Presidente do Visit Iguassu: “O Brasil está começando a descobrir o poder do turismo interno”

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Em entrevista ao DIÁRIO DO TURISMO, Felipe Gonzalez explica as prioridades do seu mandato e diz que irá acelerar a gestão integrada em Foz do Iguaçu

POR ZAQUEU RODRIGUES


No dia 6 de janeiro de 2020, Felipe Gonzalez assumiu a presidência do Visit Iguassu, instituição de gestão de turismo apontada como uma referência nacional. “Eu assumo para acelerar a Gestão Integrada em Foz de Iguaçu”, ressalta ele ao DIÁRIO, lembrando que o modelo foi implementado na cidade em 2007 durante a sua gestão como Secretário Municipal de Turismo.

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Para o novo presidente, Foz do Iguaçu vive um momento singular e tem tudo para se tornar o principal destino de turismo interno do país. Entre os fatores para que isso aconteça ele aponta a expansão da infraestrutura da região, que vem ganhando aportes importantes como a ampliação do aeroporto, a duplicação da BR469 e a construção de uma segunda ponte entre Brasil e Paraguai, assim como a diversidade de atrativos, ampliação de centros de eventos e renovação hoteleira.

Nesta entrevista ao DT, Felipe Gonzalez explica quais serão as prioridades da sua gestão, como o destino vem se preparando para conciliar crescimento e preservação ambiental e revela qual é a sua grande aposta para o desenvolvimento do turismo brasileiro em meio a um cenário abalado pelo Coronavírus.

Neste ano o senhor assumiu a presidência do Visit Iguassu. Qual é o atual momento vivido pela instituição e qual será a prioridade da sua gestão?

Felipe Gonzalez: O Visit Iguassu é uma referência nacional em gestão de turismo e conta com cerca de 140 empresas de diferentes segmentos. Estamos crescendo e pensando em abrir para empresas dos municípios vizinhos. Há essa possibilidade e estamos debatendo a respeito. Neste meu mandato [2020/2021] eu quero acelerar a gestão integrada no município. Essa será a minha prioridade para promover Foz do Iguaçu, pois trata-se de um modelo de sucesso que implementados em 2007, quando eu assumi a Secretaria Municipal de Turismo de Foz de Iguaçu. De lá para cá o destino vem crescendo uma média de 8,5% ao ano. Eu quero trabalhar em conjunto com a Secretaria Municipal de Turismo, Indústria, Comércio e Projetos Estratégicos, Itaipu Binacional e o Fundo de Desenvolvimento e Promoção Turística do Iguaçu (Fundo Iguaçu). Serão várias instituições unindo forças, recursos e expertises para desenvolver a região; mas cada uma cumprindo o seu papel. Em 2019, esse modelo de gestão integrada foi premiado pelo Ministério do Turismo como o melhor modelo de gestão de destino.

Hoje, qual é o papel central do Visit Iguassu?

Felipe Gonzalez: A nossa principal missão é captar eventos para a cidade e promover o destino Foz de Iguaçu por meio de ações integradas, sempre numa parceria entre setores público e privado. Até 2019 captamos mais de 165 eventos por meio de ações diretas da instituição. Neste ano já captamos 26 eventos que irão acontecer até 2023. O Visit Iguassu é hoje uma das principais ferramentas de promoção do nosso destino e tem feito um trabalho cuidadoso para ampliar o público de modo que possa completar a hotelaria, pois só a área de eventos não dá conta. O receptivo é muito importante, já que somos um destino que recebe muitos turistas estrangeiros. O turista de Foz do Iguaçu costuma ficar três noites e quatro dias. Queremos ampliar essa estadia para seis noites e sete dias. Este ano iremos trabalhar uma ação com as operadoras e mercados emissivos com essa finalidade. É uma mudança que vai ocorrer paulatinamente e que será muito boa para o destino. Queremos dar ao turista a alterativa de vivenciar Foz do Iguaçu de domingo a domingo.

No ano passado o Visit Iguassu lançou uma plataforma online de capacitação de agentes de viagens chamada Visit Academy. Como o senhor irá trabalhar a educação na sua gestão?

