O início lento da aplicação da vacina contra a covid-19, juntamente com o advento de novas cepas do vírus, frustrou as esperanças de alguns dirigentes empresariais de verem as atividades voltarem ao normal em 2021.
Dow Jones Newswires, de Nova York
Os consumidores não tendem a retomar viagens, idas a restaurantes e compras em lojas a um ritmo pré-pandemia até o fim do ano, disseram líderes de grandes empresas a analistas de Wall Street e investidores nas últimas semanas. Alguns executivos-chefes creem que o nível de atividade do consumidor poderá se acelerar no segundo trimestre. Outros apontaram para recuperação mais para o fim do ano – ou até em 2022.
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“Os avanços no crescimento da economia dependem de um programa eficiente de vacinação em termos mundiais”, disse David Solomon, executivo-chefe do Goldman Sachs. “Sem isso, a recuperação da economia será retardada.”
A pandemia impulsionou e sabotou as perspectivas de crescimento de forma desigual – dividiu os trabalhadores entre aqueles que podem trabalhar de casa e os que precisam comparecer ao trabalho e reformulou as compras dos consumidores de acordo com as mudanças decorrentes das determinações de não sair de casa.
As alterações aceleradas complicaram as previsões financeiras e tornaram o comportamento do consumidor difícil de se prever. John Idol, executivo-chefe da Capri Holding, que controla a Versace e a Michael Kors, disse que os gastos com compra de artigos de luxo pela internet estão sólidos, mas que as perspectivas de curto prazo estão em xeque devido às disparadas dos casos de covid-19, que introduziram mais restrições e fechamentos temporários de lojas.
Quanto ao turismo, que impulsiona boa parte das vendas de luxo, Idol não espera a volta de grandes contingentes de turistas em viagens de compras às lojas de sua marca antes de maio de 2022. “Não consideramos que a vacina tenha sido integralmente distribuída e de maneira suficientemente ampla a ponto de criar um tráfego entre fronteiras tranquilo, antes do ano que vem”, disse ele.
A entidade de classe do setor aéreo alertou para a possibilidade de uma recuperação menor do que o previsto em 2021, após a demanda ter despencado em aproximadamente 66% em 2020. As reservas de janeiro registraram queda de 70%, na comparação anual.
“O otimismo de que a chegada e a distribuição inicial das vacinas pudessem levar a um restabelecimento rápido e ordenado das viagens aéreas mundiais foi frustrado diante dos novos surtos e novas mutações da doença”, disse Alexandre de Juniac, executivo-chefe da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês). “O mundo passa atualmente por mais lockdowns do que em qualquer outro momento dos últimos 12 meses.”
Especialistas estimam que para deter a propagação da covid-19 e o desenvolvimento das mutações do vírus seria necessário que mais de 70% da população desenvolvesse imunidade. Pesquisa do Census Bureau com 68 mil adultos nos EUA, feita entre 6 e 18 de janeiro, mostra que apenas metade dos adultos não vacinados disseram que tomariam a vacina.
Embora os primeiros meses do ano tendam a ser difíceis devido à continuidade de lockdowns e restrições, executivos se disseram esperançosos de que, no segundo trimestre, quando um número suficiente tiver sido vacinado, a confiança do consumidor crescerá.
