Um bilhão de milhas. Foi esse o total acumulado por servidores e ocupantes de cargos comissionados da administração pública federal, nos programas de fidelidade das três grandes companhias aéreas brasileiras, em viagens a serviço do governo entre 2018 e 2019.
Com base na média de milhas ou pontos necessários para resgate de bilhetes-prêmio, seria o suficiente para emitir 52.973 trechos domésticos, segundo auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU). Diante da inexistência de acordos entre governo e empresas, o benefício foi revertido inteiramente para uso pessoal dos funcionários públicos.
Não há irregularidade nenhuma nisso, mas a auditoria aponta como desvantajoso o atual sistema de compra de passagens aéreas e sugere aprimoramentos que poderiam resultar em economia ao erário. Para ilustrar: levando em conta o preço de venda cobrado pelas próprias companhias aéreas, em seus sites, o valor das milhas geradas com a emissão de bilhetes pela administração federal atingia quase R$ 62 milhões no início de abril.
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A CGU lembra que pequenas e médias empresas podem integrar programas corporativos de fidelidade das três grandes aéreas, como Latam Corporate, Voe Biz (Gol) e Azul Empresa. Esses programas oferecem benefícios como acúmulo de pontos para a empresa contratante, descontos em bilhetes, isenção de taxas de remarcação ou cancelamento, bagagem extra, pagamento faturado e centrais de atendimento exclusivas.
Apesar de serem programas direcionados a pequenas e médias empresas, segundo os auditores da CGU, a administração federal teria como alternativa firmar acordos comerciais com as principais companhias aéreas para a obtenção de descontos em passagens e benefícios diversos.
Um dos achados da auditoria é que poucas passagens são emitidas com mais de 30 dias de antecedência, o que leva os gestores a gastar mais na emissão de bilhetes em cima da hora. Uma das recomendações feitas pela CGU é para que o prazo mínimo de antecedência, excetuando casos emergenciais, passe dos atuais dez para 21 dias.
De acordo com a auditoria, exigir que se compre uma passagem na classe tarifária mais baixa nem sempre se traduz em economia ao poder público. Dependendo das taxas cobradas e do histórico de remarcações, pode ser menos dispendioso usar uma categoria superior de passagem, mesmo sendo em classe econômica.