Elaborar o próprio vinho, acompanhando todas as etapas da vinificação, desde a colheita das uvas até o engarrafamento e rotulagem do produto, é algo que desperta o interesse de todo apreciador. Para atender a esta demanda, a Faccin Vinhos, uma pequena vinícola no interior de Monte Belo do Sul, acaba de lançar o Meu Vinho Natureba, que permite aos participantes a chance de se tornarem vinhateiros por meio da produção de um vinho de autoria coletiva.
EDIÇÃO DO DIÁRIO
O projeto é pioneiro no Brasil envolvendo a vinificação natural, em que a fermentação se inicia a partir de leveduras selvagens contidas nas cascas da própria uva, sem adição de sulfitos e sem correções alcoólicas, estabilização e filtragem. Ou seja, intervenção mínima durante o processo.
“O vinho natural está cada vez mais em ascensão, em razão de consumidores que querem uma alimentação mais saudável e buscam um vinho assim também. É isso que buscamos em nossos produtos: algo que nos faz bem”, explica o tecnólogo em horticultura Bruno Faccin, 28 anos, proprietário da vinícola ao lado do pai, Antônio, 60.
Iniciada na última sexta-feira (17), a primeira turma reúne nove inscritos de quatro Estados (Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo) e do Distrito Federal. Até novembro, o grupo retornará à Serra gaúcha em outras duas datas para dar continuidade ao programa. No primeiro encontro, os “vinhateiros amadores” foram recebidos pelos proprietários e, em seguida, colheram as uvas da variedade Pinot Noir que darão origem ao vinho exclusivo.
“Estou muito feliz em participar deste momento, pela possibilidade de acompanhar todo o processo de elaboração mais natural e poder participar das tomadas de decisão. Os vinhos naturais estão em alta, e nos últimos anos tenho estudado muito. Antes de estudar, não tinha noção de como era o processo todo”, comemora o contador e gastrônomo brasiliense Daniel Alves de Andrade, que atualmente cursa uma especialização na área de vinhos.
Do vinhedo, as uvas colhidas são levadas para a vinícola, onde tem início a vinificação. Primeiramente, os cachos são despejados na desengaçadeira, onde o bagaço é separado do mosto, como é chamada a mistura dos grãos esmagados (polpa e cascas) que será fermentada. Por até sete dias, o mosto permanecerá em tanques para que a fermentação se inicie espontaneamente. Após prensado para a extração dos líquidos, o mosto será trasfegado para outro tanque.
Ali, o líquido permanecerá até o mês de julho, quando o grupo voltará a se reunir para dar continuidade ao processo, incluindo novas trasfegas para oxigenação do produto e separação das borras, além de degustação. Ainda no segundo encontro, os participantes começarão a definir os detalhes do rótulo personalizado.
O último encontro, em novembro, será o momento do engarrafamento e da rotulagem das garrafas. Ao final do projeto, cada inscrito receberá 50 garrafas do produto.
“Conhecemos a vinícola por meio de uma amiga sommelière, em São Paulo. Viemos para a Serra gaúcha em dezembro e conhecemos aqui. Ficamos apaixonados pela filosofia que pregam. Acabamos nos tornando amigos”, salienta a produtora cultural Raquel Machado, de São Paulo. Estudante de sommelier na capital paulista, ela acrescenta que a experiência no projeto da Faccin Vinhos irá contribuir para consolidar o aprendizado teórico das aulas: “Queríamos ter uma experiência real”.
“Sem falar que a energia e autenticidade da família são demais”, completa o marido, Sérgio Escamilla, também produtor cultural.
O Meu Vinho Natureba foi desenvolvido por meio do projeto Enoturismo na Serra Gaúcha, do Sebrae RS, com consultoria da turismóloga, mestre em Turismo e especialista em Enoturismo Ivane Fávero.
Vinho laranja na próxima turma
Uma nova turma do projeto Meu Vinho Natureba terá início no dia 8 de fevereiro, com a colheita da variedade Riesling Itálico para elaboração de um vinho laranja. Serão três encontros na vinícola ao longo do ano, das 10h às 16h30min. As datas serão definidas em conjunto pelo grupo. As inscrições estão abertas (veja serviço completo abaixo).
Serviço
O que: Meu Vinho Natureba.
Quando: o primeiro encontro será no dia 8 de fevereiro de 2020. Até o fim do ano, o grupo se reunirá mais duas vezes, em datas a serem definidas em conjunto pelos participantes.
Onde: Faccin Vinhos (Linha Armênio Baixa, a oito quilômetros do centro de Monte Belo do Sul – RS).
Investimento: R$ 3,4 mil. O passaporte dá direito a um acompanhante por encontro e três almoços com vinhos. Ao final, cada inscrito receberá 50 garrafas do produto.
Inscrições e outras informações: www.faccinvinhos.com/contato.
Projeto da Faccin Vinhos transforma apreciadores em vinhateiros
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