Renúncia de presidente da Petrobras coloca em cheque política de preços da empresa

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EDIÇÃO DO DIÁRIO com agências

A renúncia de Pedro Parente à presidência da Petrobras em meio a grandes protestos de caminhoneiros e petroleiros colocou em cheque a atual política de preços de combustíveis da estatal.

Adotado em julho de 2017, o novo regime de preços acompanha os valores praticados no mercado internacional. Desde então, isso tem provocado alterações nos preços da gasolina e do diesel, às vezes, de um dia para o outro.

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Para alguns especialistas, essa política ajudou na recuperação financeira da estatal, porém, a medida que gerou aumentos nos preços para a população, prejudica o consumidor final.

Na avaliação do ex-engenheiro da Petrobras Paulo César Ribeiro de Lima, a medida adotada por Pedro Parente é “tecnicamente incorreta”, uma vez que, por conta do chamado ‘custo de internação’, os preços dos combustíveis no Brasil passaram ser mais elevados que os praticados no mercado internacional.

“Se passou a imagem que o Brasil praticava preço de mercado internacional, mas na realidade não, na realidade o Brasil estava praticando preços a cima do mercado internacional. Então, como era formado o preço da Petrobras? Era o preço do mercado internacional, mais um custo de internação, que está associado a transporte, logística, taxas alfandegárias e uma margem de risco nessas operações. Então, o Brasil passou a ser o país onde se alguém quisesse comprar petróleo aqui ia pagar mais caro que nos Estados Unidos, na Europa”, enfatizou.

Ajuste de preços

Para o economista Roberto Piscitelli, especialista em finanças públicas da Universidade de Brasília (UnB), o atual ajuste de preços faz com que a população “não saiba qual o valor do combustível amanhã”.

“O caminhoneiro que sai do Rio Grande do Sul e vai levar uma carga ao Maranhão, talvez esteja sujeito a sofrer um ou dois reajustes, o que definitivamente é danoso pelo ponto de vista financeiro, pelo planejamento das suas atividades”, analisou o economista, em entrevista à TV Senado.

Para Piscitelli, os ajustes nos preços dos combustíveis deveriam ser mais espaçados. “A gente poderia usar algum sistema, por exemplo, que baseia-se em médias móveis, em que esse preço fosse reajustado em um prazo mínimo que permitisse mais adiante a recuperação ou a devolução dessa diferença que ficasse no meio do caminho”.

Já para Paulo César Ribeiro de Lima a política de preços precisa ser rediscutida de forma geral. “No Brasil a Petrobras é praticamente monopolista. Então, ela não pode ficar fazendo uma política como monopolista de pôr o preço onde ela quer, né? Na minha visão tem que ter uma certa regulação de preços no mercado monopolista”.

Com a saída de Parente da presidência da Petrobras, o cargo passa a ser exercido interinamente pelo engenheiro Ivan de Souza Monteiro, atual diretor-executivo da Área Financeira e de Relacionamento com Investidores da estatal. De acordo com a empresa, ele acumulará as duas funções.

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