passeando no Shopping Mooca Plaza e parei para observar as áreas de recreação, o playground para crianças e o dog park. Duas áreas lindas, construídas lado a lado no estacionamento do shopping. Era nítido que haviam mais cães do que crianças brincando ali naqueles parques. É, os tempos mudaram…

Publicidade

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Recentes

Publicidade

Mais do DT

Publicidade