Projeto Dunar de Búzios, em Nísia Floresta: o começo para não ter fim

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Com cerca de 15 quilômetros de praias, 25 lagoas, inúmeros mananciais e uma infinidade de dunas, Nísia Floresta acumula também preocupações quanto ao uso desordenado desses atrativos naturais.

Por Paulo Atzingen*


Nísia Floresta é um destino onde vigora o ecoturismo, o turismo de aventura, turismo de natureza, turismo histórico, turismo de sol e mar e uma infinidade de outros segmentos que fazem bem ao turista e à economia de quem vive da economia da felicidade. No entanto, algumas regras de ordenamento são necessárias.

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Sidnésio Moura, presidente do Convention Visitors Bureau de Nísia Floresta falou com o DIÁRIO.

Com larga experiência no turismo receptivo na região, Sidnésio chegou em Nísia Floresta em 2021 e logo viu a necessidade de criar o Parque das Dunas de Búzios, uma vasta área de dunas e lagoas que estava sendo usada (ainda está) de forma desordenada e predatória.

De acordo com Sidnésio, só em Nísia Floresta, a partir de levantamentos preliminares*, mais de 20 quilômetros de dunas são exploradas comercialmente e praticamente todas sofrem do impacto ambiental do mal uso desses recursos naturais.

Imagens do Parque Nísia Floresta que constam no projeto de Sidnésio (divulgação)

Normatizar

A ideia é normatizar e até proibir a entrada clandestina de carros 4×4, quadriciclos e outros veículos não credenciados – que prejudiquem o ecossistema de dunas e de lagoas. Moura elaborou o projeto Parque Nísia Floresta após o convite do então secretário de Turismo, Alberto Alexandre.

O projeto de Sidnésio foi prontamente entendido pelos empresários que compõem a cadeia do turismo, mas era preciso ser transformado em Projeto de Lei. Isso foi feito e agora, com o nome Projeto do Complexo Dunar de Búzios, tramita na Câmara dos Vereadores do município para aprovação.

Segundo Moura, não só as dunas sofrem com a utilização inadequada com o excesso de veículos, mas também as lagoas da região.

“Tanto a lagoa de Arituba, a lagoa de Alcaçuz, a do Bonfim e a Lagoa do Carcará, que são Alagoas que têm estrutura com restaurantes para receber as pessoas, sofrem com problema do número de pessoas que vêm fazer piquenique”, adianta.

Sidnésio Moura, presidente do Conventions Visitors Bureau de Nísia Floresta (Crédito P Atzingen)

Uso público

Sidnésio deixa claro que absolutamente não é contra os excursionistas de um dia, já que tanto as dunas, como as lagoas são patrimônios naturais de uso e acesso público, no entanto é preciso ordenação de seu uso.

“O lixo que é deixado é um absurdo. Ações dos próprios empresários resgatam dessas lagoas toneladas de lixo. Plástico, latas, absorventes. É urgente a ordenação desses espaços”, conclama.

Projeto

O projeto propõe, entre outras coisas, uma taxa de entrada para que se possa diminuir e controlar os acessos, bem como para um fundo ambiental. “A Europa hoje está fugindo do turista poluidor, do visitante que só deixa lixo, e nós temos que nos espelhar na Europa para a gente não acabar com os nossos recursos naturais.”, denuncia Moura.

Destaca-se no projeto de lei o fortalecimento do turismo de aventura, ecológico, natureza e
ecoturismo fora de temporada para minimizar os efeitos da sazonalidade; investimentos em infraestrutura e formação de pessoal qualificado para o ecoturismo; promoção do Complexo Dunar, inserindo Nísia Floresta nos roteiros turísticos nacionais e internacionais.

O projeto propõe, entre outras coisas, uma taxa de entrada para que se possa diminuir e controlar os acessos, bem como para um fundo ambiental

Ônibus Demais

Segundo o técnico, Arituba, uma das lagoas mais conhecidas de Nísia Floresta, não integra a área de dunas, mas também tem enfrentado um forte impacto de carga com a chegada de excursionistas, popularmente conhecidos como “farofeiros” . “Tem fim de semana que Arituba recebe de 80 a 90 ônibus além dos veículos particulares, aí você vê”, comenta.

“Temos também a lagoa de Carcará que recebe às vezes 100, 120 ônibus. O ambiente não comporta isso. Não aguenta”, lamenta.

Como presidente do Conventions Visitors Bureau de Nisia Floresta, Moura reforça que tem trabalhado em cima dessa questão ambiental junto com o poder público buscando parceria para que possam encontrar uma solução para diminuir os impactos.

A lagoa de Carcará recebe às vezes 100, 120 ônibus

Ano eleitoral

Em ano eleitoral, as demandas em benefício do ambiente são deixadas para depois. Infelizmente o projeto de Lei, segundo Sidnésio, deverá ser votado apenas depois das eleições deste ano.

A pergunta é: será que a natureza, as lagoas e dunas de Nísia Floresta podem esperar?


*Paulo Atzingen é jornalista e fundador do DIÁRIO DO TURISMO

**Foi utilizado como base para o projeto o Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental Bonfim-Guaraíra –APABG, as Leis e decretos Municipal, Estadual, Federal, o Levantamento de dados referente ao Plano Diretor 2020,

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