Pandemias e o Turismo: Uma relação que Não Pode ser Mascarada

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Em 1976, no Sudão e no antigo Zaire, atual República Democrática do Congo, foi constatado um vírus agressivo transmitido pelo contato com o sangue e fluidos corporais de um doente. Batizado de Ebola, durante anos com muita fragilidade, políticas públicas foram focadas no controle territorial da doença.

Hoje, em 2014, a proliferação local do vírus acentua-se com uma gravidade aterrorizante com cerca de 1.800 infectados e já contabilizando mais de 970 mortes no continente africano, compreendendo principalmente a região ocidental. Muitos pesquisadores e cientistas da área de saúde alertam que pode ser uma das mais avassaladoras doenças contagiosa de todos os tempos.

A epidemia do Ebola, ainda de forma remota, pode tornar-se uma pandemia. Muitos consideram como sendo palavras homônimas, mas não o são e sua principal diferença é justamente no poder de sua disseminação. Quando atinge grande extensão territorial, de forma descontrolada recebe o nome de Pandemia. Quando ainda está restrita a uma única faixa territorial recebe o nome de Endemia. E no caso da Epidemia, a doença não mais está localizada em uma determinada comunidade, ela já espalha-se para populações vizinhas, de outras regiões próximas.

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O avanço da doença pelos demais continentes ganha maior propulsão justamente por intermédio das facilidades de deslocamento geográfico, sobretudo pelo uso do transporte aéreo.

Segundo a Organização Mundial do Turismo só em 2013, as chegadas de turistas internacionais cresceram 5% em 2013, até alcançar 1,087 bilhão de viajantes.  Realmente nunca se viajou tanto, a movimentação monetária do Turismo seja por lazer ou a negócios é extraordinária. Para 2014, a entidade projeta crescimento de 4,5%.

Mas como tudo na vida, há também uma faceta negativa e temerosa e nesse caso, os viajantes acabam sendo agentes que colaboram na proliferação de doenças.

Órgãos de Turismo tem entre seus papéis buscar proativamente não só promover seus destinos, mas também fomentar canais de comunicação que colaborem com os turistas no que diz respeito a informações sobre os riscos não só de uma pandemia, mas também de endemias e epidemias.

Campanhas de vacinação, quando remédios preventivos existirem, devem ser planejadas em conjunto com entidades públicas e privadas das ciências da saúde, assim como o desenvolvimento de materiais elucidativos e de relações públicas que possam colaborar com a conscientização e prevenção de doenças.

A pior estratégia que um destino pode ter mediante uma situação como a de uma pandemia é simplesmente fazer cara de paisagem e achar que está imune a essa circunstância. Em um mundo no qual as barreiras geográficas são – praticamente – inexistentes, a soberania ganha ares de uma verdadeira aldeia global, o que afeta um, em questão de tempo, afetará o outro. Em qual proporção isso ocorrerá, dependerá de um programa estratégico preventivo e reativo frente ao cenário constituído.

 O gerenciamento de uma crise em esfera de saúde pública mundial, também evoca a participação do trade turístico, já que nem só de glórias e louros podemos viver. O turismo trabalha muitas vezes com fantasias e sonhos, mas no caso de uma pandemia, a realidade cristalina e crua deve ser exposta e para que seu avanço não gere ainda mais perdas, comoção e dor.

É hora também de unirmos nossos esforços responsáveis para que possamos continuar a desbravar o mundo, sempre com muita saúde e segurança.

Andréa Nakane é sócia-diretora da Mestres da Hospitalidade e docente das Universidades Anhembi Morumbi e Metodista do estado de São Paulo.

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