“As bancas de jornais foram roubadas“, falou-me a repórter. Imediatamente me veio à cabeça revistas e jornais sendo surrupiados por ladrões interessados em Cultura e informação.
“Não”, interpela-me a repórter, “as próprias bancas foram levadas, arrancadas de suas bases com um guindaste e colocadas em um caminhão“, afirma-me.
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Como estão ousados os ladrões, penso.
A repórter me explica que para fazer a matéria conversou com o delegado lá na curva do rio e que este, no dia seguinte ao ver sua matéria publicada no jornal reforçou as diligências em busca das bancas…
“A família com quem falei tinha na banca seu único sustento“, afirma-me a repórter com lágrimas nos olhos.
A reportagem desta repórter teve repercussão tão grande que, um dia depois, o delegado avisou por telefone que haviam finalmente desbaratado a quadrilha e as bancas, restituídas.
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É um prazer, eu sei, para a repórter, saber que a partir de sua aparente pautinha mixa um copo d’água virou cachoeira. Soube também que todos os grandes jornais deram destaque ao caso e que até o Jornal Nacional foi lá…
Mas o bacana mesmo não foi a repercussão pra fora mas a repercussão pra dentro…
Conta-me a repórter que a filha da dona de umas das bancas ligara para ela (dias depois) e disse-lhe isto:
– “senhora repórter Regiane, muito obrigado por sua matéria. Ela vai fazer o pão voltar pra nossa mesa. Muito obrigado mesmo, de coração. A banca de jornal era o nosso único sustento“…
“É este tipo de resposta que me anima a ser repórter “…, me diz a repórter emocionada…
É este tipo de sentimento refinado, de trabalho, de gratidão e respeito que precisamos hoje em nossa terra, em nossa vida, em nossa profissão, digo eu.
“Eu só fiz a minha obrigação “, diz a repórter com humildade.
“Muito obrigado, repórter, por cumprir sua obrigação e lembrar de seu juramento de comunicador social“, digo.