Para falar sobre diversidade na prática, assim como a cultural, o Riise XP 2023 trouxe especialistas nesses temas e convidados com histórias inspiradoras
Na 2ª parte do Riise XP 2023, que aconteceu nesta quarta-feira (19), no Novotel Jaraguá em São Paulo, Accor trouxe palestras e troca de conhecimento para os colaboradores. O primeiro painel trouxe um tema primordial.
“Diversidade na Prática”. Como a diversidade funciona no dia a dia, na prática?
Para discutir sobre o assunto a organização trouxe Luciana Melo, de Diversidade & Inclusão, Programa de Estágio e Aprendiz no Itaú Unibanco, Renan Batistela, do departamento de Diversidade, Equidade e Inclusão e Comunicação Interna na Vagas.com. A moderação ficou por conta de Laís Souza, Coordenadora de DEI da Accor.
Diversidade na prática: como trabalhar?
Para responder à essa questão feita pela moderadora Laís, Luciana relembrou sua trajetória no Itaú, desde o início ate o momento atual.
“Eu entrei no Itaú como estagiária na área de Sustentabilidade, para fazer um projeto para clientes sênior. Depois, passei por várias áreas, como finanças, mas me encontrei na área de pessoas. E agora, nessa área de diversidade, eu vejo a importância de, mais do que falar, mostrar que de fato apoia a diversidade”, afirmou a executiva.
“Eu não posso falar de gênero só em março, ou em raça só em novembro, por exemplo. Eu tenho que falar e trabalhar isso o tempo todo”, ressaltou Luciana. “É um longo caminho, mas a cada pequeno passo, ele fica menor. “
Veja também as mais lidas do DT
Enxergar oportunidades de mudança
Ainda sobre a diversidade no dia a dia, ou seja, na prática, Renan Batisteia, do Vagas.com, contou que a diversidade faz parte da sua vida desde pequeno.
“Como homem cis e gay, a diversidade, mesmo que inconscientemente, sempre fez parte da minha vida, desde que eu nasci. Mas, conscientemente, faz parte quando cresci, na minha relação com a sociedade, e quando entrei no mundo corporativo”, comentou.
Inclusive, Renan comentou que a Vagas.com é uma empresa de tecnologia, que mostra vagas que as empresas disponibilizam.
“Além disso, pessoal, quando o departamento de diversidade foi criado na empresa, as pessoas que faziam parte eram majoritariamente homens, hétereos, cis, brancos. Então, não tinha muita diversidade. Mas, eu chamei uma amiga minha, que é negra, e pensamos juntos: vamos ‘bater na porta desta empresa’? E assim fomos”, contou.
Hoje, o executivo comentou que a realidade é bem diferente e há muito mais diversidade no grupo. “Porém, é um processo diário. Cada passo conta, a sensibilização das pessoas, isso conta muito”, finalizou o executivo.
Diversidade cultural no Riise XP 2023
Depois, Flávia Moura, PhD em Psicologia e Especialista em Empoderamento Econômico da Mulher da ONU Mulheres no Brasil, subiu ao palco para falar sobre “A Riqueza da Diversidade Cultural”.
Em primeiro lugar Flávia propôs que os participantes respondessem um “quiz”, com base em algumas questões que ela apresentou.
“Quem mais entra e conclui o Ensino Médio: homens ou mulheres?”, “Quem é maioria nas universidades: homens ou mulheres?”, foram algumas das perguntas.
Apesar das respostas dos participantes serem predominantemente “mulheres”, e Flávia confirmar, quando a palestrante perguntou sobre “quem ganha mais?”, os participantes responderam “homens”.
Então, a especialista mostrou pesquisas e reportagens que confirmam a disparidade salarial entre homens e mulheres. “Quando adicionamos a lente da cor ou da raça, essa disparidade fica maior, gente”, complementou.
Possibilidade de mudança e benefícios para ambos os lados
Porém, Flávia também mostrou uma pesquisa, a qual mostra que empresas que trabalham a inclusão de mulheres e promovem um ambiente saudável, sem discriminação, tem colaboradores mais produtivos.
“Que empresa não quer isso, gente? Então, ter um ambiente inclusivo, saudável, que não compactua com a discriminação, é positivo para os colaboradores e para as empresas”.
Um projeto para lá de especial
Depois, Flávia chamou Renan Gonçalves de Souza, Gerente Geral no Pergamon Frei Caneca By Accor. Ele comentou sobre o Refugee Hospitality Project, projeto da Accor que capacita e contrata pessoas refugiadas.
“O nosso treinamento funciona em parceria com o Marcelo, da Missão Paz. A Missão Paz é uma ONG, bem conhecida, aqui na Liberdade, que acolhe pessoas refugiadas.”
Em seguida, Renan explicou que o treinamento leva 12h e é dividido em 4 dias. Inclusive, no primeiro dia, o treinamento é teórico, mas as pessoas já colocam a “mão na massa” . Isso porque já participam da equipe, vivenciando o dia a dia do time.
“Ao fim do primeiro dia, pessoal, nós também sentamos com cada um e fazemos o currículo de cada pessoa. Porque, eles trazem o currículo, mas, muitas vezes, só colocam com o que já trabalharam. Mas não colocam o que sabem fazer. E isso faz roda a diferença”, comentou o executivo.
Diversidade na prática e cultural na Accor
Por fim, Renan convidou Alexis, Ana e Marie para subir ao palco e compartilharem suas histórias, que são muito inspiradoras e emocionantes.
Inclusive, uma das histórias mais emocionantes é a de Marie, que veio do Haiti com o marido, para tratar da saúde dele. Como ele estava adoentado, Marie tomou á frente e foi em busca de emprego.
“Mas não queriam me dar trabalho porque eu não tinha experiência na carteira. Pensei: “Meu Jesus, como vou fazer?” Além disso, meu marido me encorajou e me disse que eu ia conseguir. E hoje, Graças a Deus, consegui”, comentou.
Hoje, Marie está há 6 anos no Brasil, é colaboradora de um dos hotéis Accor. Ela também revelou que seu marido está melhor e é grato por tudo no Brasil, mas quer voltar para o Haiti.
“Mas a minha minha filha não quer sair do Brasil (risos). Eu me sinto muito bem aqui, gosto muito do Brasil. Está no meu coração.”, complementou.
Balanço do Riise XP 2023
Por fim, Magda Kiehl, SVP Legal, Compliance & Security da Accor Americas e Embaixadora Riise, fez um balanço do Riise XP 2023.
“Eu amei o evento, porque foi muito interativo. Teve muito troca, e a gente percebia, com os palestrantes, os apresentadores. Então, eu achei que foi muito gostoso, muito leve, e a gente consegue trabalhar vários temas. Porque a gente fala sobre o gênero, porque o Riise é um programa de equidade de gênero, mas a gente trabalhou vários aspectos. Como a gente diz, a interseccionalidade”, comentou a executiva.
“Então, trabalhamos a questão racial, a questão dos refugiados, e é como a gente gosta de trabalhar. A gente gosta sempre de trabalhar, como a Flávia disse, com os filtros, com os “óculos”, e assim a gente consegue fazer muito mais”, Magda destacou.
“Porque diversidade tem muitos pilares. Então, não dá para trabalhar todos no mesmo nível, mas se a gente fizer isso de forma transversal, com os eventos, os recursos, isso dá uma produtividade muito melhor. Assim, conseguimos transmitir os conceitos e as informações para os nossos colaboradores”, complementou.
A intensa programação terminou com um coquetel.
Por Caroline Figueiredo – Repórter do DT.