Um balanço da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) divulgado nessa segunda-feira (14), demonstra que a retomada econômica do setor é fato relevante. O sexto levantamento mensal da entidade, apresenta dados de agosto sobre a comercialização e gestão de seus associados, que representam cerca de 90% das viagens de lazer comercializadas no Brasil, diante da pandemia da COVID-19. O DIÁRIO apresenta abaixo os principais indicativos:
- 79% das operadoras realizaram vendas no mês de agosto. Este indicativo manteve estabilidade ante os 78% apresentados em julho, fator traduzido com positividade, já que agosto é, tradicionalmente, um dos meses do ano com volume de vendas mais baixo.
- O número de operadoras cujo faturamento ainda está até 90% menor do que em 2019, segue alto, em 40%, mas tem apresentado queda desde julho (era 45% em julho e 72% em junho).
- A maior parte das consultadas disse ter vendido viagens cujos embarques se concentram no primeiro semestre de 2021 (67%), seguidas de viagens que se realizarão em novembro (50%) e dezembro (50%) deste ano. Depois aparecem outubro (46%), setembro (44%) e agosto (29%). As viagens para o segundo semestre de 2021 mantiveram-se no patamar indicado em julho e fizeram parte das vendas de 38% das empresas.
- A região Nordeste se destacou mais uma vez, fazendo parte das vendas de 83% das operadoras, seguida das regiões Sudeste, indicada por 80% das pesquisadas, Sul (74%), Centro Oeste (70%) e Norte (62%). Entre os destinos nacionais mais comercializados em agosto, em cada região, figuraram Salvador, Porto de Galinhas, Angra dos Reis, interior de São Paulo, Serra Gaúcha, litoral de Santa Catarina, Bonito e Amazônia.
- No internacional, destaque para a Europa, que esteve presente nas comercializações de 75% das pesquisadas, seguidas da América Central/Caribe (62%), América Sul (55%), América do Norte e Ásia/Oceania (48% cada) e África (24%). Entre os destinos mais procurados estão Portugal, Itália, Cancún, Punta Cana, Orlando, Miami, Maldivas, Argentina e Peru.
Perfil das vendas e do Viajante
As maiores preferências dos turistas se dividiram entre viagens com aéreo de curta distância (voos com menos de 2 horas de duração), seguidos de roteiros completos com voos de longa distância (voos superiores a 2 horas de duração), além das hospedagens em locais de curta distância (até 400 quilômetros). Os resorts aparecem com maior destaque entre as opções para acomodação. A locação de carro se mostrou constante e os cruzeiros marítimos começam a aparecer no ranking das escolhas, o que pode ter ligação com o maior volume de vendas concentrado no primeiro semestre de 2021.
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Destinos de praia, campo e cidade ficaram empatados no ranking de buscas, seguidos de locais de natureza e ecoturismo. Em relação ao tempo, as viagens mais comercializadas foram as de média duração (5 a 9 dias), seguidas das de curta duração (até 4 dias). As escapadas de final de semana aparecem em terceiro lugar e, na sequência, estão as viagens de longa duração (10 dias ou mais).
Viagens para casais foram responsáveis pela grande maioria das vendas, seguidas dos roteiros para famílias com adolescentes ou adultos, que tiveram pouca diferença para as vendas de viagens para famílias com crianças pequenas. Viagens entre amigos e pessoas de terceira idade começaram a ganhar representatividade nas buscas.
Cancelamentos em queda
Os pedidos de cancelamento caíram bruscamente e atingiram apenas 30% das empresas consultadas (em julho, esse número era de 73%), evidenciando a tendência de queda, mês a mês, neste quesito, acompanhada desde maio.
Expectativas, gargalos e oportunidades
Quando o foco é o segundo semestre de 2020, 71% dos operadores acredita que o faturamento não atingirá 50% em relação a 2019.
Esse indicativo é um reflexo da escassez das matérias primas de trabalho das operadoras: variedade e volume de produtos ofertados, uma vez que as medidas de distanciamento reduziram a capacidade dos voos, hotéis, restaurantes, passeios, entre outros itens que compõem uma viagem. Como exemplo, dados da ABEAR (Associação Brasileira de Empresas Aéreas), indicam agosto com a média diária mensal de partidas de 28,1% com a perspectiva de que, em dezembro, haja entre 60 e 65% da malha aérea no ar.
“Assim como o Turismo impacta uma enorme cadeia de atividades econômicas, ele também depende de todas elas para atuar plenamente. O turismo é plural e se faz em conjunto. Diante desse cenário, é importante ressaltar que entre os fatores responsáveis pela estabilidade das vendas no período pesquisado, bem como o aumento do faturamento, estão a criatividade, a flexibilidade e o alto poder de customização das operadoras para a criação de novos produtos, com o intuito de manter nas vitrines opções diferenciadas para todos os perfis de viajantes, apesar de todas as restrições atuais”, ressaltou Roberto Haro Nedelciu, presidente da BRAZTOA.