Pandemia muda estrutura dos serviços e salários nos EUA

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A falta de mão de obra está se tornando um problema constante da economia dos EUA, fator que está remodelando o mercado de trabalho e levando as empresas a se adaptar elevando os salários, reinventando os serviços e investindo em automação.

Dow Jones Newswires

Após mais de um ano e meio de pandemia, os EUA ainda estão com 4,3 milhões de trabalhadores a menos. Isso mostra quão maior seria o mercado de trabalho americano se a taxa de participação – a parcela da população de 16 anos ou mais que está ocupada ou procurando emprego – tivesse voltado ao nível de 63,3% de fevereiro de 2020. Em setembro, essa taxa estava em 61,6%.

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Após mais de um ano e meio de pandemia, os EUA ainda estão com 4,3 milhões de trabalhadores a menos.

A falta de trabalhadores ocorre num momento em que os empregadores americanos enfrentam dificuldades para preencher mais de 10 milhões de novas vagas e para atender à disparada da demanda de consumo. Em outro sinal do grau de aperto por que passa o mercado de trabalho, os pedidos de seguro-desemprego – um indicador das demissões em todo o território americano – caíram para 293 mil no começo do mês, a primeira vez desde o início da pandemia em que recuaram para abaixo de 300 mil, segundo o Departamento do Trabalho.

Os trabalhadores estão deixando seus empregos às taxas mais elevadas, ou a níveis próximos delas, já registradas em setores como indústria, varejo e comércio, transportes e serviços públicos, bem como serviços de profissionais qualificados e de suporte às empresas.

A participação caiu de maneira generalizada, em todos os grupos demográficos e campos profissionais, mas recuou especialmente entre mulheres, trabalhadores sem curso superior e os que operam em setores de serviços de baixa remuneração, como hotéis, restaurantes e atenção à infância.

Nos primeiros meses da pandemia a taxa de participação passou por sua maior retração desde pelo menos a 2ª Guerra Mundial. Recuperou-se parcialmente no terceiro trimestre deste ano e se mantém próxima de seu patamar mais baixo desde a década de 70, apesar do vigoroso crescimento da economia e dos maiores aumentos salariais já observados em vários anos.

Para driblar a falta de funcionários, empresas estão elevando salários, reinventando serviços e investindo em automação

Muitos economistas previam que a reabertura das escolas, o fim dos pagamentos emergenciais aos desempregados e o enfraquecimento do surto da variante delta ajudariam a impulsionar a participação da força de trabalho neste trimestre.

Mas evidências sugerem que a escassez de mão de obra pode até ter se aprofundado: a oferta de trabalhadores caiu em setembro, e em agosto o número de trabalhadores que deixaram o emprego foi recorde.

Alguns economistas estão preocupados com a possibilidade de a piora na falta de trabalhadores refletir mudanças de mais longo prazo, como a aceleração das aposentadorias motivada pela pandemia, que não serão revertidas.

Muitos preveem que a falta de mão de obra durará vários anos e alguns dizem que é permanente. Dos 52 economistas consultados pelo “Wall Street Journal”, 22 preveem que a participação nunca voltará ao nível pré-pandemia.

 

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