“Projeto Barro à Arte” desenvolve o Turismo Solidário e sustentável

Continua depois da publicidade

(Redação do DIÁRIO)

Ver além das superfícies, mergulhar mais fundo nas experiências, valorizar as pessoas em suas individualidades, buscar a razão das coisas. Essas e outras formas de ver o mundo compõem o arsenal de cores do projeto de Turismo Solidário, Barro à Arte, criado pela Raízes Desenvolvimento Sustentável, das sócias Marianne Costa, Jussara Rocha e Mariana Madureira. Jussara é formada em história e Mariana é turismóloga. A empresa tem uma proposta de turismo sustentável e desenvolve projetos nas áreas do turismo, geração de renda e estratégias para entidades sem fins lucrativos, tendo a sustentabilidade como premissa e a criação coletiva como técnica.

Um dos projetos da Raízes é o roteiro do Barro à Arte, que abrange especialmente a região do Vale do Jequitinhonha, no nordeste de Minas Gerais.

Veja também as mais lidas do DT

Segundo Mariana, o projeto surgiu para impulsionar o desenvolvimento e desmistificar a fama local em ser “região deprimida” por conta dos índices de pobreza, desnutrição, mortalidade, analfabetismo e desemprego. O DIÁRIO ouviu as duas empreendedoras. Acompanhe:

DIÁRIO: Jussara, por que fazer turismo solidário?

JUSSARA ROCHA – Porque resgatamos o melhor que existe em nós a partir da solidariedade, da simplicidade, do modo genuíno das comunidades e suas anfitriãs. Porque podemos nos conectar com o sensível de perto, sem artifícios, aprender e trocar experiências que fazem os olhos brilhar! Porque no turismo solidário nos sentimos iguais com todas as nossas diferenças. Porque nossa vivência nos dá significado!

DIÁRIO: Descreva um episódio em que você realmente notou mudança na postura ou na visão de quem participou de um desses roteiros sustentáveis…

JUSSARA ROCHA – Todos os viajantes do roteiro “Do Barro a Arte”  e das viagens de experiência no Vale são pessoas sensíveis e que buscam transformações interiores e na maioria das vezes se surpreendem com a força das mulheres do Vale e sua alegria contagiante! Nosso último grupo as pessoas externalizaram uma mudança no seu olhar e três em especial: um turista acompanhando sua esposa que a principio não queria ir mas que ao vivenciar as atividades escreveu em sua avaliação que tudo se resumia na palavra AMOR; sua esposa por sua vez se emocionou com a vida das nossas anfitriãs, sua simplicidade e jeito sustentável de viver o que a remeteu à sua infância e a fez lembrar de coisas que há muito não fazia e que pertenciam a sua essência e uma terceira  viajante que  nos disse estar saindo daqueles dias intensos de troca com “todos os seus vazios preenchidos”.

“O turismo solidário traz na sua essência a base para o desenvolvimento humano: o olhar o outro, a empatia e o acolhimento”, define Mariana Madureira (Foto: Murilo Rezende/Seppia)
“O turismo solidário traz na sua essência a base para o desenvolvimento humano: o olhar o outro, a empatia e o acolhimento”, define Mariana Madureira (Foto:  divulgação)

DIÁRIO: Mariana, quando nasceu em você essa ideia de empreendimento alternativo?
MARIANA MADUREIRA
– Da vontade de criar algo mais significativo. O desejo de empreender surgiu na faculdade, quando tivemos a oportunidade de criar a empresa júnior de turismo da UFMG – Território. A ideia de um negócio social veio em 2009, quando a Raízes já existia há três anos como uma consultoria. Queríamos criar projetos próprios que fizessem diferença na vida das pessoas.

DIÁRIO: Como conciliar “vontade e prática” em uma sociedade cada vez mais individualista e consumista?
MARIANA
– A questão do individualismo e do consumo exagerado é muito séria. Ela desconecta as pessoas de um propósito de vida, de um sentido maior. Acreditamos que o nosso trabalho ajuda  o mundo quando fomentamos o trabalho em redes, a cooperação. Outra questão é o consumo consciente no turismo. Acreditamos que o turismo pode fazer parte do problema ou da solução, dependendo da forma como é desenvolvido e realizado. Propomos desenvolvimento de projetos de estruturação de destino e viagens que deixem um legado positivo nos visitantes e nas comunidades anfitriãs.

