Por Felipe Carnicelli Iotti*
Atualmente, o Brasil vive o fenômeno do envelhecimento populacional e segundo uma pesquisa da PricewaterhouseCoopers (PwC) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 2040, 57% da força de trabalho do país será composta por pessoas com 45 anos ou mais. Diante de tal número, fica evidente que, cada vez mais, também haverá a procura de trabalho por parte das pessoas com mais de 50 anos e que ainda se encontram em pleno ciclo de produtividade.
Entretanto, apesar das estimativas positivas, é preciso saber que o grupo de pessoas mais velhas é o mais prejudicado quando falamos em demissões e em preconceitos sofridos por conta da idade (o chamado etarismo), sendo que, somente em 2020, houve um crescimento de 47% nas demissões de pessoas desta faixa etária em relação ao ano anterior. Estudos da Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia também apontam que a quantidade de pessoas com mais de 65 anos que trabalham com carteira assinada aumentou 43% entre 2013 e 2017, e que tais dados são apenas um reflexo do processo de envelhecimento da população brasileira, que é uma realidade que obriga as empresas a repensar modelos de contratação de funcionários.
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Neste sentido, é cada vez maior o número de organizações que têm optado por aumentar a diversidade etária entre seus colaboradores, beneficiando-se muito com a troca de experiências e conhecimentos entre diferentes gerações, tornando o tema cada vez mais debatido em empresas no Brasil e ao redor do mundo. Antes de mais nada, é preciso entender que o principal objetivo de promover a diversidade etária nas organizações é justamente tornar o ambiente de trabalho mais rico em termos de conhecimentos, troca de experiências e possibilidades de aprendizagem. Integrar profissionais que são parte de diferentes gerações contribui muito para o crescimento e para o desenvolvimento profissional de todos.
A diversidade no ambiente corporativo traz diversos ganhos, dentre os quais estão: a importância do “seja você” – todos nós somos formados por diversas características que nos tornam únicos, nossa identidade e quando estamos em um ambiente que reforça as diferenças e nos permite sermos quem somos, nos sentimos mais engajados; motivação – saber que há essa valorização faz com que este sentimento nos colaboradores aumente, permitindo que deem o seu melhor, sem se preocupar com questões secundárias; a diferença nos torna mais fortes – ideias diferentes, perfis diferentes, visões distintas, tudo isso torna os times mais completos e, consequentemente, mais fortes, aumentando a produtividade e a representatividade – como dito acima, a sociedade é diversa, logo, o ambiente corporativo também precisa ser, garantindo que seja um reflexo dessa sociedade na qual está incluído.
Assim, empresas especializadas e focadas na contratação e gestão de pessoas e áreas relacionadas ao departamento de Recursos Humanos dentro das organizações, têm um papel imprescindível também na preparação e acolhimento destes colaboradores, ajudando em alguns casos, a mantê-los no mercado de trabalho, de maneira que permaneçam atualizados nas novas tecnologias e processos do cotidiano. No que se refere especificamente a este tipo de iniciativa nos processos de seleção e contratação, a tratativa varia de empresa para empresa e, atualmente, está se tornando cada vez mais comum que a área de seleção garanta um shortlist mais diverso, de forma que o gestor tenha opções para a tomada de decisão.
Cada vez mais tem sido requerido que os processos sejam baseados em competências, habilidades e atitudes, eliminando outros vieses como idade, gênero etc. Além disso, tem ocorrido com frequência a abertura de posições destinadas a determinados públicos, por exemplo, vagas destinadas a PCDs, a profissionais 50+, a profissionais trans. Com isso, conseguimos garantir um aumento dos públicos diversos na organização.
Dessa maneira, concluímos que é preciso lembrar que, independentemente da idade, todos têm a capacidade de desenvolver novas habilidades. Além disso, como mencionamos anteriormente, as empresas que apostam na diversidade etária entre seus colaboradores têm muito a ganhar em termos de conhecimento, capital intelectual e desenvolvimento de talentos. Também é importante o trabalho junto à liderança, mostrando alternativas, reforçando a temática, indicando a evolução da empresa e garantindo que a cultura organizacional seja respeitada. O mundo corporativo agradece por esta movimentação.
*Por Felipe Carnicelli Iotti – Gerente de Recursos Humanos da Gi Group Holding