Segundo o atual Chief Operating Officer do Greater Miami Convention and Visitors Bureau, que concedeu uma entrevista exclusiva ao DIÁRIO DO TURISMO, apesar de a cidade estar pronta para voltar a receber os brasileiros, os números semelhantes de turistas aos níveis registrados em 2019 deve ficar para o início do próximo ano, inclusive em consequência de problemas como a falta de aviões para a retomada de voos pelas empresas aéreas.
Por Amadeu Castanho – editor adjunto do DIÁRIO
Provavelmente poucas pessoas possam falar com tanta autoridade e conhecimento sobre o turismo em Miami do que Rolando Aedo, o atual COO do Convention e Visitors Bureau da Grande Miami, o GMCVB.
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Afinal, o seu conhecimento vem da prática: depois de ingressar na entidade que representa a maior cidade da Flórida em 1993, há quase 30 anos, desde 2017 ele é o responsável por comandar o dia-a-dia do GMCVB, depois de ter passado por uma série de cargos de direção nas áreas de Vendas e Marketing.
Além de ser apaixonado pela cidade onde vive desde criança e conhece em detalhes, ele também é apaixonado pela série de tevê Seinfeld e por muito tempo teve entre os seus hobbies montar modelos em escala de automóveis. Casado com uma brasileira, Rolando se expressa sem problemas em Português.
Recuperação plena fica para o próximo ano
Na opinião de Rolando Aedo, Miami está se recuperando dos efeitos negativos resultantes dos dois anos de pandemia de coronavírus: “em 2021, quando voltamos a abrir para o turismo, essa recuperação era na maioria devida ao mercado norte-americano. Agora estamos vendo a volta dos estrangeiros com a abertura das fronteiras”.
“Pré-pandemia, praticamente o nosso turismo era, “fifty-fifty”, 50% doméstico, 50% internacional. Agora estamos com 60% e 40%. Está recuperando o suficiente, mas a gente espera, Deus queira, que nos primeiros meses de 2023, vamos chegar nos níveis pré-pandemia em relação ao mercado internacional”, detalhou.
Segundo Aedo, essa recuperação passa pela recomposição da oferta de voos ligando Miami aos principais destinos emissores, como é o caso do Brasil. “Eu estava falando anteriormente com várias linhas aéreas: American Airlines, Copa, Gol, Azul. Elas contaram que estão retomando muitos dos voos que tiveram de cortar durante a pandemia e expandindo a oferta”.
“Estamos muito entusiasmados com o que estamos vendo. Precisamos de linhas aéreas que estabeleçam voos diretos para Miami e a gente tem que fazer o maior esforço para informar os brasileiros, não somente em São Paulo, mas nas outras cidades também”, comentou.
Expectativas de crescimento
Perguntando se tinha expectativas de que o volume de visitantes estrangeiros voltasse a crescer, o alto executivo do Greater Miami Convention and Visitors Bureau disse que não espera que isso volte a acontecer este ano com o Brasil ou outros países emissores de turistas.
O gráfico acima, extraído do site do GMCVB, mostra o ritmo da recuperação dos setores de viagens aéreas, hospedagem, alimentação e cruzeiros desde o início da pandemia até agora e reforça a posição do executivo.
“Mas no verão de 2023, quando devemos estar recebendo todos os voos que estamos esperando, os cruzeiros marítimos estarão funcionando com 100% de capacidade e a situação na Europa – que é um mercado muito importante para Miami – tiver melhorado, devemos ter uma recuperação completa dos mercados internacionais. Acredito que em relação ao Brasil e a América do Sul em geral, essa recuperação vai ser muito mais rápida que com a Europa”, afirmou.
Rolando Aedo revela que está ouvindo das empresas aéreas de que elas precisam de mais aviões para voos de longa distância (“long haul”) e não estão recebendo aviões novos. “Elas têm consumidores, têm passageiros, mas faltam aviões e, em alguns casos, também faltam pilotos. Mas elas acreditam que até o fim de ano as coisas vão se estabilizar”, explicou.
