De acordo com estudo da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR), o número de passageiros indisciplinados cresceu nos últimos anos
No dia 03 de fevereiro, um episódio inacreditável marcou o voo de passageiros em Salvador. Na ocasião, duas famílias brigaram durante um voo da GOL que partiria de Salvador (BA) rumo à Congonhas (SP). Conforme outros passageiros que presenciaram a confusão, o motivo para a discussão, que depois se transformou em agressão física, com tapas e puxões de cabelo, foi uma troca de lugares.
Ainda, os comissários interviram e junto à outros passageiros, tentaram separar os envolvidos, mas não conseguiram de imediato. Mas, depois que a situação foi controlada, 15 pessoas foram retiradas do avião, com a ajuda da Polícia Federal, após pedido da GOL. Com toda essa situação, o voo partiu com cerca de 1h de atraso.
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Mas, essa situação não é isolada. Isso porque a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR) fez um levantamento que mostra que suas associadas registraram mais de 1 caso por dia de passageiros indisciplinados, entre 2019 a 2022.
Casos de passageiros indisciplinados cresceram nos últimos 4 anos
Inclusive, somente no ano passado, foram 585 ocorrências, um recorde em quatro anos. Por sua vez, em 2021, foram 434 eventos; depois, 222 registros em 2020, no auge da pandemia, e 304 em 2019. Dessa forma, de 2019 a 2022, a média anual foi de 386,2 registros.
“Esses dados trazem à tona um problema que tem preocupado empresas aéreas, autoridades aeronáuticas e aeroportos em todo o mundo, pois os casos vêm crescendo assustadoramente e geram impactos negativos em toda a cadeia do transporte aéreo”, explicou Eduardo Sanovicz, o presidente da ABEAR.
“Quando há um caso de passageiro indisciplinado, além do prejuízo aos passageiros daquele voo, há o efeito em toda a malha aérea. Com atraso dos voos seguintes, impacto no tráfego aéreo e no gerenciamento de tripulação (pilotos e comissários), só para citar alguns exemplos”, apontou.
É importante dizer que dos 585 eventos de passageiros indisciplinados no ano passado, 9% envolveram agressões físicas leves ou mais violentas. Isso representa um aumento de 2 pontos percentuais ante 7% de 2021. Desses, 36% ocorreram durante o voo e 64% em solo.
Ainda, do total de casos registrados, 42% ocorreram em solo, 32% em solo na aeronave e 26% durante o voo.
Regulamentação no Brasil e o que já ocorre no mundo
A ABEAR participa de um grupo de trabalho criado pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para analisar o tema e tem pleiteado mais rapidez na definição de regras claras para o gerenciamento dos casos.
Assim, incluindo punições mais severas e que podem contemplar multas, indenização dos prejuízos e, para os casos mais graves, a proibição de voar.
Ainda, para Sanovicz, a manutenção dos níveis de segurança da aviação é a prioridade: “assim como tem sido feito pelo resto do mundo, é vital que haja uma regulamentação que inclua os casos em solo e puna principalmente os casos mais graves. Estamos colaborando com a ANAC nesse sentido, apresentando todos os dados e fatos dos últimos anos”, acrescentou.
Com o crescimento dos casos de indisciplina a bordo em todo o mundo, empresas aéreas como Delta, American Airlines, United e Southwest têm suas próprias listas de passageiros proibidos de voar. Inclusive, na Europa, algumas empresas aéreas têm a mesma prática. Desde 2021, a agência reguladora americana, Federal Aviation Administration (FAA), possui política de ‘tolerância zero’ e aplica multas de até 37 mil dólares para os passageiros que atrapalham o funcionamento do transporte aéreo.
Dessa maneira, totalizando cerca de US$ 7 milhões de multas aplicadas, além de investigações criminais encaminhadas ao FBI. Por fim, segundo a agência, essa política reduziu os casos em mais de 60%.
Para saber mais, acesse o estudo da ABEAR na íntegra.
EDIÇÃO DO DT (CF) com agências.