É alta temporada, as temperaturas estão perfeitas e o mar não poderia estar mais azul. No entanto, as praias de Diani e Galu, no litoral sul do Quênia, estão quase desertas de turistas e nem sequer os frequentes vendedores ambulantes estão presentes.
Autoridades da região, especialmente de Mombaça e Lamu, estão organizando medidas desesperadas para recuperar o turismo, com o fantasma da radicalização dos desempregados no horizonte.
“Temos a intenção de organizar tantos festivais quanto possamos”, disse no começo do ano o vice-presidente da Associação de Turismo de Lamu (LTA), Ghalib Alwy.
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A primeira edição do Festival Gastronômico de Lamu ou o recentemente finalizado Festival de Ioga são só alguns exemplos que tentam revitalizar um turismo que, segundo Alwy, caiu 90% nessa região em 2014.
Por sua vez, uma senadora do condado de Mombaça, Emma Mbura, propôs que as mulheres do litoral comecem a usar outra vez os vestidos tradicionais – que mostram os seios – “para atrair os turistas”.
Segundo Mbura, os turistas estrangeiros chegavam ao litoral atraídos pelos relatos de formosas mulheres dançando com o tronco do corpo desnudo ao som de melodias tradicionais nas praias quenianas.
A Federação Turística Queniana (KTF) admite que a situação é complicada e “um desafio” para o governo, que pretendia, para 2017, estar no “Top 10 dos destinos turísticos mais visitados” do mundo.
As chegadas de estrangeiros aos dois principais aeroportos, Jomo Kenyatta (Nairóbi) e Moi (Mombaça), passaram de mais de 100 mil em novembro de 2013 a 72 mil no mesmo mês de 2014.
A JamboJet reduziu os preços de seus voos nacionais (Nairóbi-Mombaça-Ukunda, entre outros destinos) para favorecer o turismo interno, já que a demanda estrangeira está em baixa.
A KTF assinala com preocupação o declive de 14,6% do turismo no terceiro quadrimestre de 2014, que já arrastava 15,8% do ano anterior após os ataques de Al Shabab ao shopping Westgate, onde morreram cerca de 70 pessoas.
A crise econômica, o ebola e a percepção de insegurança foram os principais causadores destes números, devastadores para a economia queniana, onde o turismo representa mais de 10% do PIB.
Os hoteleiros veem como os quartos ficam vazios de britânicos, sul-africanos, indianos ou emiratenses, os “quatro grandes” do mercado turístico queniano.
O Reino Unido e França desaconselham toda viagem não essencial à costa queniana, acrescentando que “os ataques podem ser indiscriminados em lugares frequentados por estrangeiros, incluindo hotéis, bares, restaurantes e praias”.
Estas recomendações dissuadiram muitos viajantes e geraram mal-estar entre os próprios quenianos, muitos dos quais consideram que o desemprego dos jovens que antes ganhavam a vida com o turismo só exacerba o problema de insegurança. (EFE)