A influência da Internet no mercado de turismo
Comentando sobre a influência da Internet na jornada de compra de produtos turísticos, o dirigente explicou que isso implica em ter uma estratégia de comunicação que tanto continue a atrair os agentes de viagem e operadores quanto em procurar atrair a atenção de quem está pesquisando sobre viagens para a Flórida.
Miami, capital mundial dos cruzeiros marítimos
Rolando Aedo aproveitou para lembrar a importância dos cruzeiros marítimos para o turismo de Miami e da importância pela combinação do porto com o maior número de navios e empresas de cruzeiros de todo o mundo com os demais atrativos turísticos oferecidos pela cidade.
“É preciso lembrar ainda do mercado de cruzeiros para os agentes. Miami é a capital mundial dos cruzeiros do mundo e não somente tem a maior quantidade e variedade de navios e de oferta de cruzeiros, como também todas as companhias de cruzeiros marítimos trabalham lá. Então, essa é a combinação que só nós podemos oferecer. E isso, na nossa opinião, continua tendo um papel muito importante”.
Compras, praias e muitas outras atrações
Embora reconheça que o tradicional turismo de compras ainda não voltou com a força de antes, o executivo é categórico: “Miami continua sendo um destino de compras”. E chama a atenção para o Miami Design District, novo ponto de referência da cidade, onde estão lojas de algumas das marcas de luxo mais famosas do mundo, como Gucci Cartier, Louis Vuitton e muitas outras.
Localizado no bairro de Winwood, pertinho de Downtown Miami e do porto da cidade, a badalada área do Design District reúne não só lojas de luxo, mas também galerias de arte, centros especializados em móveis e design, murais de artistas famosos e muitas outras atrações.
Apesar das novidades, Rolando Aedo lembra que, além das compras e das praias, Miami oferece muitas outras atrações para os turistas brasileiros, como Little Havanna, Coconut Grove, Coral Gables, entre outros.
Novidades durante o período de pandemia
Durante o período de pandemia Miami ganhou novidades, como dois hotéis boutique da marca holandesa CitizenM, que se descreve como “especialista em hotéis de luxo acessível”. Também foi aprovada a construção de um hotel de 800 apartamentos ao lado do Centro de Convenções. E duas marcas construíram hotéis na área do aeroporto de Miami.
Aedo reconhece que as diárias em algumas áreas da Grande Miami são bastante altas, mas argumenta que em outras, como perto do aeroporto ou em Downtown Miami, o turista pode se hospedar pagando em média 100 dólares menos que em locais mais badaladas e ainda assim estar a só poucos minutos de viagem.
Segundo ele, “os turistas brasileiros estavam acostumados a alugar carros, mas dirigir e estacionar nas grandes cidades está se tornando cada vez difícil e caro, então serviços como o Uber são uma super opção, que não custa muito relativamente. Claro que para distâncias maiores alugar um carro continua sendo uma boa opção”.
Destaque para a gastronomia
Reconhecida há anos como um bom destino para se comer, Miami ganha em junho espaço no primeiro Guia Michelin dedicado à Flórida. Rolando Aedo afirma que ultimamente os restaurantes da cidade mudaram muito e acredita que com a publicação do novo guia, o destino vai passar a receber mais turistas interessados em explorar a ampla oferta de experiências gastronômicas da grande Miami.
O Greater Miami Convention and Visitors Bureau
Com quase 1500 empresas associadas, o GMCVB é uma entidade mundialmente respeitada entre os Convention and Visitors Bureaux. Sua competência e profissionalismo pode ser percebida explorando o extenso conteúdo e observando a atenção aos detalhes de seu website.
O conteúdo do site (miamiandbeaches.com) está disponível em Português, Espanhol, Creole, Alemão, Francês, Italiano. Russo e Chinês e, entre outros detalhes, informa a temperatura local tanto em tempo real em graus Celsius quanto em Fahrenheit.