 

Mariana: "Acreditamos que o nosso trabalho ajuda  o mundo quando fomentamos o trabalho em redes, há cooperação" (Foto: divulgação)
Mariana: “Acreditamos que o nosso trabalho ajuda o mundo quando fomentamos o trabalho em redes, há cooperação” (Foto:  Murilo Rezende)

DIÁRIO: Detalhe esse roteiro “Do Barro à Arte”
MARIANA
– O roteiro dá a possibilidade de vivência e troca entre visitantes e comunidade local. O dia a dia e o ofício das ceramistas é vivenciado pelos visitantes e essa experiência é muito forte e significativa. Sentimos que roteiros comunitários têm o potencial de transformar as pessoas, pois trata-se de uma reconexão com a essência, com tudo aquilo que é básico, que importa e que fica em segundo plano na correria da vida nas capitais.

DIÁRIO: A experiência de transformação de comunidades é verificada principalmente em que setores, espaços, pessoas?

JUSSARA ROCHA – Primeiro, nas pessoas,  que são acolhedoras e gostam de receber os turistas. Isso preenche a vida delas pois as pessoas chegam dispostas a trocar experiências com  as anfitriãs. Elas ficam alegres e demonstram muito prazer no preenchimento de seus dias com os visitantes.

Segundo, na sua qualidade de vida porque elas conseguem melhorar economicamente com a renda gerada pelas viagens e  terceiro porque a comunidade é beneficiada com melhorias como as pinturas de tinta de terra que fizemos em parceria com o CPCD e um grupo de estudantes  americanos numa viagem solidária em julho de 2014, onde não só pintamos juntos, mas deixamos a tecnologia para que eles continuem esse processo em suas casas e praças.

“Nos conectamos com valores genuínos, afetos verdadeiros e enxergamos o mundo de forma mais generosa”, afirma Jussara Rocha (Foto: Murilo Rezende/Seppia)
“Nos conectamos com valores genuínos, afetos verdadeiros e enxergamos o mundo de forma mais generosa”, afirma Jussara Rocha (Foto: divulgação)

DIÁRIO: Como vocês mensuram a geração de renda e como é (foi) criada a biblioteca comunitária?

JUSSARA ROCHA – Existe um procedimento de avaliação semestral da Raizes para verificação de indicadores  de melhoria na comunidade e nas vidas das anfitriãs. Fazemos sistematicamente reuniões de avaliação das viagens, dos resultados qualitativos e quantitativos com o grupo de receptivos domiciliares e juntos construímos as mudanças necessárias, fazemos os ajustes e criamos novas formas de viver aquelas comunidades com os turistas.

Assim nasceu a ideia da criação da Biblioteca comunitária, por exemplo. Elas gostariam que as crianças pudessem ter acesso à leitura, em especial nos fins de semana, bem como tivessem material para pesquisa escolar. Mas não tinham uma biblioteca publica na localidade. Assim, fizemos uma campanha de doação de livros com uma livraria parceira de Belo Horizonte (Mineiriana)  e  conseguimos arrecadar mais de 1000 livros que levamos para a comunidade com um grupo de turistas. A Associação Comunitária cedeu uma sala em sua sede e nela montamos a biblioteca com os turistas.

Hoje toda a comunidade e a escola local utilizam a biblioteca, em especial as crianças!!  Um orgulho para nós!!

www.raizesds.com.br/

A Raízes Desenvolvimento Sustentável é uma empresa de impacto positivo que desenvolve projetos nas áreas do turismo, geração de renda e estratégias para entidades sem fins lucrativos, tendo a sustentabilidade como premissa e a criação coletiva como técnica.

 

Publicidade

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Recentes

Publicidade

Mais do DT

Publicidade