RETRÔ 2018 – Publicado dia 6 de fevereiro
Por Paulo Atzingen*
Os R$ 50 milhões investidos no Complexo Pedra Caída, na BR-010 em Carolina no sul do Maranhão são vistos a olho nu. Seis quilômetros de passarelas seguras e sinalizadas, 37 chalés, dezenas de apartamentos, piscina com hidromassagem, restaurante, pet hotel, estacionamento privativo, teleférico, tirolesa e manutenção constante. O complexo emprega 2.5 mil pessoas em inúmeras atividades da hospitalidade. Idealizado pelo empresário Pedro Iram, o Pipes, a área total possui 12.5 mil hectares e nele estão espalhadas 25 cachoeiras, sendo oito aptas para o banho. Até esse banho de empreendedorismo, iniciado há quatro anos, a Fazenda da Pedra Caída era desconhecida, mas recebia de forma aleatória e sem restrição visitantes que usufruíam de sua natureza e ao invés de retribuírem, deixavam péssimas lembranças. Com a aquisição da área por Pedro Iram, que objetiva transformar suas terras em uma Reserva Particular do Patrimônio Público (RPPN), muito lixo e vestígios do homem ‘moderno’ foram removidos do local. Todavia, ainda ficaram as inscrições rupestres, que não foram deixados ali pelos índios Macamecrans, os primeiros habitantes do Grão Pará.
Espetáculo
Os feixes de luz combinados com o spray da cachoeira contra os olhos impedem a completa visão do espetáculo. Entramos num túnel úmido, com paredões com boas braças de altura e chegamos ao grande salão principal com água pelo peito. É uma daquelas sensações arrebatadoras em que palavras descrevem apenas a metade. Estamos no que se acostumou chamar de Santuário da Pedra Caída e a queda é de 46 metros. O espetáculo em si destoa de tudo o que se viu em quedas de água porque é uma queda para dentro do estômago da terra conosco junto. Esse salão principal está incrustado no final de um canyon e para chegar lá é preciso percorrer uma passarela de madeira, se equilibrar em pedras redondas, chatas ou lisas e, dependendo da época, saber nadar.
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Os gritos de êxtase e os assovios de alegria ecoam. Altas paredes em arenito formam uma cápsula abaulada e delas despencam fios de água que há milênios estão aqui a deslumbrar os que chegam para contemplar.
Mas nem sempre foi assim. O lugar, esculpido por centenas de milhares de anos por forças além da compreensão geológica, foi durante muito tempo maltratado por usuários sem nenhum tipo de educação ambiental. Lixo e detritos eram deixados ali sem restrição. O lixo e os detritos foram retirados, placas foram instaladas, passarelas foram construídas para facilitar parte do acesso, mas ficou uma marca daquela era: rabiscos rupestres do homem civilizado. É possível, que no futuro, algum astronauta encontre essa cápsula do tempo e ao analisar as inscrições conclua que éramos seres muito enigmáticos.
Espetacular esta cachoeira, parabéns pela matéria ótima.