Impacto do aumento do combustível anunciado na semana passada pela Petrobrás nas empresas de locação de automóvel; reflexos da alta carga tributária, da burocracia e da falta de mão de obra qualificada nas empresas brasileiras; parcerias com redes hoteleiras. Estes e outros assuntos foram abordados na entrevista de Renato Kiste, diretor da Shift Mobilidade Corporativa concedida ao DIÁRIO, confira:
REDAÇÃO DO DIÁRIO
DIÁRIO – Renato, a economia de um país depende muito das comodities. Você acredita que o aumento anunciado na semana passada pela Petrobrás no preço do diesel e da gasolina pode afetar o aluguel e o fretamento de automóveis corporativos? Explique.
RENATO KISTE – Na nossa visão, esse aumento de combustível sempre encarece a formação do preço do nosso produto. Os transportes, seja em carros, vans, ônibus, a nossa frota é mista, o preço é importante sim.
Veja também as mais lidas do DT
Já houve outros aumentos e nunca repassamos 100%. Conseguimos absorver algumas coisas, mas com essa virada do ano, o aumento não só do combustível, mas coisas como seguro, pneus, óleo e outros insumos importantes, teremos que fazer, sim, um repasse para o ano que vem. Não só nós, mas o mercado em geral fará um repasse dos preços de alguma maneira.
Ainda não sei o quanto será repassado. Normalmente fazemos isso só em março e só então saberemos ao certo, dependendo do que acontecer.
DIÁRIO – Carga tributária alta, burocracia, baixa produtividade e falta de mão de obra qualificada são alguns dos elementos apontados por empresas que atuam no Brasil, Umas fecham, outras vão embora como foi o caso da Hertz. Renato, a Shift, sendo uma empresa genuinamente brasileira, como você vê essas questões?
RENATO KISTE – É exatamente assim. Burocracia, lentidão… Tanto para abrir, como para fechar uma empresa, é difícil. Manter também é difícil. Mas nós já passamos dessa fase. Já passamos os cinco primeiros anos, que são os mais importantes. Estamos estáveis agora e prontos para mais um ano.
DIÁRIO – O mercado brasileiro atravessa um momento difícil que leva ao corte de despesas nas empresas. Você acredita que as companhias médias e pequenas, como forma de economia, tendem a trocar automóveis ou frotas próprias por veículos terceirizados? Se sim, a Shift está de olho nesta oportunidade?
RENATO KISTE – Não trabalhamos com locação e terceirização e eu não conheço muito do mercado. Já trabalhei com uma locadora no passado, mas não muito com terceirização, então não posso opinar muito sobre isso, mas cada empresa vai fazer a sua análise para ver onde se enquadra melhor.
Sempre prestamos atenção nisso tanto como uma oportunidade, quanto como uma ameaça. Apesar dos produtos serem transporte de carros, o resto do serviço é totalmente diferente. Temos um padrão de carros, motoristas, atendimento, cobrança, pagamento. Temos uma precificação e uma personalização direta com o cliente. Dentro disso, não nos comparamos muito às plataformas eletrônicas. Mas sempre estamos atentos para uma ameaça ou oportunidade. Não acreditamos que isso tenha tomado algum espaço do nosso trabalho.
DIÁRIO – Vocês anunciaram a parceria com empresas hoteleiras. Quais são essas empresas ou redes? Como funciona esse acordo?
RENATO KISTE – Hoje temos diversos contratos de parcerias comerciais. Hyatt, Hilton, Paradise, Club Med, Vale Suíço, Bourbon e Tauá, de Atibaia, Sofitel, Rede Othon, Atlantica, desta rede principalmente o Quality Itupeva.
Resumidamente, o que fazemos com os hotéis é uma parceria comercial, atendimento aos hóspedes e relacionamento, suporte geral a todas as necessidades de transporte nos hotéis.
DIÁRIO – O ano de 2016 foi bom para algumas empresas. O senhor poderia fazer um balanço da Shift?
RENATO KISTE – Num geral, tivemos um 2016 muito positivo, um ano no qual houve um evento único, as Olimpíadas. A Shift foi transportadora oficial da tocha olímpica do Brasil, percorremos as 328 cidades, fizemos todo o tour da tocha. Atendemos a comitiva americana. Dentro do evento trabalhamos bastante na Shift. Do ano passado para esse aumentamos o nosso share nos principais clientes, na Abracorp, por exemplo. Tínhamos 20% no ano passado e agora temos 23%. Num geral mantivemos muitos clientes e abrimos para mais muitos novos. Principalmente, falando sobre o ano, tivemos investimentos em praça própria, a nossa frota quase dobrou; e fizemos investimento em pessoas. A nossa qualidade melhorou demais. Com isso, além de trazermos novos clientes, mantivemos os antigos.