Felipe Gonzalez: Iremos trabalhar diretamente com os grandes players, principalmente do mercado nacional, fazendo com redes do mercado emissivo utilizem esses treinamentos para seus funcionários. Isso ajuda muito o destino, uma vez que os funcionários e vendedores estão sempre renovando os seus conhecimentos. Há uma mudança permanente de funcionários no setor de vendas que faz com que esses treinamentos sobre o destino sejam muito importantes, pois fazem com que os venderes conheçam de verdade o destino e, desta forma, consigam vender melhor. Neste ano iremos intensificar as ações para ampliar a capacitação.

Qual é o perfil econômico de Foz do Iguaçu?

Felipe Gonzalez: Os eixos econômicos da cidade são cinco. O primeiro é o turismo, que está recebendo os cuidados públicos e privados para continuar crescendo de modo consciente. O segundo é a logística; o que poucos observam é que Foz do Iguaçu é um grande centro latino-americano de importação e exportação, principalmente de grãos. O terceiro eixo é a área de educação; temos muitas universidades públicas e privadas. O quarto eixo é a área de medicina e o quinto é o comércio varejista da fronteira. A economia da cidade é diversificada.

Como Foz do Iguaçu está se preparando para desenvolver a sua atividade turística?

Felipe Gonzalez: A nossa infraestrutura melhora a cada ano. Fechamos 2019 com novos espaços de eventos, atrativos e ampliação da hotelaria. Em fevereiro deste ano foi entregue o ‘novo aeroporto’ de Foz de Iguaçu, ampliando a nossa capacidade de 2,6 para 5 milhões de passageiros ao ano. A extensão da pista nos permite agora receber voos de longa distância, melhorando a nossa competitividade. Neste ano também teremos a duplicação da BR469, importante rodovia que leva às Cataratas do Iguaçu e ao Centro Internacional de Convenções. A construção de uma segunda ponte entre Brasil e Paraguai está em obras. Os investimentos estão sendo feitos. Em breve, Foz do Iguaçu terá a oportunidade de se tornar um importante hub regional.

O aumento no número de turistas requer medidas para evitar impactos negativos como overbooking. Como o senhor irá trabalhar para preservar o destino?

Felipe Gonzalez: Essa é uma prioridade contínua que compreende todas as ações no destino. O trabalho realizado por meio de uma gestão integrada nos permite ter um olhar do todo. O ICMBio, que é o gestor do parque Nacional do Iguaçu, onde estão as Cataratas, é uma peça fundamental nessa gestão integrada. Todas as nossas ações são pensadas e trabalhadas em parceria com o conselho permanente do parque. Estamos buscando sempre respeitar a capacidade de carga e diminuir os impactos no meio ambiente. Para isso contamos com a participação de todos, principalmente das instituições de preservação.

“Em breve, Foz do Iguaçu terá a oportunidade de se tornar um importante hub regional”

Qual é a atual situação do Turismo de Foz de Iguassu após os impactos do Coronavírus e alta do dólar?

Felipe Gonzalez: Estamos num momento importante até esse estágio do Coronavírus, que vem balançando todas as estruturas mundiais. Há um impacto na medida em que somos uma região de turismo internacional. Estamos num momento de não crescimento, ou seja, está estagnado. Ainda não temos cancelamentos. A nossa expectativa é a de que, passado este momento, sigamos o nosso caminho normal de crescimento. Em 2019 tivemos 2 milhões de visitantes no parque Nacional das Cataratas. No mês de janeiro deste ano registramos um crescimento de 15% no número de visitantes em relação ao mesmo período do ano passado. Neste momento, com a pouca saída para o exterior, a nossa expectativa é a de que Foz do Iguaçu seja um dos destinos preferidos dos brasileiros. Aqui é um lugar que tem tudo o que encanta: pessoas, natureza e é um destino internacional que une três países, Brasil, Argentina e Paraguai.

Neste momento o senhor aposta no turismo interno para desenvolver o turismo brasileiro?

Felipe Gonzalez: O Brasil está começando a descobrir o poder do turismo interno e o governo brasileiro está incentivando a população a conhecer o seu próprio país por meio de melhorias em aeroportos, portos e rodovias. A gente percebe que chegou o grande momento do turismo interno. Nos Estados Unidos e países europeus, por exemplo, o turismo interno é muito forte. E, no Brasil, isso não pode ser diferente.

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